Um dos principais documentos resultantes do Concílio Vaticano II (1962-1965) foi a “Gaudium et Spes”, que enfatiza a dignidade humana e a necessidade de solidariedade entre todos os povos. A fraternidade universal, nesse contexto, se refere à ideia de que todos os seres humanos são irmãos e irmãs em Cristo, independentemente de suas diferenças culturais, sociais ou religiosas.
Essa visão de fraternidade universal também se alinha com o conceito de diálogo inter-religioso e respeito mútuo entre as diversas tradições espirituais. O Vaticano II encorajou os católicos a se engajar em um diálogo construtivo com outras religiões e culturas, promovendo uma compreensão mais profunda das questões sociais e éticas que afetam a humanidade como um todo.
Nova Missão da Igreja
A nova missão da Igreja Católica após o Vaticano II pode ser vista como uma resposta às mudanças sociais e culturais do século XX. A Igreja passou a se ver não apenas como uma instituição religiosa, mas como uma comunidade chamada a servir o bem comum. Essa missão inclui promover justiça social, paz e desenvolvimento humano integral.
A nova missão também implica em um compromisso com os pobres e marginalizados. A “Evangelii Nuntiandi”, uma exortação apostólica do Papa Paulo VI publicada em 1975, reforça essa ideia ao afirmar que evangelizar significa trabalhar pela dignidade humana e pela promoção do bem-estar social. Assim, a fraternidade universal se torna um pilar fundamental dessa nova missão: reconhecer que todos têm direito à dignidade humana é essencial para construir sociedades justas.
Adaptando a revolução francesa
A fraternidade na Revolução Francesa era entendida como um laço entre cidadãos que compartilhavam direitos iguais dentro de uma república secular. No entanto, é importante notar que essa fraternidade estava frequentemente limitada por questões de classe social e exclusões raciais ou étnicas.
Após o Vaticano II, a Igreja Católica começou a integrar esses ideais republicanos em sua própria missão pastoral. O reconhecimento da dignidade humana como base para ações sociais reflete diretamente os princípios da Revolução Francesa. Assim, podemos observar uma evolução onde as ideias iluministas sobre fraternidade foram reinterpretadas no sentido de superar divisões sociais através do fortalecimento das comunidades humanas.
Uma data significativa para a fraternidade universal após o Concílio Vaticano II é 3 de outubro de 2020. Nesse dia, o Papa Francisco assinou a encíclica Fratelli Tutti em Assis, que aborda a fraternidade e a amizade social como pilares para a construção de um mundo mais justo e pacífico (ver post).