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23 AGO - S. FILIPE BENÍCIO, Confessor


Filipe Benício (1233-1285) foi um frade italiano, o quinto Superior Geral da Ordem dos Servos de Maria (Servitas), conhecido por sua profunda espiritualidade e rigorosa humildade. Sua obra espiritual foi marcada pela expansão e consolidação da Ordem Servita, estabelecendo conventos e incentivando a devoção a Nossa Senhora das Dores. Sua humildade era tão exemplar que, ao ser eleito para o pontificado em 1268, ele fugiu para evitar aceitar o cargo, demonstrando o completo desapego às honras mundanas, o que ecoa perfeitamente o Evangelho do dia.

🌿 Introito (Sl 91, 13-14 | ib., 2)
Justus ut palma florébit... O Justo floresce como a palmeira, na plenitude da força, como o cedro do Líbano, plantado, na casa do Senhor e nos átrios da casa de nosso Deus. Sl. É bom louvar o Senhor e cantar salmos em honra de vosso Nome, ó Altíssimo.

⚔️ Epístola (I Cor 4, 9-14)
Irmãos: Somos dados em espetáculo ao mundo, aos Anjos e aos homens. Somos néscios por amor do Cristo, mas vós sois sábios no Cristo; nós somos fracos, e vós fortes; vós estimados e nós desprezados. Até esta hora padecemos fome e sede, e estamos nus; somos esbofeteados e não temos morada certa. Fatigamo-nos a trabalhar com as nossas mãos. Amaldiçoam-nos, e bendizemos; perseguem-nos, e sofremos; blasfemam contra nós, e rezamos. Somos tratados como a imundície deste mundo, a escória de todos, até agora. Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas admoesto-vos como a filhos muito amados em Jesus Cristo, Senhor nosso.

🕊️ Evangelho (Lc 12, 32-34)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Não temais, ó pequeno rebanho, pois foi do agrado de vosso Pai dar-vos o seu Reino. Vendei o que possuís e daí-o de esmola. Fazei para vós bolsas que não envelhecem, um tesouro inexaurível no céu, onde não chega o ladrão, nem a traça corrompe. Porque onde está o vosso tesouro aí estará também o vosso coração.

💡 Reflexões

📜 O coração do homem segue seu tesouro; se o tesouro for terreno, o coração fica preso à terra; se o tesouro for celeste, o coração é elevado. (Santo Agostinho, Sermão 38, Sobre as palavras do Evangelho, Lucas 12:34). Somos dados em espetáculo porque suportamos as coisas que o mundo considera desprezíveis, mas nas quais reside a verdadeira sabedoria. (São João Crisóstomo, Homilia 12 sobre a Primeira Coríntios). Se somos um pequeno rebanho, não temamos os lobos, pois o Pai, cuja boa vontade é dar-nos o Reino, é maior do que todos. (São Cipriano de Cartago, Tratado 3, Sobre a Unidade da Igreja Católica).

⚖️ Enquanto Lucas 12:32-34, ao ordenar “Vendei o que possuís e daí-o de esmola”, exige uma renúncia ativa e prática da propriedade para a caridade imediata, Mateus 6:19-21, embora tratando do mesmo tema do tesouro inexaurível, foca primariamente na oposição intrínseca entre guardar riquezas na terra versus no céu, inserindo este ensino no contexto mais amplo da perfeição da Lei durante o Sermão da Montanha.

🔗 O Evangelho sobre desapegar-se dos bens terrenos para focar no tesouro celeste é poderosamente complementado por São Paulo na Epístola aos Colossenses, onde ele exorta os fiéis a buscarem as coisas do alto, e não as da terra, pois a vida está escondida em Cristo. A atitude de extrema humildade e desprendimento de São Filipe Benício, que fugiu da honra do papado, é justificada pela exortação paulina aos Filipenses, onde o Apóstolo considera todas as suas conquistas e vantagens como perda e esterco para ganhar Cristo.

🏛️ A Igreja, ao longo de seus documentos magisteriais, confirma a centralidade da caridade e do desapego evangélico de São Filipe Benício; a Encíclica Rerum Novarum (1891), ao discutir a propriedade privada, enfatiza que o principal propósito dos bens materiais é permitir ao indivíduo viver virtuosamente e praticar a caridade, alinhando-se diretamente com o mandamento de Lucas de "dar de esmola" como meio de acumular tesouro celestial. O foco no Reino, como a meta do "pequeno rebanho," é reforçado pela condenação do materialismo e do excessivo apego às riquezas terrenas em documentos como a Quadragesimo Anno, que reitera que a solução para as crises sociais está no retorno à lei evangélica de desapego e amor.