A Semana Santa pré-55 - Dom Donald J. Sanborn - crítica às mudanças na liturgia introduzidas pelo Papa Pio XII


O texto publicado no site do Seminário São José aborda a rejeição dos novos ritos da Semana Santa introduzidos em 1955, criados por Annibale Bugnini, descrito como um franco-maçom e modernista, e aprovados pelo Papa Pio XII. Sanborn argumenta que esses ritos representam um passo inicial rumo à Missa Nova (Novus Ordo) de 1969, sendo parte de um plano gradual dos modernistas para reformar a liturgia católica desde o pontificado de Bento XV. Ele destaca que as mudanças de 1955 foram aceitas sem grande resistência na época, pois a maioria do clero e dos leigos não percebeu o intento modernista de substituir a liturgia tradicional.

Sanborn cita Bugnini, que chamou as reformas de 1955 de "ponte" para mudanças futuras, e o Padre Cekada, que questionou por que alguém atravessaria essa ponte se não quisesse chegar ao outro lado (a Missa Nova). Ele recorre a São Tomás de Aquino para reforçar que consentir com os princípios de 1955 é implicitamente aceitar o Novus Ordo, já que as reformas são precursoras diretas dessa liturgia posterior. Assim, para ele, a razão e o senso comum exigem a rejeição das mudanças de 1955.

O autor questiona como lidar com uma lei promulgada por Pio XII que, retrospectivamente, se mostrou problemática. Ele explica que, embora boa em si, uma lei pode se tornar prejudicial em certas circunstâncias, usando o exemplo da abstinência de carne às sextas-feiras, que pode ser dispensada em casos de doença grave sob o princípio da epiqueia (interpretação da intenção do legislador na sua ausência). Sanborn aplica esse raciocínio às reformas litúrgicas, sugerindo que, à luz do Novus Ordo, as mudanças de 1955 têm uma relação inequívoca com a destruição da liturgia tradicional e, portanto, devem ser rejeitadas.

Ele também contextualiza o pontificado de Pio XII, afirmando que o papa não tinha plena consciência das ameaças modernistas e políticas que visavam criar uma "Nova Ordem Mundial" ecumênica e humanitarista, preparando o terreno para o Anticristo. Sanborn argumenta que Pio XII, embora protegido de promulgar erros doutrinais, não estava imune à imprudência, o que explica sua aprovação das reformas de Bugnini.

Por fim, o texto inclui citações de Pio XII que mostram um apoio a ideias de unidade global, como a formação de uma "comunidade das nações", interpretadas por Sanborn como alinhadas aos ideais modernistas. Ele conclui que a Semana Santa pré-1955 deve ser preservada como um bastião da tradição católica contra as inovações que culminaram na Missa Nova.

As mudanças introduzidas por Pio XII em 1955 nos ritos da Semana Santa

Aqui estão as mudanças mais relevantes associadas a essa reforma, que Sanborn rejeita e que foram promulgadas pelo decreto Maxima Redemptionis Nostrae Mysteria de 16 de novembro de 1955:

Alteração nos Horários dos Ritos:
Antes de 1955, os ofícios da Semana Santa, como os da Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo, eram tradicionalmente realizados pela manhã, refletindo costumes antigos da Igreja. A reforma de 1955 mudou esses horários para a tarde ou noite (por exemplo, a Vigília Pascal passou a ser celebrada após o anoitecer), com o argumento de facilitar a participação dos fiéis. Sanborn e outros tradicionalistas veem isso como uma ruptura com a prática antiga e uma concessão ao pragmatismo moderno.

Revisão da Vigília Pascal:
A Vigília Pascal, um dos ritos mais solenes da Semana Santa, foi significativamente simplificada e reorganizada. Antes, incluía 12 profecias lidas antes da bênção da água batismal; em 1955, esse número foi reduzido para 4, e o rito foi encurtado. Além disso, a liturgia ganhou um tom mais "celebratório", com a introdução de elementos como a renovação das promessas batismais pelos fiéis. Para Sanborn, isso dilui o caráter penitencial e solene da tradição.
 
Mudanças na Sexta-feira Santa:
O rito da "Missa dos Pré-santificados" foi substituído por uma nova "Celebração da Paixão do Senhor", que incluía a leitura da Paixão, orações solenes e a adoração da cruz, mas com uma estrutura simplificada e menos ênfase nos elementos tradicionais. A reforma também introduziu a possibilidade de comunhão dos fiéis nesse dia, algo antes não permitido. Sanborn vê isso como uma antecipação do estilo participativo da Missa Nova.
 
Reforma do Sábado Santo:
O rito do Sábado Santo foi transferido para a noite e centrado na Vigília Pascal, com a bênção do fogo novo e do círio pascal ganhando destaque. Embora esses elementos já existissem, a reorganização e a redução de partes do rito (como as leituras) foram criticadas por alterar o espírito contemplativo e austero do dia, alinhando-o a uma visão mais moderna e menos tradicional.
 
Introdução de Novas Rubricas e Linguagem:
As reformas trouxeram rubricas mais detalhadas e, em alguns casos, uma linguagem litúrgica ajustada para ser mais acessível. Isso é interpretado por Sanborn como um primeiro passo para a vernacularização e simplificação que culminariam no Novus Ordo.

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