Durante o Concílio Vaticano II, o Coetus Internationalis Patrum emergiu como uma força conservadora, unindo bispos que se opunham às reformas propostas. Entre seus líderes mais proeminentes estavam o arcebispo francês Marcel Lefebvre e o bispo brasileiro Dom Antônio de Castro Mayer.
Dom Antônio de Castro Mayer, como bispo de Campos dos Goytacazes no Brasil, desempenhou um papel crucial neste movimento conservador. Sua participação no Coetus foi marcada por uma postura firme contra as mudanças que ele percebia como ameaças à tradição católica. Durante as sessões do Concílio, Dom Antônio frequentemente se manifestava, argumentando veementemente pela preservação da liturgia tradicional e contra o que ele via como uma abertura excessiva ao mundo moderno.
Após o Concílio, Dom Antônio intensificou sua resistência. Ele se recusou a implementar muitas das reformas em sua diocese, mantendo a missa em latim e preservando práticas pré-conciliares. Esta atitude o colocou em conflito direto com a hierarquia da Igreja, mas também o transformou em um símbolo para os católicos tradicionalistas no Brasil e além.
Em 1982, Dom Antônio publicou uma carta pastoral criticando abertamente as reformas do Vaticano II, um ato que aumentou significativamente as tensões com Roma. Ele argumentava que as mudanças propostas pelo Concílio haviam aberto as portas para o modernismo e o relativismo dentro da Igreja.
A aliança de Dom Antônio com Lefebvre se fortaleceu ao longo dos anos, culminando em sua participação na consagração de quatro bispos sem a aprovação papal em 1988. Este ato resultou na excomunhão de ambos, Dom Antônio e Lefebvre, pelo Papa João Paulo II.
Mesmo após sua excomunhão, Dom Antônio continuou a liderar um movimento tradicionalista no Brasil. Ele formou a Administração Apostólica São João Maria Vianney, uma organização dedicada a preservar as práticas litúrgicas e doutrinárias pré-conciliares. Esta organização continuou a operar independentemente da hierarquia oficial da Igreja, mantendo uma base significativa de seguidores no Brasil.
Em em 18 de dezembro de 1988 em Campos, Monsenhor de Castro Mayer procedeu à ordenação do Padre Manuel Macedo. Durante a cerimônia, explicou as razões dessa aparente “desobediência”:
Ninguém pode negar que estamos vivendo uma terrível crise na Igreja, que afeta profundamente o sacerdócio católico. A perpetuidade do Santo Sacrifício da Missa, a administração dos Sacramentos, a preservação e a transmissão fiel da fé católica estão hoje seriamente ameaçadas. Por tudo isso, é inegável o estado muito grave de crise na Igreja e a necessidade que temos dos padres católicos para o Santo Sacrifício e para a doutrina. Quando as autoridades da Igreja se recusam a dar padres verdadeiramente católicos, um bispo não pode alegar ter cumprido seu dever, se ele apenas resiste à fé como leigo. Diante de Deus, de quem recebi todo o poder da ordem na sagração episcopal, afirmo que, na atual crise, não é apenas lícito, mas também urgente, mesmo como um dever urgente, usar esses poderes para o bem das almas … assim, cumpro a missão que me foi confiada: transmito o sacerdócio católico que recebi: Tradidi quod et accepi.(1)