A crise que aflige um sacerdote moderno, especialmente um homem jovem formado inteiramente na esteira do Concílio Vaticano II, é, antes de tudo, uma crise de identidade. A teologia católica tradicional sempre definiu o sacerdote por sua função primária e essencial: ser um homem separado do mundo para oferecer o Sacrifício propiciatório a Deus em favor dos homens. Ele é, em sua essência, o alter Christus, aquele que age na pessoa de Cristo, particularmente no altar.
Contudo, um exaustivo estudo teológico sobre a Missa Nova demonstra que a própria definição do rito foi alterada para obscurecer e, na prática, substituir esta identidade. A Missa deixou de ser primariamente o Sacrifício do Calvário renovado de forma incruenta para se tornar a “ceia do Senhor”, uma “assembleia do povo de Deus” presidida por um funcionário. O sacerdote não é mais aquele que, no altar, oferece a Vítima Divina a Deus, mas um “presidente da assembleia” que “dirige a oração” e “anima” a comunidade (CEKADA, 2010, p. 157-162). Esta mudança não é meramente semântica; ela ataca a própria raiz da identidade sacerdotal, esvaziando-a de seu conteúdo sobrenatural e teocêntrico.
Privado de sua identidade sacrificial, o sacerdote do rito novo é sobrecarregado com um papel para o qual não foi ordenado: o de animador social, psicólogo comunitário, gerente de eventos e burocrata paroquial. A liturgia, que antes era uma fonte de graça e um refúgio seguro, regida por rubricas precisas que protegiam o sacerdote de si mesmo e o imergiam no mistério, tornou-se um campo de "criatividade" e "participação ativa". Os Ritos Introdutórios, por exemplo, são agora concebidos com o propósito de "estabelecer comunhão" e "criar comunidade" (CEKADA, 2010, p. 251-253), uma tarefa de engenharia social que recai pesadamente sobre os ombros do celebrante. O constante "falatório", a necessidade de ser "caloroso" e "amigável" e de "fazer contato com o povo" (CEKADA, 2010, p. 257-258) geram um esgotamento espiritual e psicológico profundo. O sacerdote, voltado para o povo, torna-se o foco das atenções e das expectativas humanas, um fardo que o rito tradicional, voltado para Deus, sabiamente evitava.
Mais grave ainda, esta nova liturgia, ao purgar a "teologia negativa" — conceitos como pecado, juízo, ira divina, inferno e a necessidade de reparação (CEKADA, 2010, p. 283-284) —, oferece um humanismo superficial e impotente diante do sofrimento real e do desespero existencial. Que consolo pode oferecer uma religião que evita a Cruz, que transforma o sacrifício em banquete e que substitui a contrição pelo sentimento de pertença comunitária? Quando um sacerdote, como qualquer alma, se encontra na noite escura do sofrimento, da dúvida ou da tentação, a teologia da "assembleia celebrante" e da "alegria da comunidade" se revela um eco vazio. A Missa Nova, ao destruir a doutrina católica sobre o pecado e a graça, destrói também os meios pelos quais a alma encontra o verdadeiro consolo e a esperança sobrenatural.
A trágica morte do Padre Balzano não pode ser vista como um evento isolado. Ela é um sintoma extremo da crise doutrinal e litúrgica que esvaziou o sacerdócio de seu significado e deixou seus ministros desarmados diante das batalhas espirituais. Ao transformar o sacerdote de um homem de Deus em um homem do povo, a reforma litúrgica o privou de sua identidade, de sua proteção ritual e da robusta doutrina sobrenatural necessária para sustentar a si mesmo e a seu rebanho. A nova liturgia, em sua busca por um apelo "moderno", tornou-se um fardo insuportável e deixou um vácuo espiritual que, em casos extremos, pode levar ao mais profundo desespero.
Referências
CEKADA, Anthony. Obra de Mãos Humanas: Uma crítica teológica à Missa de Paulo VI. 2. ed. Cincinnati: Philothea Press, 2010.