Educação e Ciência: Os jesuítas foram, paradoxalmente, uma das ordens religiosas mais dedicadas à educação e ao desenvolvimento científico. Eles fundaram escolas e universidades e contribuíram para o avanço do conhecimento científico, que também era valorizado pelos iluministas. Isso permitiu aos jesuítas uma certa abertura para o diálogo com os ideais iluministas no campo da ciência e da pedagogia, embora eles evitassem ideias que questionassem a doutrina católica.
Conflitos Filosóficos e Doutrinários: Os iluministas, em geral, promoviam a liberdade de pensamento e questionavam a autoridade da Igreja sobre o conhecimento e a moralidade, vendo-a como um obstáculo ao progresso da razão e da ciência. Os jesuítas, por sua vez, defendiam a ideia de uma verdade revelada e guiada pela Igreja, o que os colocou em oposição aos principais filósofos iluministas, que muitas vezes eram anticlericais.
Expulsão e Extinção da Ordem: A influência política dos jesuítas, combinada com as tensões geradas pelo Iluminismo, levou à sua expulsão de vários países europeus e da América Latina durante o século XVIII. Governos que adotaram ideias iluministas (como Portugal, sob o Marquês de Pombal) acusavam os jesuítas de serem uma ameaça política e cultural. Em 1773, a pressão dos iluministas e de governos europeus levou o Papa Clemente XIV a suprimir a ordem temporariamente.
Adaptação e Resiliência: Embora confrontados pelo Iluminismo, os jesuítas não desapareceram. A ordem foi restauda em 1814, após a Revolução Francesa.
Filósofos do Iluminismo anticatólicos
Vários filósofos do Iluminismo lutaram diretamente contra os jesuítas, principalmente porque viam a Ordem como um empecilho ao progresso intelectual, científico e político de seus tempos. Os principais críticos foram pensadores que defendiam a razão, o ceticismo e a liberdade em oposição à influência e ao controle da Igreja Católica. Aqui estão alguns dos mais notáveis:
Voltaire: Um dos maiores críticos dos jesuítas, Voltaire era abertamente anticlerical e via na Companhia de Jesus um símbolo de poder religioso e autoritarismo que precisava ser combatido. Ele condenava os jesuítas por sua influência política e seu suposto envolvimento em práticas obscuras. Voltaire, além disso, apoiava a expulsão dos jesuítas em países como Portugal e França.
Jean-Jacques Rousseau: Embora menos diretamente combativo do que Voltaire, Rousseau via os jesuítas como representantes de uma educação dogmática que reprimia a liberdade individual e a autenticidade pessoal. Ele defendia uma educação mais natural e menos controlada pela Igreja, ideias que eram diretamente opostas aos métodos educacionais promovidos pelos jesuítas.
Denis Diderot: Como editor da Enciclopédia, Diderot promovia o conhecimento baseado na razão e na ciência, com a finalidade de iluminar a sociedade. Ele criticava abertamente os jesuítas em diversos artigos da Enciclopédia, condenando-os por perpetuarem a ignorância e limitarem a liberdade de pensamento. A obra também serviu como um meio para difundir críticas e sátiras sobre os jesuítas e outras ordens religiosas.
Montesquieu: Embora menos veemente que Voltaire, Montesquieu também criticava a interferência dos jesuítas e da Igreja em geral nos assuntos do Estado e da política. Em O Espírito das Leis, ele defende uma separação entre poder civil e poder religioso, uma ideia que ia contra o modelo teocrático defendido pelos jesuítas.
Marquês de Pombal (embora mais um estadista do que filósofo): Como primeiro-ministro de Portugal, ele foi um grande defensor das ideias iluministas e trabalhou para enfraquecer o poder dos jesuítas, acusando-os de interferirem na administração colonial e de fomentarem conspirações políticas. Em 1759, ele conseguiu a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias.
Enfim, esses pensadores viam os jesuítas como uma barreira ao dito progresso e ao avanço do estado independente da Igreja.
O Iluminismo francês
Portanto, foi ele particularmente crítico em relação à Igreja Católica e às ordens religiosas, incluindo os jesuítas, devido ao seu forte teor anticlerical e seu apoio à racionalidade, à ciência e à liberdade individual, valores que entravam em conflito com a autoridade e as tradições da Igreja.
Os pensadores iluministas franceses, acima indicados, defendiam uma visão de mundo na qual a religião institucional era frequentemente vista como um obstáculo ao progresso humano. Muitos deles acreditavam que o poder da Igreja precisava ser enfraquecido para que o conhecimento e a liberdade pudessem florescer, e criticavam abertamente as ordens religiosas que tinham grande influência sobre a política, a economia e a educação, como era o caso dos jesuítas. A Igreja Católica era vista como ligada ao absolutismo e aos privilégios da nobreza, e os filósofos iluministas franceses promoveram uma crítica à Igreja não apenas em termos religiosos, mas também como uma instituição social e política que mantinha a população sob controle.
