Missa comum abades
Ó alma fiel, contemplai a jornada de Guilherme, nascido em Vercelli no ano de 1085, de nobre linhagem, mas com o coração voltado para as coisas celestiais. Ainda jovem, aos quinze anos, abraçou o hábito monástico, renunciando às riquezas mundanas. Por volta de 1118, guiado por uma visão divina, fixou-se em Montevergine, onde fundou o mosteiro dos Eremitas Beneditinos em 1128, dedicando-o à Virgem Maria. Peregrino incansável, também estabeleceu outros mosteiros, como o de Monte Cognato e o de Goleto, onde, em 25 de junho de 1142, entregou sua alma a Deus. Suas relíquias, trasladadas em 1807 para Montevergine, repousam no santuário que ele mesmo consagrou. Em 1942, o Papa Pio XII o declarou padroeiro principal da Irpínia.
Que exemplo de virtude nos oferece Guilherme, cuja vida foi um hino à penitência e à caridade! Como peregrino, atravessou terras árduas, de Santiago de Compostela às montanhas de Avellino, buscando apenas a glória de Deus. Em Montevergine, sua alma ardente transformou a solidão em um jardim de oração, onde, inspirado por uma visão de Nossa Senhora, ergueu um santuário que atraiu multidões. Sua liberalidade para com os pobres, sua rigorosa penitência e sua dedicação à Virgem Maria moldaram a Congregação Beneditina de Montevergine, que floresceu por séculos. Mesmo expulso por monges rebeldes, sua humildade prevaleceu, e ele continuou a fundar mosteiros, vivendo por um ano no tronco de uma árvore em Goleto, em profunda comunhão com o Criador. Seus milagres, como a domesticação de um lobo para substituir seu burro devorado, revelam o poder de Deus agindo através de sua santidade.
Não se encontra, nos escritos dos Doutores da Igreja, uma homilia específica sobre São Guilherme de Vercelli, pois sua veneração, embora profunda na tradição local da Irpínia e no rito tridentino, não gerou um sermão preservado de figuras como Santo Agostinho, São Gregório Magno ou São Bernardo de Claraval. Contudo, São Bernardo, contemporâneo de Guilherme e ele mesmo um reformador monástico, oferece em seu Sermão 66 sobre o Cântico dos Cânticos uma reflexão que ecoa o espírito de Guilherme: “A alma que busca a Deus deve retirar-se do tumulto do mundo, pois é na solidão que o coração encontra o Esposo divino, e ali, em silêncio, aprende a caridade que edifica.” Esta passagem, embora não diretamente sobre Guilherme, ilumina sua vida eremítica e sua dedicação à oração e à Virgem Maria, que marcaram sua fundação em Montevergine.