Introito (Sl 26, 7 e 9 | ib., 1) (Vídeo)
Exáudi, Dómine, vocem meam, qua clamávi ad te... Ouvi, Senhor, a minha voz, com que Vos imploro; e sede o meu auxílio; não me abandoneis, nem me desprezeis, ó Deus, meu Salvador. Sl. O Senhor é a minha Luz e a minha Salvação: a quem temerei? ℣. Glória ao Pai…
Epístola (I Pe 3, 8-15)
Caríssimos: Sede todos perfeitamente unidos na oração, compassivos, amantes de vossos irmãos, misericordiosos, modestos e humildes. Não retribuais mal por mal, nem injúria com injúria; mas pelo contrário, abençoai; pois para isto sois chamados, a fim de receberdes em herança a bênção. Porque o que quer amar a vida e ver felizes dias, refreie a língua do mal, e não deixe que os seus lábios profiram mentiras. Aparte-se ele do mal e faça o bem; procure a paz, e nela prossiga, pois os olhos do Senhor estão sobre os Justos, e seus ouvidos, atentos às suas súplicas. O olhar irado do Senhor, porém, ameaça os que praticam o mal. Quem poderá prejudicar-vos, se fordes zelosos pelo bem? E felizes de vós mesmos se padecerdes algo por amor da justiça. Deles não tenhais medo nem vos perturbeis. Guardai, porém, o Cristo, o Senhor, santo em vossos corações.
Gradual (Sl 83, 10 e 9 | Sl 20, 1) (Vídeo) (Vídeo-aleluia)
Olhai para nós, ó Deus, nosso protetor, e atendei a vossos servos. ℣. Senhor, Deus dos exércitos, ouvi as preces dos vossos servos. Aleluia, aleluia. ℣. Senhor, o Rei se alegra com o vosso poder e grandemente exulta, porque Vós o salvastes. Aleluia.
Evangelho (Mt 5, 20-24)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Se vossa justiça não vai além da justiça dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus. Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar será réu em juízo. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão, será levado a tribunal; e o que chamar a seu irmão: Raca, será réu diante do Conselho. E o que disser: louco, merece ser condenado ao fogo do inferno. Portanto, se trouxeres a tua oferenda ao altar, e te lembrares que o teu irmão tem contra ti alguma coisa, deixa a tua oferenda diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e depois vem fazer a tua oblação.
Reflexão
Os textos litúrgicos nos chamam à santidade interior e à reconciliação com Deus e o próximo. O introito (Sl 26, 7 e 9; 1) clama pela proteção divina, revelando a confiança do justo em Deus como refúgio, enquanto a Epístola (I Pe 3, 8-15) exorta à unidade, humildade e paciência no sofrimento, prometendo bênçãos àqueles que perseveram no bem, mesmo diante de injúrias. O Gradual (Sl 83, 10 e 9; Sl 20, 1) eleva o coração ao desejo do templo de Deus, lugar de alegria e força, e o Evangelho (Mt 5, 20-24) desafia-nos a ultrapassar a justiça dos escribas, exigindo uma pureza de coração que reconcilie antes mesmo de oferecer dons no altar. A justiça verdadeira, segundo o Evangelho, não se limita à observância externa, mas exige a purificação das intenções, pois a ira não reconciliada é um obstáculo à comunhão com Deus (Agostinho, Sermão sobre o Monte, 1.9.23). Nos outros evangelhos, Lucas 6, 36-37 complementa ao ensinar que a misericórdia deve imitar a de Deus, perdoando sem julgar, enquanto Marcos 11, 25-26 reforça que o perdão mútuo é condição para recebermos o perdão divino, destacando a necessidade de um coração livre de rancor antes da oração. Nos escritos paulinos, Romanos 12, 17-21 amplia a exortação de Pedro, instruindo a não devolver mal por mal, mas a vencer o mal com o bem, confiando a justiça à providência divina, um chamado à paciência ativa que transcende a mera tolerância. A encíclica Rerum Novarum (1891) de Leão XIII ecoa a necessidade de justiça interior, sugerindo que a verdadeira caridade cristã, exigida pelo Evangelho, se manifesta em ações concretas de fraternidade e reconciliação, sem as quais a oferta espiritual permanece incompleta.