Os pensadores iluministas franceses, acima indicados, defendiam uma visão de mundo na qual a religião institucional era frequentemente vista como um obstáculo ao progresso humano. Muitos deles acreditavam que o poder da Igreja precisava ser enfraquecido para que o conhecimento e a liberdade pudessem florescer, e criticavam abertamente as ordens religiosas que tinham grande influência sobre a política, a economia e a educação, como era o caso dos jesuítas. A Igreja Católica era vista como ligada ao absolutismo e aos privilégios da nobreza, e os filósofos iluministas franceses promoveram uma crítica à Igreja não apenas em termos religiosos, mas também como uma instituição social e política que mantinha a população sob controle.
No entanto, o Iluminismo não se restringiu à França, nem foi homogêneo. Na Alemanha, na Inglaterra e na Escócia, os pensadores iluministas (como Kant, Locke e Hume) também questionavam aspectos da religião, mas suas abordagens eram muitas vezes menos confrontadoras. Esses filósofos se concentravam mais na separação entre Igreja e Estado e em promover a tolerância religiosa, em vez de atacar a religião como um todo. Na Inglaterra e na Escócia, por exemplo, havia uma postura de coexistência e, em alguns casos, diálogo entre a Igreja e as ideias iluministas, diferente da postura combativa que predominava na França.
Expulsão dos jesuítas em vários países
A expulsão dos jesuítas ocorreu em vários países ao longo do século XVIII, impulsionada tanto pelo anticlericalismo iluminista quanto por disputas políticas e econômicas. Esses processos foram geralmente liderados por governos que buscavam limitar o poder da Igreja Católica e modernizar suas administrações, inspirados pelos ideais do Iluminismo.
Portugal (1759):Em Portugal, o Marquês de Pombal, influenciado pelas ideias iluministas, liderou o movimento contra os jesuítas. Ele os acusou de subversão política e de envolvimento em rebeliões nas colônias, especialmente no Brasil, onde os jesuítas defendiam os direitos dos indígenas, o que conflitava com os interesses econômicos da coroa. Em 1759, o rei Dom José I, sob influência de Pombal, assinou um decreto expulsando os jesuítas de Portugal e de todas as suas colônias, confiscando suas propriedades e enviando-os para o exílio.
França (1764):Na França, a expulsão dos jesuítas foi impulsionada por uma série de disputas políticas e econômicas, incluindo um famoso escândalo financeiro envolvendo um jesuíta. A nobreza e alguns setores do clero se opunham ao poder dos jesuítas, que tinham grande influência na educação e na formação moral do povo. Em 1764, o parlamento francês aprovou um decreto que baniu a ordem do país, confiscando suas propriedades e restringindo suas atividades religiosas e educacionais.
Espanha (1767):Na Espanha, o rei Carlos III, influenciado por conselheiros iluministas, temia a influência dos jesuítas sobre o povo e sobre a política. Em 1766, uma revolta popular conhecida como o “Motim de Esquilache” foi atribuída em parte à influência jesuíta, apesar de evidências limitadas. No ano seguinte, em 1767, Carlos III decretou a expulsão dos jesuítas de todos os territórios espanhóis (Espanha e colônias na América Latina). A decisão foi executada em segredo e de maneira abrupta, e os jesuítas foram enviados para o exílio em massa.
Ducado de Parma (1768):No Ducado de Parma, um pequeno Estado italiano, o duque Fernando I também adotou medidas anticlericais influenciadas pelo Iluminismo. Em 1768, ele decretou a expulsão dos jesuítas do ducado, enfrentando resistência do Papa Clemente XIII, que ameaçou excomungá-lo. No entanto, o duque manteve a decisão com o apoio de outras potências europeias.
Outros Estados Italianos e Sacro Império Romano:Em alguns outros Estados italianos e regiões do Sacro Império Romano, ocorreram expulsões e restrições locais aos jesuítas, embora de forma menos coordenada e impactante. A pressão contra a ordem estava crescendo em toda a Europa.
Extinção Papal da Ordem (1773):A pressão crescente de monarcas europeus sobre o papado levou o Papa Clemente XIV a tomar a decisão de suprimir oficialmente a Companhia de Jesus em 1773. O decreto, conhecido como Dominus ac Redemptor, dissolveu a ordem e ordenou o fechamento de todas as suas casas e instituições. A extinção papal foi uma medida extrema, influenciada pelo medo de uma divisão ainda maior na Igreja, já que monarcas católicos importantes exigiam essa ação como condição para manter a unidade com Roma. A ordem só seria restaurada em 1814 pelo Papa Pio VII.
Expulsão dos jesuítas no Brasil
Foi consequência direta da expulsão ordenada por Portugal em 1759. A decisão do rei Dom José I e do Marquês de Pombal de banir os jesuítas se aplicou a todas as colônias portuguesas, incluindo o Brasil, onde os jesuítas haviam desempenhado um papel central na evangelização dos indígenas e na organização social das aldeias desde o século XVI.
