🌪️Pentecostalismo: A Ilusão Subjetivista e o Legado do Naturalismo Protestante


O surgimento do pentecostalismo moderno se dá a partir de um evento na Escola Bíblica de Topeka em 1901, marcado pela experiência do “batismo no Espírito Santo” e o dom de línguas. O movimento, impulsionado por figuras como Charles Fox Parham e pelo Reavivamento da Rua Azusa em 1906, expandiu-se globalmente. O resumo aponta que o pentecostalismo não é uma única denominação, mas um fenômeno transversal que se manifesta em formas clássicas (como as Assembleias de Deus), no movimento carismático dentro de igrejas tradicionais e no neopentecostalismo, este último frequentemente associado à teologia da prosperidade.

O surgimento e a proliferação do movimento pentecostal, longe de representarem uma autêntica manifestação do Espírito Santo, constituem, na verdade, uma consequência lógica e um aprofundamento dos erros fundamentais inaugurados pela rebelião protestante do século XVI. Trata-se de um fenômeno que exacerba o subjetivismo religioso, o naturalismo disfarçado de piedade e o indiferentismo, princípios radicalmente opostos à Fé católica e à ordem sobrenatural divinamente estabelecida.

📜As Raízes no Erro Protestante

Para compreender a natureza do pentecostalismo, é imperativo retornar à sua origem: o protestantismo. A negação da autoridade do Magistério da Igreja e a adoção do “livre exame” da Escritura abriram as portas para que a verdade religiosa deixasse de ser um dado objetivo, recebido de Deus, para se tornar uma construção individual e sentimental. O protestantismo, ao rejeitar a mediação sacramental da Igreja, reduziu a graça a uma abstração e a fé a um ato de confiança subjetiva, desembocando, paradoxalmente, num naturalismo prático. Neste sistema, a natureza humana, intrinsecamente corrompida, não é restaurada pela graça, mas apenas coberta por um manto. O homem, consequentemente, afunda-se em suas próprias aptidões e sentimentos, buscando critérios de justificação no sucesso material e nas experiências emocionais (Lefebvre, 1991, p. 11).

O pentecostalismo é o auge desse processo. A experiência do “batismo no Espírito Santo”, acompanhada de manifestações como a glossolalia, torna-se o novo critério de verdade e de aprovação divina, substituindo a doutrina objetiva e os sacramentos instituídos por Cristo. É a exaltação do sentimento individual como fonte de certeza religiosa, um dos pilares do liberalismo condenado pelos Papas (Lefebvre, 1991, p. 12).

🧠O Primado da Experiência sobre a Verdade

O erro central do liberalismo é a proclamação da independência do homem em relação à ordem objetiva. A inteligência não mais se submete ao real para conhecer a verdade, mas cria a sua própria verdade (Lefebvre, 1991, p. 16). O pentecostalismo aplica este princípio à esfera religiosa de maneira radical. A “verdade” não é mais Nosso Senhor Jesus Cristo e o depósito da Fé guardado pela Igreja, mas a experiência pessoal, intensa e intransferível, que o indivíduo alega ter.

Esta primazia do subjetivismo destrói a própria noção de verdade. Se cada indivíduo é o árbitro de sua própria experiência com o divino, então não pode haver uma única Fé verdadeira. Todas as crenças, desde que validadas por um sentimento forte, tornam-se equivalentes. Assiste-se, assim, à dissolução da verdade numa multiplicidade de opiniões, o que leva inevitavelmente ao indiferentismo religioso, a peste que considera todas as religiões como caminhos igualmente válidos para a salvação (Lefebvre, 1991, p. 45).

💸O Naturalismo Disfarçado de Piedade

Embora o pentecostalismo se apresente com uma aparência de fervor e poder sobrenatural, ele está profundamente radicado no naturalismo. O foco em curas físicas, prosperidade material e sucesso terreno — pilares do neopentecostalismo — revela uma visão de mundo que subordina o fim último do homem, a salvação eterna, a bens temporais. A religião transforma-se num instrumento para obter vantagens nesta vida, uma inversão completa da ordem cristã, que ensina a buscar primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça.

Este materialismo é o resultado direto da mentalidade protestante, que busca no êxito econômico o sinal da justificação divina (Lefebvre, 1991, p. 11). Trata-se da organização de uma sociedade — e de uma vida espiritual — sem a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde o sofrimento é visto como maldição e a riqueza como bênção, uma negação do Evangelho.

🤝Uma Falsa Unidade no Indiferentismo

O pentecostalismo se espalhou como um “movimento carismático” por diversas denominações, inclusive as protestantes históricas. Esta suposta unidade não é a unidade na verdade da Fé católica, mas uma confederação de erros baseada num denominador comum: o sentimentalismo e a experiência subjetiva. É a concretização do ideal liberal de pluralismo, que coloca a verdade e o erro no mesmo plano e os declara com direitos iguais.

Esta mentalidade é a mesma que, no campo político, exige do Estado uma completa neutralidade religiosa, tratando a Igreja de Cristo como apenas mais uma “opinião” no mercado das ideias. Tal indiferentismo, seja no indivíduo ou na sociedade, é o ateísmo sem o nome, pois nega os direitos exclusivos de Deus e de Sua única e verdadeira Igreja (Lefebvre, 1991, p. 45).

Em suma, o fenômeno pentecostal não é um reavivamento do cristianismo primitivo, mas sim uma manifestação contemporânea dos princípios revolucionários do subjetivismo e do naturalismo, herdados do protestantismo. Ao exaltar a experiência individual em detrimento da doutrina objetiva e ao promover uma visão materialista da salvação, ele representa não uma obra do Espírito Santo, mas um afastamento radical da Verdade que é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Referências

Lefebvre, Marcel. Do liberalismo à apostasia: a tragédia conciliar. Rio de Janeiro: Editora Permanência, 1991.