A FSSPX, ao adotar a postura de "Reconhecer e Resistir", afirma reconhecer a autoridade do Papa e do Magistério pós-conciliar, mas resiste a certos ensinamentos e práticas associados ao Concílio Vaticano II, alegando que contradizem a Tradição da Igreja. Contudo, segundo o princípio de Zapelena, a unidade de fé requer submissão formal ao Magistério autêntico, pois este é o instrumento divino para propor a fé de modo infalível ou, no mínimo, autoritativo. Se a FSSPX é forçada a resistir ao Magistério do Vaticano II, isso implica uma de duas possibilidades: ou o Magistério pós-conciliar não é autêntico, ou a resistência da FSSPX é injustificada.
Ora, um Magistério autêntico, por sua natureza, propõe a fé de modo que os fiéis, em consciência reta, são levados à submissão sincera. A resistência sistemática da FSSPX a aspectos centrais do Vaticano II (como a liberdade religiosa, o ecumenismo e a liturgia do Novus Ordo) sugere que tais ensinamentos são percebidos como contrários à fé transmitida. Se essa percepção for correta, segue-se logicamente que o Magistério do Vaticano II, ao menos em certos pontos, não cumpre sua função de propor autenticamente a fé. Pois, como diz Zapelena, a unidade de fé depende de uma regra externa que unifica os fiéis, e um Magistério que provoca divisão ou resistência não pode ser considerado plenamente autêntico em sua proposição.
Ademais, a posição R&R contém uma contradição interna: reconhecer a autoridade de um Magistério enquanto se resiste a ele equivale a minar a própria noção de autoridade eclesial. A submissão formal, exigida por Zapelena, não admite tal dualidade, pois a fé católica não pode ser dividida entre aceitação parcial e resistência seletiva. Assim, a necessidade de resistência por parte da FSSPX indica que o Magistério do Vaticano II, em algum grau, falha em preservar a unidade de fé.
Se, como argumentado, o Magistério do Vaticano II contradiz a fé em certos aspectos, segue-se que a religião do Novus Ordo, que se fundamenta nesse Magistério, não pode ser o locus da unidade de fé. A religião do Novus Ordo refere-se ao conjunto de práticas, liturgias e ensinamentos pós-conciliares, incluindo a Missa de Paulo VI e as orientações doutrinárias do Vaticano II. Segundo Zapelena, a unidade de fé exige que todos os membros da Igreja se submetam a uma mesma regra magisterial, que propõe a fé de modo consistente com a Tradição apostólica.
No entanto, a implementação do Vaticano II gerou divisões visíveis: a FSSPX resiste, grupos tradicionalistas divergem, e até mesmo dentro do Novus Ordo há interpretações variadas dos ensinamentos conciliares. Essa fragmentação é evidência de que a regra externa do Magistério pós-conciliar não está unificando os fiéis na mesma fé. Por exemplo, a doutrina da liberdade religiosa (Dignitatis Humanae) é frequentemente vista como incompatível com o ensinamento tradicional sobre o reinado social de Cristo, e a liturgia do Novus Ordo é criticada por enfraquecer a expressão da fé sacrificial. Tais rupturas sugerem que a religião do Novus Ordo não mantém a unidade formal exigida por Zapelena.
Além disso, a submissão sincera ao Magistério implica confiança em sua continuidade com a Tradição. Se o Magistério do Vaticano II é percebido como inovador em detrimento da fé tradicional, ele não pode exigir a adesão formal dos fiéis, pois a fé católica é imutável em sua essência. Assim, a religião do Novus Ordo, ao se alinhar com um Magistério que provoca resistência, não pode ser considerada o fundamento da unidade de fé.
Concluímos, à luz de Zapelena, que a posição "Reconhecer e Resistir" e a religião do Novus Ordo são insustentáveis diante do princípio da unidade de fé. A resistência da FSSPX ao Magistério do Vaticano II revela uma contradição: um Magistério autêntico não pode propor ensinamentos que justifiquem resistência legítima. Por conseguinte, a religião do Novus Ordo, baseada nesse Magistério, não realiza a unidade de fé, pois carece da submissão unânime dos fiéis a uma regra magisterial consistente com a Tradição. A verdadeira unidade de fé, como ensina Zapelena, só pode ser restaurada pela adesão a um Magistério que proponha a fé católica em continuidade com a Tradição apostólica, sem rupturas ou ambiguidades.
Referência
Tadeusz Zapelena, De Ecclesia Christi, Pars I (Roma, 1955).