A presença dos jesuítas no Brasil era poderosa, especialmente nas regiões onde eles estabeleceram missões para evangelizar e proteger populações indígenas, como na Amazônia e no litoral nordestino. Eles administravam vastas áreas de terras e mantinham comunidades chamadas missões ou reduções, onde trabalhavam para proteger os indígenas do trabalho forçado, promovendo uma forma de organização autossuficiente que não dependia das autoridades coloniais. Essas missões se tornaram alvo de críticas da elite colonial portuguesa, que via nelas uma limitação ao acesso à mão de obra indígena e à exploração dos recursos naturais dessas regiões.
Além disso, a influência dos jesuítas no Brasil, especialmente sobre os indígenas e sobre questões sociais, era vista pelo Marquês de Pombal como uma ameaça ao poder central da Coroa Portuguesa e aos planos de modernização do governo colonial. Pombal acusava os jesuítas de "subversão" e de fomentarem resistência indígena às autoridades portuguesas.
A ordem de expulsão foi executada no Brasil com grande rigor. As autoridades coloniais receberam instruções para confiscar os bens da Companhia de Jesus e prender seus membros. Assim, as missões jesuíticas no Brasil foram desmanteladas e suas propriedades, terras e recursos foram confiscados e redistribuídos. Muitos indígenas que viviam nas missões foram dispersos, deixando de receber a proteção dos jesuítas e tornando-se vulneráveis ao trabalho forçado e à exploração.
As ordens para capturar e deportar os jesuítas foram implementadas rapidamente, e muitos foram enviados de volta a Portugal, onde alguns foram presos ou exilados para outras regiões. A expulsão foi acompanhada por campanhas de difamação contra os jesuítas, que eram acusados de manipular e “corromper” os indígenas.
A expulsão dos jesuítas teve efeitos profundos e duradouros sobre a sociedade colonial brasileira:
Desorganização das Missões: A ausência dos jesuítas levou ao colapso das missões indígenas e da estrutura social e econômica que eles haviam desenvolvido. Os indígenas ficaram mais expostos a serem incorporados na economia colonial como mão de obra forçada.
Redistribuição de Terras: As terras e bens dos jesuítas foram redistribuídos para a Coroa e para proprietários de terras locais, aumentando a concentração de terras e o poder da elite colonial.
Vácuo na Educação: Os jesuítas tinham um papel crucial na educação, e sua saída deixou um vazio, especialmente na formação intelectual e moral da população colonial. Durante muitos anos, a educação no Brasil foi prejudicada, até que novas instituições educacionais começaram a ser introduzidas.
A presença dos jesuítas no Brasil era poderosa, especialmente nas regiões onde eles estabeleceram missões para evangelizar e proteger populações indígenas, como na Amazônia e no litoral nordestino. Eles administravam vastas áreas de terras e mantinham comunidades chamadas missões ou reduções, onde trabalhavam para proteger os indígenas do trabalho forçado, promovendo uma forma de organização autossuficiente que não dependia das autoridades coloniais. Essas missões se tornaram alvo de críticas da elite colonial portuguesa, que via nelas uma limitação ao acesso à mão de obra indígena e à exploração dos recursos naturais dessas regiões.
Além disso, a influência dos jesuítas no Brasil, especialmente sobre os indígenas e sobre questões sociais, era vista pelo Marquês de Pombal como uma ameaça ao poder central da Coroa Portuguesa e aos planos de modernização do governo colonial. Pombal acusava os jesuítas de "subversão" e de fomentarem resistência indígena às autoridades portuguesas.
A ordem de expulsão foi executada no Brasil com grande rigor. As autoridades coloniais receberam instruções para confiscar os bens da Companhia de Jesus e prender seus membros. Assim, as missões jesuíticas no Brasil foram desmanteladas e suas propriedades, terras e recursos foram confiscados e redistribuídos. Muitos indígenas que viviam nas missões foram dispersos, deixando de receber a proteção dos jesuítas e tornando-se vulneráveis ao trabalho forçado e à exploração.
As ordens para capturar e deportar os jesuítas foram implementadas rapidamente, e muitos foram enviados de volta a Portugal, onde alguns foram presos ou exilados para outras regiões. A expulsão foi acompanhada por campanhas de difamação contra os jesuítas, que eram acusados de manipular e “corromper” os indígenas.
A expulsão dos jesuítas teve efeitos profundos e duradouros sobre a sociedade colonial brasileira:
Desorganização das Missões: A ausência dos jesuítas levou ao colapso das missões indígenas e da estrutura social e econômica que eles haviam desenvolvido. Os indígenas ficaram mais expostos a serem incorporados na economia colonial como mão de obra forçada.
Redistribuição de Terras: As terras e bens dos jesuítas foram redistribuídos para a Coroa e para proprietários de terras locais, aumentando a concentração de terras e o poder da elite colonial.
Vácuo na Educação: Os jesuítas tinham um papel crucial na educação, e sua saída deixou um vazio, especialmente na formação intelectual e moral da população colonial. Durante muitos anos, a educação no Brasil foi prejudicada, até que novas instituições educacionais começaram a ser introduzidas.