Introito (At 1, 11 | Sl 46, 2)
Viri Galilǽi, quid admirámini aspiciéntes in cœlum? allelúia... Homens da Galileia, por que admirados olhais para o céu? Aleluia. Como O vistes subir para o céu, assim Ele virá, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Vós, nações todas, batei palmas: celebrai a Deus com voz de alegre canto.
Epístola (At 1, 1-11)
Em minha primeira narração, ó Teófilo, tratei de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o princípio até o dia em que, tendo dado preceitos, por meio do Espírito Santo, aos Apóstolos que tinha escolhido, foi arrebatado [ao céu]. A eles também, depois de sua Paixão, se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do Reino de Deus. E, comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, que ouvistes (disse) de minha boca. João batizou com água, porém, vós sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias. Então os que estavam reunidos assim O interrogavam: Senhor, será nesse tempo que estabelecereis o reino de Israel? Respondeu-lhes então: Não vos cabe saber o tempo e a hora que o Pai em seu poder determinou. Mas recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e me sereis testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até as extremidades da terra. Depois de ter dito isto, elevou-se, à vista deles e uma nuvem O ocultou a seus olhos. E como estivessem com os olhos fitos no céu enquanto Ele ia subindo, eis que dois varões, vestidos de branco, surgiram junto a eles, e lhes disseram: Homens da Galileia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que do meio de vós se elevou ao céu, virá do, mesmo modo por que O vistes ir para o céu.
Evangelho (Mc 16, 14-20)
Naquele tempo, estando à mesa os onze discípulos, apareceu-lhes Jesus e censurou-lhes a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem acreditado naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. O que crer e for batizado, será salvo; porém o que não crer, será condenado. E eis os milagres que seguirão aos que crerem: em meu Nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas: levantarão as serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, esta não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e estes serão curados. E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, elevou-se ao céu, e está sentado à direita de Deus. Eles porém partiram e pregaram por toda a parte. E o Senhor operou com eles e confirmou a sua pregação com os milagres que a acompanhavam.
Homilias e explicações teológicas
Viri Galilǽi, quid admirámini aspiciéntes in cœlum? allelúia... Homens da Galileia, por que admirados olhais para o céu? Aleluia. Como O vistes subir para o céu, assim Ele virá, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Vós, nações todas, batei palmas: celebrai a Deus com voz de alegre canto.
Epístola (At 1, 1-11)
Em minha primeira narração, ó Teófilo, tratei de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o princípio até o dia em que, tendo dado preceitos, por meio do Espírito Santo, aos Apóstolos que tinha escolhido, foi arrebatado [ao céu]. A eles também, depois de sua Paixão, se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do Reino de Deus. E, comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, que ouvistes (disse) de minha boca. João batizou com água, porém, vós sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias. Então os que estavam reunidos assim O interrogavam: Senhor, será nesse tempo que estabelecereis o reino de Israel? Respondeu-lhes então: Não vos cabe saber o tempo e a hora que o Pai em seu poder determinou. Mas recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e me sereis testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e a Samaria, e até as extremidades da terra. Depois de ter dito isto, elevou-se, à vista deles e uma nuvem O ocultou a seus olhos. E como estivessem com os olhos fitos no céu enquanto Ele ia subindo, eis que dois varões, vestidos de branco, surgiram junto a eles, e lhes disseram: Homens da Galileia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que do meio de vós se elevou ao céu, virá do, mesmo modo por que O vistes ir para o céu.
Evangelho (Mc 16, 14-20)
Naquele tempo, estando à mesa os onze discípulos, apareceu-lhes Jesus e censurou-lhes a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem acreditado naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. O que crer e for batizado, será salvo; porém o que não crer, será condenado. E eis os milagres que seguirão aos que crerem: em meu Nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas: levantarão as serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, esta não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e estes serão curados. E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, elevou-se ao céu, e está sentado à direita de Deus. Eles porém partiram e pregaram por toda a parte. E o Senhor operou com eles e confirmou a sua pregação com os milagres que a acompanhavam.
