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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Corrupção da Igreja e o Anticristo - Santa Hildegard de Bingen

Hildegard de Bingen, uma mística, teóloga e santa do século XII, em suas visões proféticas, frequentemente abordava temas apocalípticos e alertava sobre a corrupção espiritual que, em sua visão, caracterizaria os últimos tempos. 

Visão do Fim dos Tempos e o Anticristo
Em sua obra Scivias ("Conhece os Caminhos"), Hildegard oferece uma visão detalhada sobre o fim dos tempos, onde o Anticristo aparece como o ápice da corrupção espiritual e do engano:

"Ele [o Anticristo] será concebido no ventre de uma mulher depravada, e o seu espírito será inflado por Satanás. Ele se oporá diretamente a Deus, negará toda forma de verdade, e se apresentará como o verdadeiro Salvador. Muitas pessoas o seguirão, porque ele pregará uma doutrina fácil, oferecendo às massas aquilo que desejam ouvir: que o sofrimento e o sacrifício são desnecessários, que podem buscar seus prazeres e desejos sem temor de condenação."

Aqui, Hildegard enfatiza o caráter ilusório do Anticristo, que promete libertação e redenção através da negação das verdades tradicionais da fé cristã, oferecendo uma falsa liberdade aos que desejam evitar o sacrifício espiritual.

A Corrupção da Igreja e o Fim dos Tempos
Hildegard também profetiza sobre a corrupção interna da Igreja, que ela acreditava que se deterioraria progressivamente antes do advento do Anticristo. Em outra parte de Scivias, ela fala sobre como o clero se afastaria da verdadeira fé:

"Nos últimos tempos, a pureza será manchada na Igreja. Muitos que deveriam ser pastores se transformarão em lobos devoradores, e em vez de guiar o rebanho, o levarão à perdição. Eles se entregarão ao mundo, aos prazeres carnais, e ao poder, esquecendo-se do Deus vivo. Assim, prepararão o caminho para o Anticristo, que seduzirá o mundo com suas mentiras, dizendo que a verdadeira fé é desnecessária e que o homem pode viver apenas para si mesmo."

Essa mensagem de Hildegard reflete uma preocupação comum em sua época sobre o clero, particularmente sobre a corrupção e a perda de foco espiritual dentro da própria Igreja, o que, segundo ela, abriria caminho para o engano final.

O Coração Endurecido e a Falsa Liberdade
Outro exemplo da preocupação de Hildegard com a decadência espiritual aparece em sua obra Liber Divinorum Operum ("Livro das Obras Divinas"). Ela alerta sobre como as pessoas se tornariam insensíveis ao pecado:

"As pessoas nos últimos tempos endurecerão seus corações, preferindo as coisas terrenas às espirituais. Elas serão como animais, buscando o prazer e a satisfação de seus corpos, sem qualquer consideração pela alma. O Anticristo se aproveitará dessa fraqueza, prometendo-lhes a liberdade dos mandamentos de Deus. Ele dirá: 'Por que vocês deveriam temer o inferno, quando podem ser livres aqui e agora?' E assim, muitos serão tragados por suas mentiras."

Nesse texto, Hildegard critica a tendência humana de buscar a satisfação imediata e física, enquanto negligenciam sua vida espiritual. Ela vê nisso uma preparação para o engano final do Anticristo, que pregará uma doutrina de "liberdade" que, na verdade, levará à destruição espiritual.

A Perda do Temor a Deus
Hildegard também destaca o perigo de se perder o temor a Deus, que ela via como um fator chave na vulnerabilidade humana ao engano do Anticristo. Em outra de suas visões, ela escreve:

"Quando o mundo perder o santo temor a Deus, quando as pessoas não mais se importarem com a justiça divina, mas buscarem apenas o conforto e a riqueza terrena, então o Anticristo surgirá. Ele dirá às pessoas que não há nada a temer, que Deus é indulgente e que todos serão salvos, independentemente de como vivam suas vidas. Esse será o maior engano de todos."

Aqui, Hildegard fala sobre o risco de se perder a reverência por Deus e pela justiça divina, o que permitiria que o Anticristo se apresentasse como um salvador que prega uma salvação sem a necessidade de conversão ou santidade.