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62 Razões para não assistir à Missa Nova, por Dom Antônio de Castro Mayer

As "62 Razões para não assistir à Missa Nova" foram organizadas por um grupo de 25 padres diocesanos da Diocese de Campos, no Brasil, liderados por Dom Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos na época. Esse documento foi elaborado na década de 1970, mais especificamente por volta de 1974, como uma resposta crítica à introdução da Nova Missa (Novus Ordo Missae), promulgada pelo Papa Paulo VI em 1969 após o Concílio Vaticano II. Dom Antônio de Castro Mayer era conhecido por sua resistência às reformas litúrgicas do Concílio e por sua defesa da Missa Tridentina, também chamada de Missa Tradicional Latina.

O texto reflete a posição tradicionalista desses sacerdotes, que argumentavam que a Nova Missa comprometia a fé católica por supostamente incorporar elementos protestantes e ambiguidades teológicas. Embora a data exata de publicação possa variar dependendo da fonte, sua origem está associada ao período de oposição inicial às mudanças litúrgicas, sendo posteriormente difundido por grupos como a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada por Dom Marcel Lefebvre, que também apoiava essa visão.

1. Mudança na essência teológica

O folheto argumenta que a Missa Nova altera a compreensão tradicional do Sacrifício da Cruz. Enquanto a Missa Tridentina enfatiza a renovação incruenta do sacrifício de Cristo para expiação dos pecados, a Missa Nova é vista como uma "ceia memorial" ou "assembleia comunitária", diluindo seu caráter sacrificial (razões 1-5). Isso seria influenciado por ideias protestantes, que rejeitam a noção de sacrifício propiciatório, e por uma abordagem ecumênica que compromete a doutrina católica (razões 6-10).

2. Alterações litúrgicas problemáticas

A reforma litúrgica é criticada por simplificar ou remover elementos essenciais da Missa Tridentina, como orações tradicionais (ex.: o Canon Missae fixo), gestos de reverência (ex.: genuflexões) e o uso exclusivo do latim, língua sagrada da Igreja (razões 11-20). O folheto aponta que a introdução de línguas vernáculas e a orientação do altar "versus populum" (sacerdote voltado para o povo) desviam o foco de Deus para a comunidade, enfraquecendo a sacralidade (razões 21-25).

3. Influência modernista e ambiguidade doutrinal

Segundo a FSSPX, a Missa Nova reflete o modernismo condenado por São Pio X, com textos ambíguos que permitem interpretações heterodoxas (razões 26-30). Por exemplo, a nova definição da Missa no Institutio Generalis (1969) foi ajustada após críticas por soar protestantizante, mas ainda seria insuficiente para preservar a fé tradicional (razões 31-35). A participação de teólogos protestantes na reforma é citada como evidência de compromissos inaceitáveis (razões 36-38).

4. Impacto na fé e na piedade

O folheto alega que a Missa Nova enfraquece a fé dos fiéis ao reduzir a distinção entre sacerdócio ministerial e laicato, promovendo uma "democratização" da liturgia (razões 39-45). A liberdade excessiva dada aos sacerdotes para improvisar (ex.: escolhas de orações eucarísticas) levaria a abusos e perda de uniformidade (razões 46-50). Isso resultaria em menor reverência, menos vocações e um declínio na vida espiritual católica (razões 51-55).

5. Legitimidade e obediência

A FSSPX questiona a legitimidade da promulgação da Missa Nova, argumentando que ela rompe com a tradição bimilenar da Igreja e contradiz o princípio de imutabilidade litúrgica defendido por papas como São Pio V (razões 56-60). Embora reconheça a validade da Missa Nova quando celebrada corretamente, sugere que os fiéis têm o direito de rejeitá-la em favor da Missa Tridentina, que nunca foi abrogada (razões 61-62).