Homilias e explicações teológicas
A Ascensão de Nosso Senhor, celebrada no quadragésimo dia após a Ressurreição, revela a glorificação do Verbo Encarnado, que, tendo cumprido a redenção, retorna ao Pai, não para abandonar os homens, mas para interceder por eles como Sumo Sacerdote eterno, elevando a natureza humana à direita de Deus, de onde enviará o Espírito Santo para guiar a Igreja. Este mistério manifesta a unidade da obra redentora, pois, ao ascender, Cristo não se afasta, mas torna-se mais presente, governando a Igreja como Cabeça invisível e prometendo sua assistência até o fim dos tempos (Santo Agostinho, Sermão 261). A ascensão corporal de Cristo ao céu, com a carne glorificada, demonstra que o céu não é apenas um estado espiritual, mas um lugar real, preparado para os justos, onde o corpo humano, unido à divindade, já reina, sendo penhor da nossa futura glorificação (São Gregório Magno, Homilia 29 sobre os Evangelhos). Este evento também ensina que a missão dos discípulos, agora enviados a pregar a todas as nações, é sustentada pela autoridade de Cristo exaltado, que, ao subir, não deixa de operar sinais e prodígios por meio daqueles que creem, confirmando a verdade do Evangelho (São Leão Magno, Sermão 73). A Ascensão, portanto, é o fundamento da esperança cristã, pois, ao elevar a humanidade à glória divina, Cristo abre o caminho para que os fiéis, perseverando na fé, alcancem a mesma glória, vivendo já espiritualmente onde Ele está assentado (Santo Ambrósio, De Fide Resurrectionis).
Comparação com os demais Evangelhos
O relato da Ascensão em Marcos 16,14-20 enfatiza a missão universal dos discípulos, ordenada por Cristo antes de subir ao céu, com a promessa de sinais que acompanham os que creem, como expulsar demônios, falar novas línguas e curar enfermos. Em Mateus 28,16-20, a narrativa da Grande Comissão ocorre na Galileia, sem menção explícita à Ascensão, mas reforça a autoridade universal de Cristo e sua presença contínua com os discípulos até o fim dos tempos, complementando a ideia de Marcos sobre a missão sustentada pelo poder divino. Lucas 24,50-53 detalha o momento da Ascensão em Betânia, destacando a bênção sacerdotal de Cristo ao elevar as mãos, um gesto litúrgico que sublinha seu papel como mediador eterno, ausente em Marcos. João, por sua vez, não descreve a Ascensão diretamente, mas em João 20,17, Jesus fala a Maria Madalena de sua ascensão ao Pai, sugerindo uma elevação espiritual e teológica que precede o evento físico, enriquecendo a compreensão de Marcos com a ideia de uma ascensão já iniciada na Ressurreição.
Comparação com textos de São Paulo
O relato de Atos 1,1-11, escrito por Lucas, e Marcos 16,14-20, centrados na Ascensão, encontram eco nas epístolas paulinas, que aprofundam o significado teológico do evento. Em Efésios 4,8-10, Paulo interpreta a Ascensão como a exaltação de Cristo acima de todos os céus, após descer às partes mais baixas da terra, distribuindo dons à Igreja, um aspecto não explicitado nos textos do dia, que se concentram na partida física e na missão dos discípulos. Em Colossenses 3,1-2, Paulo exorta os fiéis a buscar as coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, complementando a narrativa de Marcos e Atos com a chamada a uma vida espiritual orientada pela glória de Cristo ascendido. Em Hebreus 4,14-16, Paulo apresenta Cristo como o Sumo Sacerdote que, tendo atravessado os céus, intercede pelos homens, oferecendo uma perspectiva sacerdotal sobre a Ascensão que enriquece a visão missionária de Marcos e a descrição histórica de Atos.
Comparação com documentos da Igreja
A celebração da Ascensão, conforme o Missal Romano de 1920, destaca a glorificação de Cristo e a missão evangelizadora da Igreja. O Breviário Romano, em seus hinos e antífonas para a Ascensão, exalta Cristo como Rei da glória que sobe triunfante, um tema que complementa Atos 1,1-11, ao enfatizar a realeza divina de Cristo, pouco abordada no texto lucano. A Encíclica "Mediator Dei" (1947) de Pio XII, embora focada na liturgia, reforça a ideia de que a Ascensão completa o sacrifício redentor, unindo a Igreja militante à triunfante, uma conexão teológica que aprofunda a narrativa de Marcos sobre a missão dos discípulos, mostrando que a pregação é um reflexo da vitória de Cristo no céu. O Catecismo de São Pio X (1908) ensina que Cristo ascendeu para tomar posse de seu Reino e preparar um lugar para os fiéis, detalhando a esperança escatológica implícita em Atos e Marcos, mas não plenamente desenvolvida, ao afirmar que a Ascensão é a garantia da futura ressurreição dos justos.