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sábado, 12 de outubro de 2024

Papa vetado - Cardeal Mariano Rampolla del Tindaro

Mariano Rampolla del Tindaro, um cardeal influente da Igreja Católica no final do século XIX e início do século XX, não era maçom. Rampolla foi Secretário de Estado do Papa Leão XIII e desempenhou um papel significativo na política do Vaticano. Ele foi inclusive considerado um dos favoritos para suceder ao Papa Leão XIII no conclave de 1903, mas sua eleição foi vetada pelo imperador da Áustria-Hungria, Francisco José I, o que foi uma grande controvérsia.

Este veto foi exercido através do chamado "Jus Exclusivae" (direito de exclusão), um privilégio antigo que permitia a certos monarcas católicos vetar um candidato ao papado. O uso deste direito neste conclave foi controverso e levou à sua abolição pelo Papa Pio X, que acabou sendo eleito após o veto a Rampolla. Sua postura progressista era vista com desconfiança pelos elementos conservadores da corte austríaca. Aqui estão alguns detalhes importantes:

Posição teológica: Rampolla era associado à escola teológica mais aberta às ideias modernas dentro da Igreja, em contraste com a linha mais tradicionalista.

Questão social: Ele era visto como mais simpático às preocupações sociais e às reformas trabalhistas, seguindo a linha da encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII.

Relações Igreja-Estado: Rampolla era percebido como mais flexível nas relações entre a Igreja e os estados modernos, o que preocupava os conservadores que preferiam uma abordagem mais rígida.

Modernização da Igreja: Havia uma percepção de que ele poderia promover reformas internas na Igreja que os conservadores viam com receio.

Política internacional: Sua abordagem diplomática era considerada mais aberta ao diálogo com nações não católicas e até mesmo com governos anticlericais, o que não agradava aos círculos mais conservadores.

A corte austríaca, conhecida por seu conservadorismo, via essas tendências mais progressistas de Rampolla com desconfiança. Eles temiam que, como Papa, ele pudesse implementar políticas que não se alinhavam com os interesses conservadores do Império Austro-Húngaro.

Após sua morte falou-se sobre a ligação de Rampolla com a maçonaria trazida através de um livro publicado em 1929 por Msgr. Ernest Jouin, intitulado "Le Péril Judéo-Maçonnique" (O Perigo Judeu-Maçônico). Rampolla seria membro de uma loja maçônica de alto grau em Paris e que seu nome maçônico era "Rampolla-Firmian".

Biografia

Mariano Rampolla del Tindaro (1843-1913) foi um cardeal italiano e diplomata da Santa Sé. Nascido na Sicília, foi ordenado sacerdote em 1866. Rapidamente ascendeu na hierarquia eclesiástica, tornando-se núncio apostólico na Espanha em 1882. Em 1887, o Papa Leão XIII o nomeou Cardeal Secretário de Estado, cargo que ocupou até 1903. Nesta função, Rampolla implementou a política diplomática de Leão XIII, buscando melhorar as relações da Igreja com os estados modernos. Foi considerado papabile no conclave de 1903, mas seu nome foi vetado pelo Imperador Francisco José I da Áustria-Hungria. Após a eleição de Pio X, Rampolla se retirou para uma vida mais reclusiva, dedicando-se a estudos históricos. Faleceu em 1913 em Roma.

Sobre Ernest Jouin (1844-1932) 

Foi um padre católico francêsm ordenado sacerdote em 1868. Recebeu o título de Monsenhor (Msgr.). Foi pároco da Igreja de Saint-Augustin em Paris por muitos anos. Ficou conhecido por seus escritos e atividades antimaçônicas e antissemitas. Fundou a "Revue Internationale des Sociétés Secrètes" (Revista Internacional das Sociedades Secretas) em 1912.