07 dez
II domingo do advento


🕯️O Segundo Domingo do Advento marca uma etapa fundamental na preparação espiritual para o Natal, centrando-se no testemunho precursor de São João Batista e na confirmação messiânica de Jesus Cristo através de suas obras. Liturgicamente, a Igreja convida os fiéis a abandonarem a cegueira espiritual e a paralisia do pecado para acolherem Aquele que vem salvar as nações. É um tempo de purificação da "Jerusalém interior", a alma humana, para que Cristo ali habite pela graça, antecipando sua vinda gloriosa no fim dos tempos. A liturgia deste dia destaca a universalidade da salvação, estendendo-se dos judeus aos pagãos, unindo todos na mesma esperança e glorificação de Deus, conforme as promessas feitas aos patriarcas e agora ratificadas pela misericórdia divina. "O Senhor vem a Jerusalém." Em sua primeira vinda, apareceu na Jerusalém da Terra Santa. Hoje virá à Jerusalém de nossas almas e na festa de Natal virá à Jerusalém do Novo Testamento, que é a sua santa Igreja. Nesta Igreja acharão todos a salvação: os judeus pela promessa que lhes foi feita, os pagãos, porém, pela misericórdia de Deus. E reinará a alegria e a paz pela vinda do Salvador. No Evangelho prova-nos São João, de maneira engenhosa, que o Cristo é o Messias e que é Ele quem cura todas as doenças de nossa fraqueza e a nossa cegueira, ressuscita-nos da morte e nos comunica a vida da graça. Vê, pois, alma cristã, o gozo que te virá de teu Deus. 

 ✉️Epístola (Rm 15, 4-13)
Irmãos: Tudo o que está escrito foi escrito para nosso ensinamento, para que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da paciência e da consolação vos dê que tenhais entre vós sentimentos segundo Jesus Cristo, para que, unânimes, a uma voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, socorrei uns aos outros, como também o Cristo vos acolheu para glória de Deus. Digo-vos, pois, que Jesus Cristo foi o ministro da circuncisão, em testemunho da fidelidade de Deus, e em ratificação das promessas feitas a nossos pais. Quanto aos gentios, que também glorifiquem a Deus em sua misericórdia, como está escrito: Por isso confessar-Vos-ei entre os povos, Senhor, e cantarei hinos a vosso Nome. Alhures está ainda escrito: Alegrai-vos, nações, com o seu povo. E ainda: Louvai ao Senhor, todos os povos: celebrai-O, todas as nações. E também diz Isaías: Sairá uma raiz de Jessé e as nações esperarão n’Aquele que dela se levantará para regê-las. O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz em vossa fé, para que sejais riquíssimos na esperança, pela virtude do Espírito Santo. 

 ✠Evangelho (Mt 11, 2-10)
Naquele tempo, ouvindo João, no cárcere, as obras do Cristo, enviou dois dos seus discípulos a dizer-Lhe: És Tu o que há de vir, ou devemos esperar por outro? E respondendo, Jesus lhes disse: Ide repetir a João o que ouvistes e vistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados e bem-aventurado é aquele que de Mim não se escandalizar. E quando eles partiram, começou Jesus a falar ao povo acerca de João: Que saístes a ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? Mas que saístes a ver? Um homem vestido suntuosamente? Ora, os que vestem roupas finas habitam os palácios dos reis. Então, que saístes a ver? Um Profeta? Sim, eu vos digo, e vistes mais que um Profeta. Porque este é de quem está escrito: Eis que envio diante de tua face o meu Mensageiro, que preparará o teu caminho adiante de ti. 

 🧱A certeza messiânica e a cura interior
Neste Segundo Domingo do Advento, a liturgia nos confronta com a aparente dúvida de João Batista e a resposta contundente de Cristo, revelando a pedagogia divina para fortalecer a nossa fé. São Gregório Magno, Doutor da Igreja, esclarece em suas homilias que João não enviou seus discípulos porque duvidava da identidade de Jesus — afinal, ele próprio O batizara e vira o Espírito descer sobre Ele —, mas para que seus discípulos, cujos olhos ainda estavam velados, pudessem ver as obras do Messias e crer. Cristo não responde com definições teóricas, mas aponta para a realidade da transformação: cegos veem, coxos andam e pobres são evangelizados. Santo Agostinho nos lembra que estes milagres físicos são sinais visíveis de realidades invisíveis; a verdadeira cegueira é a ignorância de Deus, e a verdadeira paralisia é a inércia em praticar a caridade. O Advento é, portanto, o tempo de clamar pela cura dessas enfermidades espirituais. Como ensina o Apóstolo na Epístola, as Escrituras são fonte de paciência e consolação, sustentando a virtude teologal da Esperança. A Igreja, qual nova Jerusalém, acolhe tanto judeus quanto gentios, unindo-os na misericórdia. O Catecismo e a tradição nos recordam que preparar o caminho do Senhor exige que nos despojemos das "roupas finas" da vaidade mundana e imitemos a firmeza de João, que não era uma "cana agitada pelo vento", mas uma coluna da verdade. Que possamos, neste tempo sagrado, permitir que Cristo realize em nós as obras de sua graça, ressuscitando-nos da morte do pecado para a vida da virtude.