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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Dubias dos cardeais - papa Francisco não responde

A carta de 10 de julho de 2023, contendo cinco dubia dirigidos ao Papa Francisco, foi submetida por um grupo de cardeais que buscavam esclarecimentos sobre temas controversos que vinham gerando debates dentro da Igreja Católica. 

Houve uma resposta considerada pouco clara pelos cardeais e foi enviada nova carta em 21 de Agosto de 2023, e apresentou-se os dubia reformulados. A nova formulação dos dubia buscava mais precisão e objetividade nas questões levantadas, com o intuito de obter respostas mais diretas e em conformidade com a tradição de respostas "sim" ou "não" da Igreja. Aqui estão algumas mudanças principais feitas nos dubia reformulados:

Bênção de uniões do mesmo sexo
Original: A dúvida girava em torno da possibilidade de a Igreja abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Reformulação: A pergunta foi ajustada para deixar claro que se buscava uma resposta inequívoca sobre se essas uniões poderiam ser abençoadas sem que isso fosse contrário ao ensinamento da Igreja sobre o matrimônio, que sempre foi entendido como uma união entre homem e mulher para a procriação e educação dos filhos.

Divórcio e recasamento
Original: Os cardeais questionavam se católicos divorciados e recasados poderiam receber a Eucaristia sem se absterem de relações sexuais.
Reformulação: A nova dubia reformulou essa questão para incluir uma referência mais explícita ao ensinamento de João Paulo II na exortação apostólica Familiaris Consortio, que estabelece que aqueles em situações irregulares devem viver "como irmão e irmã" se desejam ser admitidos à Eucaristia.

Sinodalidade e autoridade papal
Original: A dubia inicial questionava o papel da sinodalidade no governo da Igreja.
Reformulação: A pergunta foi reformulada para esclarecer a relação entre a autoridade do Papa e o processo sinodal, pedindo especificamente uma confirmação de que o Papa continua sendo a autoridade final em questões de doutrina e que os processos sinodais não podem alterar o ensinamento imutável da Igreja.

Pecado e consciência
Original: Os cardeais perguntaram sobre o papel da consciência pessoal em discernir o pecado.
Reformulação: A nova formulação pedia uma resposta clara sobre a doutrina tradicional de que a consciência pessoal deve estar sempre informada pela lei moral objetiva da Igreja, evitando interpretações que possam sugerir que a consciência individual poderia, de alguma forma, legitimar comportamentos que são tradicionalmente considerados pecaminosos.

Misericórdia e arrependimento
Original: A dubia questionava a relação entre a misericórdia de Deus e o arrependimento necessário para a salvação.
Reformulação: A questão foi ajustada para buscar uma confirmação de que, embora a misericórdia de Deus seja infinita, o arrependimento e a conversão são necessários para que a pessoa possa receber o perdão dos pecados, conforme o ensinamento tradicional da Igreja.

Assinam as cartas os cinco cardeais:

Cardeal Walter Brandmüller – Presidente emérito do Pontifício Comitê de Ciências Históricas.
Cardeal Raymond Leo Burke – Prefeito emérito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.
Cardeal Juan Sandoval Íñiguez – Arcebispo emérito de Guadalajara, México.
Cardeal Robert Sarah – Prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun – Bispo emérito de Hong Kong.

Em 1 de out 2024 os cardeais afirmam que até esta data, não receberam resposta. E dizem: 

"Dada a gravidade da matéria dos dubia, especialmente tendo em vista a iminente sessão do Sínodo dos Bispos, julgamos ser nosso dever informar-vos, fiéis (Cân. 212 § 3), para que não sejais sujeitos à confusão, ao erro e ao desânimo, mas rezeis pela Igreja universal e, em particular, pelo Romano Pontífice, para que o Evangelho seja ensinado cada vez mais claramente e seguido cada vez mais fielmente. " 

Eles citaram o Cânon 212 § 3 do Código de Direito Canônico, que estabelece o direito e até o dever dos fiéis de expressarem suas preocupações sobre o bem da Igreja aos pastores, e até mesmo ao público, quando acharem necessário. Este cânon sustenta a ideia de que os fiéis, leigos ou clérigos, têm o direito de partilhar com os seus pastores e entre si questões que consideram fundamentais para a fé e a vida da Igreja.

Gravidade das questões levantadas nos dubia: As questões abordam temas doutrinários e pastorais importantes que têm gerado debates e divisões dentro da Igreja, como a bênção de uniões homossexuais, a recepção da Eucaristia por divorciados recasados e o papel da consciência pessoal na moralidade. Os cardeais acreditam que esses pontos são cruciais para o futuro da fé católica e precisam de esclarecimento urgente, especialmente diante do aumento de interpretações divergentes dentro da Igreja.

Proximidade do Sínodo dos Bispos: O comunicado dos cardeais mencionou o Sínodo dos Bispos, que estava prestes a acontecer. Este sínodo tinha como tema a sinodalidade, um conceito que busca tornar o governo da Igreja mais participativo e descentralizado. No entanto, alguns setores da Igreja temem que esse processo sinodal possa abrir a porta para mudanças doutrinais, ou pelo menos para ambiguidades pastorais, o que aumenta a urgência de respostas claras aos dubia.

Prevenção de confusão, erro e desânimo: Os cardeais enfatizam que sua intenção é proteger os fiéis da confusão e do erro. Eles estão preocupados que, sem esclarecimentos adequados, os católicos possam ser levados a entender mal a doutrina da Igreja ou a seguir práticas que não estejam em conformidade com os ensinamentos tradicionais. Também mencionam o risco de desânimo entre os fiéis, que podem sentir-se perdidos ou abandonados diante de controvérsias doutrinárias não resolvidas.

Fonte (1)