12 JULHO - S. JOÃO GUALBERTO, Abade


Com comemoração dos Ss. Nabor e Félix, Mártires

São João Gualberto, abade e fundador da Ordem dos Vallombrosanos, nasceu em Florença por volta do ano 995. Nascido em uma família nobre, sua vida foi transformada por um ato de perdão: ao encontrar o assassino de seu irmão, escolheu perdoá-lo em vez de vingar-se, movido por uma profunda experiência espiritual na Sexta-feira Santa. Esse gesto marcou sua conversão, levando-o a ingressar no mosteiro beneditino de San Miniato. Desejando uma vida de maior austeridade, fundou a congregação vallombrosana em Vallombrosa, na Toscana, onde promoveu uma reforma monástica baseada na simplicidade, na oração e na caridade. Conhecido por sua firmeza contra a simonia e pela defesa da disciplina eclesiástica, São João Gualberto viveu com humildade e devoção, falecendo em 1073. Sua vida exemplifica a busca pela perfeição cristã através do perdão, da penitência e do amor a Deus e ao próximo.

Introito (Sl 36, 30-31.1)
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do Justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. A lei de seu Deus está em seu coração. SL. Não tenhas ciúmes dos maus, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. ℣.Glória ao Pai

Epístola (Eclo 45,1-6)
Ele [Moisés] foi amado de Deus e dos homens; sua memória é abençoada. O Senhor o igualou aos Santos na glória, engrandeceu-o para temor dos seus inimigos e por suas palavras fez cessar as pragas. Glorificou-o diante dos reis; deu-lhe seus preceitos diante de seu povo e mostrou-lhe sua glória. Por sua fidelidade e mansidão o santificou e o escolheu dentre todos os homens. Deus lhe fez ouvir a sua voz, e fê-lo entrar na nuvem. E deu-lhe, face a face, os seus preceitos e a lei da vida e da doutrina.

Gradual (Sl 20, 4-5 | Sl 91,13)
Senhor, Vós lhe concedestes abundantes bênçãos,- pusestes sobre a sua cabeça uma coroa de pedras preciosas. ℣. Pediu-vos vida e largos anos lhe concedestes pelos séculos dos séculos.
Aleluia, aleluia. ℣. O Justo floresce como a palmeira, na plenitude da fôrça, como o cedro do Líbano. Aleluia.

Evangelho (Mt 5, 43-48)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ouvistes o que foi dito: Amarás a teu próximo e terás ódio a teu inimigo. Eu vos digo porém: Amai a vossos inimigos; fazei bem àqueles que vos odeiam, rezai por vossos perseguidores e vossos caluniadores, para que sejais filhos de vosso Pai, que está nos céus, Este que faz o sol levantar-se sobre os bons e os maus, e faz chover sobre os justos e os injustos. Se amais apenas aqueles que vos amam, que recompensa mereceis? Não o fazem também assim os publicanos? E se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem assim os pagãos? Sede pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.

Reflexão
A justiça do justo, conforme cantada no introito (Sl 36, 30-31), floresce na vida de São João Gualberto, cuja conversão pelo perdão reflete a sabedoria divina que guia o coração à retidão, mostrando que a verdadeira justiça não é vingança, mas caridade que transforma o pecador (Santo Agostinho, Sermões sobre os Salmos, 36). A Epístola (Eclo 45, 1-6) exalta a eleição divina de um homem santo, cuja vida, como a de Moisés, é um reflexo da glória de Deus; assim, Gualberto, chamado à reforma monástica, foi um instrumento da providência para purificar a Igreja de sua época, guiado pela luz da graça (Santo Ambrósio, Sobre os Deveres dos Clérigos, 1.36). O Gradual (Sl 20, 4-5; Sl 91,13) celebra a proteção divina sobre o justo, que, como Gualberto, viveu sob a sombra do Altíssimo, encontrando na oração e na penitência a força para vencer as tentações mundanas e edificar uma comunidade de santidade (Santo Bernardo de Claraval, Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, 15). No Evangelho (Mt 5, 43-48), a exortação à perfeição através do amor aos inimigos encontra eco no gesto fundante de Gualberto, que perdoou o assassino de seu irmão, mostrando que a caridade perfeita transcende a justiça humana e se aproxima da santidade divina (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 25, a. 8). Comparado aos outros evangelhos, o chamado à perfeição em Mateus é complementado por Lucas 6, 36, que enfatiza a misericórdia como imitação do Pai, um aspecto vivido por Gualberto ao priorizar a compaixão sobre a retaliação. Em João 15, 12-13, o amor sacrificial, que dá a vida pelos amigos, amplia a visão de Mateus, refletindo o sacrifício de Gualberto ao renunciar à nobreza por uma vida monástica dedicada aos outros. Nos textos paulinos, Romanos 12, 17-21 reforça o ensino de Mateus ao exortar a não devolver mal com mal, mas vencer o mal com o bem, um princípio que guiou a conversão de Gualberto e sua luta contra a corrupção eclesiástica. Em 1 Coríntios 13, 4-7, Paulo descreve o amor que tudo suporta e não busca o próprio interesse, ecoando a humildade e paciência de Gualberto em sua reforma monástica. Nos documentos da Igreja, o Concílio de Trento (Sessão VI, Decreto sobre a Justificação, cap. 7) sublinha que a justiça do cristão cresce pela graça, um processo visível na vida de Gualberto, cuja santidade se aperfeiçoou pela obediência e caridade. A encíclica Rerum Novarum (1891) de Leão XIII complementa o evangelho ao destacar a caridade como fundamento da ordem social, um ideal que Gualberto viveu ao promover a fraternidade em sua comunidade monástica.