O conflito entre a Lex Credendi pré e pós-Concílio Vaticano II reflete um embate profundo dentro da Igreja Católica, especialmente em relação à liturgia. A liturgia pré-Vaticano II, conhecida como usus antiquior ou Missa Tradicional, é frequentemente vista como um obstáculo para a Igreja pós-conciliar, que se reestruturou inteiramente em torno das reformas do Concílio Vaticano II. Esse conflito não é apenas teológico, mas também psicológico e simbólico, refletindo um confronto entre duas visões da fé católica.
Desde o encerramento do Concílio, essa disputa tem surgido em todos os conclaves. A Missa Tradicional, celebrada em latim e com um rito mais solene, tornou-se um símbolo para os conservadores dentro da Igreja, que a veem como um baluarte contra as mudanças promovidas pelo Vaticano II. Por outro lado, muitos dentro da Igreja pós-conciliar consideram que o apego a essa forma antiga de liturgia é um retrocesso e um desafio à renovação que o Concílio buscou implementar.
A questão da Missa Tradicional tem ganhado importância nos conclaves, especialmente devido à oposição às restrições impostas pelo documento Traditionis custodes e outros subsequentes. Esses documentos, vistos como medidas para limitar a celebração da Missa Tradicional, têm gerado divisões dentro da Igreja, com muitos cardeais e fiéis vendo a guerra contra a liturgia tradicional como desnecessária e contraproducente.
A tensão em torno da Missa Tradicional também tem impacto nas eleições papais. O Cardeal Pietro Parolin, atual Secretário de Estado e considerado um forte candidato à sucessão do Papa Francisco, enfrenta críticas por seu papel nas restrições à liturgia pré-conciliar. Sua postura em relação à Missa Tradicional pode, de fato, se tornar um ponto sensível em um futuro conclave, com conservadores dentro do colégio de cardeais observando de perto suas ações.