O encontro em 1960 entre o historiador judeu Jules Isaac e o Papa João XXIII é frequentemente apresentado como um momento de epifania ecumênica, um catalisador que purificou a Igreja Católica de um suposto "ensino do desprezo" de dois milênios. Essa narrativa, embora popular, mascara uma realidade mais profunda e inquietante: o evento não marcou o início de uma reconciliação teológica genuína, mas sim o culminar de uma campanha política bem-sucedida para subverter a doutrina católica tradicional sobre os judeus. O resultado, consagrado em Nostra Aetate, não foi um aprofundamento da verdade, mas uma capitulação à pressão política que deixou a Igreja teologicamente enfraquecida e vulnerável.
✝️A Falsa Premissa do "Ensino do Desprezo"
A tese central de Isaac, que ele apresentou ao Papa, era que o ensino católico foi o precursor direto do antissemitismo racial moderno, culminando no Holocausto. Essa acusação, no entanto, distorce fundamentalmente a natureza da relação histórica entre a Igreja e os judeus. A posição da Igreja nunca foi baseada em animosidade racial, mas em uma resposta teológica direta à rejeição judaica de Cristo, a encarnação do Logos. Os Evangelhos, particularmente o de São João, não são documentos de ódio, mas crônicas de uma separação teológica. Eles registram o momento em que o termo "judeu" foi redefinido: de um termo racial e religioso para uma designação daqueles que rejeitaram o Messias (Jones, 2008, p. 33-39).
Argumentar que a Igreja é a fonte do antissemitismo moderno é ignorar o fato de que a oposição tradicional da Igreja ao judaísmo era teológica. A fonte da tragédia judaica não reside em um "ensino do desprezo" católico, mas no próprio espírito revolucionário judaico que nasceu da rejeição do Logos. Ao rejeitar a ordem social e moral inerente ao Logos, o judaísmo pós-cristão se condenou a um ciclo de atividade revolucionária e subversão, que, por sua vez, provocou reações muitas vezes violentas das culturas anfitriãs (Jones, 2008, p. 41). A campanha de Isaac para reformar o ensino da Igreja foi, na verdade, uma tentativa de forçar a Igreja a repudiar os Evangelhos e a absolver o espírito revolucionário de suas consequências históricas.
📜Nostra Aetate como Arma Cultural
O que se seguiu ao encontro de Isaac com o Papa João XXIII foi um intenso esforço de lobby por parte de organizações judaicas, como o American Jewish Committee e a B'nai B'rith, para moldar a declaração do Concílio. O documento resultante, Nostra Aetate, tornou-se uma arma na guerra cultural contra a Igreja. Ao conseguir que a Igreja "deplorasse" o antissemitismo sem definir o termo, os lobistas judeus garantiram uma vitória semântica de proporções catastróficas. Para os judeus, qualquer medida de autodefesa por parte dos cristãos contra a subversão financeira, moral ou política é rotulada como "antissemitismo" (Jones, 2008, p. 1063-1064). A Igreja, ao adotar esse termo sem qualificação, inadvertidamente aceitou a estrutura de seus adversários.
A mudança mais significativa foi a remoção da esperança explícita da conversão dos judeus. A versão final de Nostra Aetate omitiu a passagem que afirmava que a Igreja "aguarda com fé inabalável e profundo anseio a entrada deste povo na plenitude do Povo de Deus" (Jones, 2008, p. 933). Essa omissão, justificada em nome de evitar o "proselitismo", representou uma traição ao mandato evangélico de Cristo. O diálogo substituiu a conversão, e a verdade foi sacrificada no altar da conveniência política. O resultado foi uma confusão teológica que levou prelados católicos a fazerem declarações heréticas, como a ideia de que os judeus não precisam de Cristo para a salvação, contradizendo diretamente o ensinamento do Evangelho e de documentos magisteriais como Dominus Iesus (Jones, 2008, p. 1071-1072).
🌍As Consequências da Subversão
O "diálogo" inaugurado pelo Vaticano II não trouxe harmonia, mas sim uma escalada nas exigências judaicas e um enfraquecimento da autoconfiança católica. A Igreja abandonou a sabedoria equilibrada de sua política tradicional, encapsulada em Sicut Iudaeis non, que protegia os judeus de danos físicos, ao mesmo tempo em que protegia os cristãos da subversão moral e cultural (Jones, 2008, p. 86-88). Em seu lugar, a Igreja adotou uma postura de apaziguamento que apenas encorajou novas agressões.
A campanha contra a Paixão de Oberammergau, a difamação do Papa Pio XII e as contínuas exigências para que a Igreja se "arrependa" de seu passado são os frutos amargos dessa capitulação. Ao aceitar a premissa de Jules Isaac, a Igreja se colocou no banco dos réus, aceitando a culpa por crimes que não cometeu e ignorando o papel do espírito revolucionário judaico na história. O período pós-conciliar não resultou em um "diálogo" genuíno, mas na ascensão de uma política externa neoconservadora nos Estados Unidos, que levou o mundo a um desastre político, um resultado direto da aquiescência da Igreja à interpretação judaica de Nostra Aetate (Jones, 2008, p. 24).
🙏Conclusão
O encontro entre Jules Isaac e o Papa João XXIII não foi o início de uma cura, mas a infecção da Igreja com um vírus político. A narrativa de que a Igreja "mudou seu ensino" sobre os judeus é, na verdade, a história de como a Igreja foi pressionada a abandonar a verdade do Evangelho em favor de uma agenda política. A única solução verdadeira para o conflito de 2000 anos entre a Sinagoga e a Igreja não reside em "diálogos" que exigem a negação da fé, mas na conversão do judeu revolucionário ao Logos que ele rejeitou. Até que isso aconteça, qualquer tentativa de "reconciliação" será apenas mais uma forma de subversão.
📚Referências
Jones, E. Michael. The Jewish Revolutionary Spirit and Its Impact on World History. South Bend: Fidelity Press, 2008.