🎓Santo
Alberto, cognominado "o Grande", foi uma das mentes mais brilhantes do século
XIII. Nascido na Suábia, ingressou na Ordem dos Pregadores (Dominicanos), onde
sua sede insaciável por conhecimento o levou a dominar a filosofia, a teologia e
as ciências naturais, sendo um pioneiro na conciliação da fé com a razão
aristotélica. Lecionou em Paris e Colônia, onde teve como seu mais célebre
discípulo São Tomás de Aquino, cuja genialidade soube reconhecer e nutrir. Em
1260, foi nomeado Bispo de Ratisbona, um cargo que aceitou por obediência, mas
ao qual renunciou dois anos depois para retornar à sua vida de estudo e ensino.
Sua obra vastíssima, que abrange praticamente todos os campos do saber de sua
época, lhe valeu o título de "Doctor Universalis". Faleceu em 1280, e seu legado
de sabedoria e santidade foi solenemente reconhecido pelo Papa Pio XI, que o
canonizou e declarou Doutor da Igreja em 1931.
📖Epístola (II Tim 4,
1-8)
Caríssimo: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há
de julgar os vivos e os mortos por sua vinda e por seu Reino: prega a palavra,
insiste, quer agrade, quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a
paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã
doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados
pela curiosidade de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às
fábulas. Tu, porém, vigia, trabalha em todas as coisas, faze obra de um
Evangelista, desempenha o teu ministério. Sê sóbrio. Quanto a mim, já estou para
ser imolado, e o tempo de minha partida se avizinha. Combati o bom combate;
terminei a minha carreira: guardei a fé. Resta-me esperar a coroa da justiça que
me está reservada, que o Senhor, justo Juiz, me dará nesse dia. E não só a mim,
como também àqueles que desejam a sua vinda.
✝️Evangelho (Mt 5,
13-19)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vós sois o sal
da terra. Se o sal perder a sua força, como há de receber nova força? Para nada
mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do
mundo. Uma cidade situada sobre um monte, não pode ser escondida. E ninguém
acende uma luz para pô-la debaixo do alqueire, mas sim no candieiro, para
alumiar a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está
no céu. Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, e
sim cumprir. Porque, em verdade vos digo: enquanto não passar o céu e a terra,
nem uma letra, nem um pontinho desaparecerá da lei, até que tudo seja realizado.
Aquele, pois, que transgredir um destes mandamentos por pequeno que seja e
ensinar assim aos homens, será chamado mínimo no Reino dos céus; mas o que os
guardar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos céus.
🤔Reflexões
💡A
liturgia de hoje, honrando um Doutor da Igreja como Santo Alberto Magno, tece
uma profunda conexão entre a missão intelectual e a vocação à santidade. O
Evangelho proclama: "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo". Santo
Alberto personificou esta dupla imagem. Foi 'sal' ao preservar a sã doutrina da
corrupção dos erros de seu tempo, usando a sabedoria para dar sabor e substância
à fé. Foi 'luz' ao iluminar as mentes com seu vasto conhecimento, fazendo suas
"boas obras" intelectuais brilharem não para sua própria glória, mas para a de
Deus. Esta missão ecoa a advertência de São Paulo a Timóteo: "prega a palavra,
insiste, quer agrade, quer desagrade". Alberto não temeu mergulhar nas
filosofias pagãs de Aristóteles, uma atitude que poderia desagradar a muitos,
mas o fez para extrair a verdade e colocá-la a serviço do Evangelho, cumprindo
assim o seu ministério de evangelista do saber.
✨A profundidade das
metáforas de Cristo é explorada por Santo Agostinho, que ensina que o 'sal'
representa a sabedoria que nos livra da corrupção da estultícia deste mundo,
enquanto a 'luz' é o exemplo visível de uma vida virtuosa. “Que o vosso amor
seja condimentado pela sabedoria, para que não se torne insípido; e que a vossa
sabedoria seja iluminada pelo amor, para que não permaneça nas trevas” (Santo
Agostinho, Comentário ao Sermão da Montanha). Santo Alberto viveu esta síntese:
seu monumental trabalho intelectual não era um exercício frio e desapaixonado,
mas uma ardente busca pela Verdade, que é o próprio Cristo. O Catecismo da
Igreja Católica nos lembra que "a lei evangélica 'cumpre', purifica, supera e
leva à perfeição a Lei antiga" (CIC 1967).
🛡️O preceito final do Evangelho — "aquele que os guardar
[os mandamentos] e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos céus" — é a
chave para a grandeza de Santo Alberto. Ele não foi apenas um guardião da fé,
mas um mestre incansável. Ao ensinar a harmonia entre a criação e o Criador,
entre a filosofia e a teologia, ele cumpriu a Lei de Cristo em sua plenitude.
Combateu o "bom combate" mencionado na Epístola, não com uma espada, mas com a
pena e a palavra, defendendo a fé contra as "fábulas" e a ignorância. Sua vida
demonstra que a busca pela verdade, quando ordenada para Deus, é um caminho de
santificação e um serviço essencial à Igreja. Assim, ele se tornou "grande no
Reino dos céus", não apenas por sua erudição, mas porque sua sabedoria sempre
apontou para Cristo, o Logos encarnado, em quem "tudo foi realizado".