Estas palavras, pronunciadas pelo próprio Cristo, constituem o fundamento visível da Igreja Católica: o primado de São Pedro e de seus legítimos sucessores. Esta doutrina não é uma opinião, nem uma política eclesiástica sujeita a reformas. Trata-se de um dogma, definido solenemente pelo Concílio Vaticano I e mantido por todos os papas até o advento da religião conciliar no século XX.
No entanto, como foi noticiado no dia 2 de junho de 2025, no artigo intitulado “Leão XIV abandona a supremacia papal: Pedro não é mais ‘A Rocha’”, publicado na plataforma Big Modernism, o atual ocupante da Sé de Roma fez declarações que, se verdadeiras, configuram nada menos que a negação explícita da doutrina católica sobre o papado.
Segundo o relato, Leão XIV afirmou que o papado não deve ser compreendido como uma autoridade vertical instituída diretamente por Cristo, mas sim como um “ministério de escuta e serviço” no contexto de uma Igreja essencialmente sinodal. Disse ainda que “Pedro foi um ponto de referência histórico, mas a verdadeira rocha é o povo de Deus unido em comunhão”. Se tal afirmação não provocou horror imediato no espírito do leitor católico, então a crise da fé atingiu um nível ainda mais profundo do que imaginávamos.
A Igreja sempre ensinou que o papa, como sucessor de Pedro, recebe de Cristo um poder supremo de jurisdição sobre toda a Igreja. O Concílio Vaticano I define: “Ensinamos e declaramos, segundo o testemunho do Evangelho, que foi ao bem-aventurado Pedro que o Senhor conferiu o primado de jurisdição sobre toda a Igreja. [...] Este poder de jurisdição do Romano Pontífice é verdadeiramente episcopal, ordinário e imediato.” Concílio Vaticano I, Pastor Aeternus, cap. 3 (Denzinger-Hünermann 1822–1824) E mais adiante: “O Espírito Santo, porém, não foi prometido aos sucessores de Pedro para que, por Sua revelação, manifestassem uma nova doutrina, mas para que, com a Sua assistência, guardassem religiosamente e expusessem fielmente a revelação transmitida pelos Apóstolos, isto é, o depósito da fé.” Pastor Aeternus, cap. 4 (Denz. 1836)
O papado não é, portanto, uma função simbólica ou meramente pastoral. É um ofício de ensino e governo divinamente instituído, cuja autoridade não depende de consenso, sínodos ou opinião pública. Ele é — e sempre foi — a rocha visível da unidade e da ortodoxia.
Desde o Vaticano II, assistimos a uma gradual substituição da doutrina católica tradicional por uma nova eclesiologia — centrada não mais em Cristo como Cabeça de um corpo hierárquico, mas em um “povo em caminho”, governado por assembleias e impulsos do “Espírito”. Essa linguagem ambígua e subjetiva não é acidental. É o instrumento de uma revolução doutrinal.
Com as declarações de Leão XIV, essa revolução atinge o seu ápice: o sucessor de Pedro nega a própria essência do papado, reduzindo-o a um papel simbólico, horizontal, condicionado à “escuta” da comunidade e à fluidez dos tempos. Tal posição não é apenas errônea — é herética. Ela contradiz diretamente a Revelação divina e os dogmas definidos. Aqui se impõe a pergunta: pode um verdadeiro papa ensinar heresia de forma pública e persistente? A tradição teológica da Igreja responde: não. Um papa que caísse em heresia manifesta perderia o ofício automaticamente (ipso facto), pois estaria fora da Igreja — e nenhum herege pode ser cabeça de um corpo do qual já não faz parte. São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja, ensina: “Um papa manifestamente herege cessa de ser papa e cabeça, da mesma forma que cessa de ser cristão e membro da Igreja.” De Romano Pontifice, II, 30. Ora, se Leão XIV afirma que Pedro não é mais a rocha da Igreja, então ele mesmo se exclui da função de sucessor de Pedro. Ele nega o próprio fundamento da autoridade que alega possuir.
A posição sedevacantista, há décadas ridicularizada ou ignorada, não é um capricho nem uma rebelião. Ela é uma conclusão lógica, teológica e moralmente necessária diante do colapso da fé na hierarquia modernista. Como dizia o Pe. Anthony Cekada: “Se alguém ocupa um cargo e promove uma religião falsa, então ou a religião está errada ou o ocupante não é legítimo. Não há meio-termo.” Aceitar como papa um homem que nega os dogmas do papado é destruir toda a lógica do Magistério católico. A fé não exige adesão cega a qualquer um que use batina branca. Exige fidelidade ao que sempre foi ensinado “em toda parte, sempre e por todos”.
Diante de mais esse escândalo, o católico fiel deve lembrar-se do ensinamento de São Vicente de Lerins: “O verdadeiro católico é aquele que permanece fiel àquilo que foi crido universalmente, sempre e por todos.” Não estamos contra a Igreja. Estamos com a Igreja, contra os que a corrompem sob o pretexto de reformá-la. A Sé de Pedro não está ocupada — está usurpada. E a única resposta católica, hoje como sempre, é manter a fé íntegra, pública e inabalável, mesmo que o mundo inteiro diga o contrário.
Referências
Concílio Vaticano I, Constituição Pastor Aeternus (1870), em: Denzinger-Hünermann nº 1822–1836.
São Roberto Belarmino, De Romano Pontifice, Livro II, cap. 30.
Pe. Anthony Cekada, Quid Vacante? (2007), Traditional Mass.org.
Big Modernism Substack. “Leão XIV abandona a supremacia papal: Pedro não é mais ‘A Rocha’.” Publicado em 2 de junho de 2025. Acessado em 4 de junho de 2025.
https://bigmodernism.substack.com/p/leo-xiv-abandons-papal-supremacy
Concílio Vaticano I, Constituição Pastor Aeternus (1870), em: Denzinger-Hünermann nº 1822–1836.
São Roberto Belarmino, De Romano Pontifice, Livro II, cap. 30.
Pe. Anthony Cekada, Quid Vacante? (2007), Traditional Mass.org.
Big Modernism Substack. “Leão XIV abandona a supremacia papal: Pedro não é mais ‘A Rocha’.” Publicado em 2 de junho de 2025. Acessado em 4 de junho de 2025.
https://bigmodernism.substack.com/p/leo-xiv-abandons-papal-supremacy