São Pio V também foi conhecido por sua liderança durante a Batalha de Lepanto em 1571, onde a Liga Santa, formada por várias potências católicas, derrotou a frota otomana, evento que ele atribuiu à intervenção divina por meio da oração do Rosário.
O pontificado de São Pio V ocorreu em um momento crucial na história da Igreja Católica. O Concílio de Trento (1545-1563) havia acabado de ser concluído, e a Igreja estava empenhada em implementar suas decisões para responder aos desafios colocados pela Reforma Protestante. Um dos principais focos de Trento foi a reforma da liturgia, que se encontrava fragmentada e, em muitos casos, influenciada por práticas locais que variavam amplamente.
Antes das reformas de São Pio V, a Missa era celebrada de maneiras diferentes em várias regiões da Europa. Embora o rito latino fosse predominante, havia variações locais que, em alguns casos, incluíam práticas que não eram consideradas ortodoxas ou que haviam se afastado das tradições da Igreja. A uniformidade na celebração da Missa era vista como uma necessidade para reafirmar a unidade da fé católica.
A Bula Quo Primum Tempore e o Missal Romano
Para alcançar essa uniformidade, São Pio V promulgou a bula Quo Primum Tempore em 14 de julho de 1570, que introduziu o Missal Romano revisado. Este missal codificou o rito da Missa, padronizando as orações, leituras e rituais que deveriam ser seguidos em todas as igrejas do rito latino. O objetivo era garantir que a Missa fosse celebrada de maneira consistente, independentemente de onde ocorresse.
A bula Quo Primum Tempore foi particularmente rigorosa na sua aplicação. Ela determinava que todas as igrejas que seguiam o rito latino deveriam adotar o Missal Romano, exceto aquelas que já possuíam um rito próprio com pelo menos 200 anos de existência. Esta exceção incluía, por exemplo, o Rito Ambrosiano, usado na Arquidiocese de Milão, e o Rito Mozárabe, preservado em algumas regiões da Espanha.
A Missa Tridentina, como ficou conhecida após a reforma de São Pio V, é celebrada em latim e segue uma estrutura que enfatiza a sacralidade e a solenidade do rito. Alguns dos aspectos distintivos da Missa Tridentina incluem:O uso do latim: A língua latina foi mantida como a língua litúrgica da Igreja, simbolizando a universalidade da fé católica.
A orientação do sacerdote: Durante a Missa Tridentina, o sacerdote celebra a Missa voltado para o altar, em direção ao leste (ad orientem), uma prática que simboliza a comunidade de fiéis voltada para Deus.
O silêncio e a solenidade: Muitas partes da Missa Tridentina são rezadas em silêncio ou de forma recitada, criando um ambiente de profunda reverência.
A ênfase na Eucaristia: A celebração da Eucaristia ocupa o centro da liturgia, com rituais detalhados para a consagração do pão e do vinho.
Novo Missal Romano em 1969
O Missal de São Pio V permaneceu praticamente inalterado por cerca de quatro séculos, até as reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II (1962-1965). Mudanças introduzidas pelo Papa Paulo VI foram promulgadas no novo Missal Romano em 1969.