15 JUNHO - FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE



Missa do I DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

Missa da FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE 

Introito (Tob 12, 6 | Sl 8, 2) (Áudio)
Benedícta sit sancta Trínitas atque indivísa Unitas: confitébimur ei, quia fecit nobíscum misericórdiam suam. Ps. Dómine, Dóminus noster, quam admirábile est nomen tuum in univérsa terra! ℣. Glória Patri… Bendita seja a Trindade santa e a Unidade indivisa. Louvemo-la, porque foi misericordiosa para conosco. Sl. Ó Senhor, Senhor nosso, como é admirável o vosso Nome em toda a terra.

Epístola (Rm 11, 33-36)
Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus! Como são incompreensíveis os seus juízos e imperscrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem Lhe deu primeiro alguma coisa para que tenha de receber em troca? Porque, d’Ele, e por Ele, e n’Ele são todas as coisas. A Ele seja dada a glória por todos os séculos.

Evangelho (Mt 28, 18-20)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Todo o poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, ensinai a todos os povos, e batizai-os em Nome do Padre e do Filho, e do Espírito Santo; e ensinai-lhes a observar tudo o que vos mandei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Homilias e Explicações Teológicas
A contemplação da Santíssima Trindade revela a unidade indivisível e a distinção das três Pessoas divinas, cuja profundidade transcende a razão humana, mas ilumina a alma pela fé. O mistério da Trindade não é uma abstração, mas a fonte de toda a criação e redenção, onde o Pai é o princípio, o Filho é a sabedoria encarnada e o Espírito Santo é o vínculo de amor que os une, manifestando-se na missão de batizar todas as nações, como ordenado por Cristo. A Epístola exalta a sabedoria divina, insondável e eterna, que governa todas as coisas, mostrando que a Trindade é o fundamento de toda a ordem cósmica, enquanto o Introito nos convida a louvar a glória de Deus, que se revela na criação e na graça. A Trindade não é apenas um dogma, mas uma realidade viva que nos chama à comunhão com Deus e uns com os outros, pois, como o Verbo se fez carne, assim somos chamados a viver na unidade do Espírito. A missão dada por Cristo no Evangelho é um reflexo da própria vida trinitária, onde a autoridade do Filho procede do Pai e é consumada pelo Espírito, que santifica os batizados. Assim, a Trindade é o modelo da caridade perfeita, que devemos imitar na nossa vida e missão (Santo Agostinho, De Trinitate, Livro VIII). A profundidade da sabedoria divina, exaltada por Paulo, aponta para a humildade que devemos ter ante o mistério, reconhecendo que nossa inteligência é insuficiente para esgotar o abismo da glória divina, mas suficiente para nos maravilharmos com ela (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, I, q. 1, a. 2). A ordem de batizar em nome das três Pessoas não é apenas um rito, mas uma participação na vida divina, onde somos incorporados à comunhão eterna de amor que é a Trindade, vivendo para a glória de Deus e não para nós mesmos (Santo Atanásio, Contra os Arianos, Discurso I).

Comparação com os Demais Evangelhos
O Evangelho de Mateus (Mt 28, 18-20) apresenta a fórmula trinitária explícita no mandato missionário de Cristo, um elemento singular em relação aos outros evangelhos. Em Marcos, o mandato missionário (Mc 16, 15-18) enfatiza a pregação a todas as criaturas e os sinais que acompanham os que creem, como curas e exorcismos, mas não menciona a fórmula trinitária do batismo, focando na ação do Espírito sem nomear as três Pessoas. Lucas (Lc 24, 46-49) complementa ao destacar que os discípulos são testemunhas da ressurreição e devem esperar o Espírito Santo para receber poder, apontando para a vinda do Espírito em Pentecostes, mas sem a menção explícita da Trindade no batismo. João (Jo 20, 21-23) oferece uma perspectiva única, onde Cristo, após a ressurreição, confere aos discípulos o Espírito Santo para perdoar pecados, enfatizando a missão de reconciliação, mas sem conectar diretamente ao rito batismal ou à fórmula trinitária. Assim, Mateus se distingue pela clareza da revelação trinitária no contexto da missão universal, enquanto os outros evangelhos destacam aspectos complementares, como sinais, poder do Espírito e reconciliação.

Comparação com Textos de São Paulo
A Epístola de Romanos (Rm 11, 33-36) exalta a sabedoria e os desígnios insondáveis de Deus, que encontram eco em outros textos paulinos que complementam a visão trinitária. Em 1 Coríntios 12, 4-6, Paulo descreve a diversidade de dons, ministérios e operações, mas a unidade na ação do Espírito, do Senhor (Filho) e de Deus (Pai), destacando a Trindade como fonte de toda a graça na Igreja, um aspecto não explicitado em Romanos. Em Efésios 4, 4-6, a unidade do Espírito, do Senhor e do Pai é apresentada como fundamento da comunhão eclesial, com ênfase na unicidade da fé e do batismo, conectando diretamente à ordem de Mateus 28, 18-20, mas com maior foco na unidade da Igreja. Em 2 Coríntios 13, 13, Paulo invoca a graça de Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo, oferecendo uma fórmula trinitária que reflete a bênção apostólica, ausente em Romanos, mas que reforça a relação íntima entre as Pessoas divinas e a vida cristã. Assim, enquanto Romanos exalta a soberania divina, outros textos de Paulo aprofundam a Trindade como princípio de unidade e graça na comunidade dos fiéis.

Comparação com Documentos da Igreja 
O Símbolo de Atanásio (Quicumque Vult), usado na liturgia dominical em certos períodos, detalha a igualdade e distinção das três Pessoas, enfatizando que a unidade na substância e a trindade nas Pessoas são essenciais para a fé católica, um ponto não explicitado diretamente nos textos litúrgicos, mas implícito na fórmula batismal de Mateus. O Decreto para os Jacobitas (Cantate Domino, Concílio de Florença, 1442) reforça que o batismo em nome da Trindade é o meio de incorporação à Igreja, destacando a necessidade de professar a fé trinitária para a salvação, complementando a ordem missionária de Mateus com uma ênfase doutrinal. A Encíclica Divinum Illud Munus (1897) de Leão XIII, embora posterior, reflete a tradição ao explicar que o Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho, é o princípio da santificação, conectando-se à Epístola de Romanos ao sublinhar a origem divina de toda graça na Trindade. Esses documentos amplificam a compreensão da Trindade como fundamento da fé, da missão e da salvação, aspectos apenas sugeridos nos textos litúrgicos.