13 AGO - S. HIPÓLITO E S. CASSIANO, Mártires


📜 Santo Hipólito, sacerdote romano do século III, inicialmente entrou em cisma com o Papa Calisto, mas reconciliou-se com a Igreja no exílio na Sardenha, onde foi martirizado em 235. Partilha a sua comemoração com São Cassiano de Ímola, um mestre-escola do século III que, segundo a tradição, foi martirizado pelos seus próprios alunos pagãos, que o trespassaram com os seus estiletes de escrita, transformando as ferramentas de educação em instrumentos de seu martírio.

📖 Introito – Salmo 36(37), 39-1
Salus autem justórum a Dómino... A salvação dos justos vem do Senhor, e Ele é seu protetor no tempo da tribulação. Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.

✉️ Epístola – Hebreus 10, 32–38
Lembrai-vos, irmãos, dos primeiros dias, nos quais, depois de iluminados, suportastes um grande combate de sofrimentos: ora expostos publicamente a injúrias e tribulações, ora tornando-vos companheiros dos que assim eram tratados. Com efeito, compadecestes-vos dos presos, e aceitastes com alegria o roubo dos vossos bens, sabendo que tendes uma possessão melhor e permanente. Não lanceis fora, pois, a vossa confiança, que tem uma grande recompensa. Com efeito, a paciência vos é necessária, para que, fazendo a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Pois ainda um pouco, bem pouco tempo, e aquele que há de vir virá e não tardará. Mas o meu justo viverá pela fé.

✨ Evangelho – Lucas 12, 1–8
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Pois nada há encoberto que não venha a ser revelado, e nada oculto que não venha a ser conhecido. Porque o que dissestes nas trevas, será dito à luz; e o que falastes ao ouvido nos quartos, será proclamado sobre os telhados. Digo-vos, meus amigos: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Mostrar-vos-ei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno. Sim, eu vos digo: a esse temei. Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois: valeis mais do que muitos passarinhos. Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos Anjos de Deus.

🤔 Reflexões

💡 Temei Aquele que tem poder de lançar no inferno. Isso Ele nos disse, não para que pereçamos, mas para que, temendo, sejamos cautelosos e, sendo cautelosos, não pereçamos (Santo Agostinho, Sermão 61). A recompensa não é dada simplesmente por começar, mas por perseverar pacientemente até o fim, pois a paciência é a raiz de todos os bens (São João Crisóstomo, Homilias sobre a Epístola aos Hebreus, Homilia 20). A confissão da fé não é apenas um ato da boca, mas também um testemunho de vida; pois quem confessa o Senhor com a boca deve também confessá-Lo com as obras, para que a confissão seja completa (Santo Ambrósio, Exposição sobre o Evangelho de Lucas, Livro VII).

🕊️ O Evangelho de Mateus (10, 26-33) oferece um paralelo direto, mas aprofunda a exortação a não temer, especificando que os perseguidores "não podem matar a alma", um detalhe teológico não explícito na formulação de Lucas, que diz que "nada mais podem fazer". Além disso, Mateus menciona a venda de "dois passarinhos por um asse", enquanto Lucas refere "cinco por dois asses", e Mateus inclui a promessa de que quem perder a sua vida por causa de Cristo a encontrará, um acréscimo que liga diretamente o martírio à salvação.

⛓️ São Paulo aprofunda a teologia da confissão mencionada no Evangelho, ao afirmar em Romanos (10, 9-10) que "se com a tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo", ligando explicitamente a confissão oral à fé interior e à salvação. A exortação a não temer os que matam o corpo ecoa em sua carta aos Romanos (8, 38-39), onde ele assegura que nem a morte, nem a vida, nem qualquer criatura "poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor", expandindo a promessa de proteção divina para além do perigo físico, abrangendo todas as forças cósmicas e existenciais.

🏛️ O Catecismo do Concílio de Trento complementa a exortação à confissão pública da fé, ao ensinar que o Símbolo dos Apóstolos deve ser professado não apenas como crença interior, mas como um dever de testemunho externo, mesmo sob risco de vida, enquadrando o martírio como o ato supremo da virtude da fortaleza, que vence o "temor dos que matam o corpo". A encíclica Pascendi Dominici Gregis (1907) do Papa São Pio X, ao condenar o modernismo, ecoa a advertência contra o "fermento dos fariseus", descrevendo os erros modernistas como uma forma de hipocrisia intelectual que corrompe a doutrina "não de fora, mas de dentro" da Igreja.