Livro: Maçonismo e Catolicismo, Padre Félix Sardà y Salvany


Félix Sardà y Salvany (1841–1916), sacerdote espanhol, teólogo e apologista católico, conhecido por suas obras combativas em defesa da doutrina católica contra ideologias modernas, como o liberalismo e a Maçonaria. Fundador da revista La Revista Popular, foi uma figura proeminente no catolicismo tradicional do século XIX.

Publicado originalmente no final do século XIX, o livro insere-se no contexto do confronto entre a Igreja Católica e a Maçonaria, intensificado pela encíclica Humanum Genus (1884) do Papa Leão XIII, que condena os princípios maçônicos como incompatíveis com a fé cristã. A edição de 2019, traduzida para o português pelo Instituto Gratia, reproduz o texto para leitores contemporâneos.

Maçonismo e Catolicismo é uma obra apologética de aproximadamente 120 páginas que analisa as incompatibilidades filosóficas e teológicas entre a doutrina católica e os princípios da Maçonaria, definidos pelo autor como “maçonismo” – a disseminação de ideias maçônicas além da organização formal. O livro estrutura-se em seções que examinam os ideais maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade, contrastando-os com a visão cristã, e denuncia o naturalismo e o secularismo como fundamentos perigosos dessas ideias.

A obra inicia definindo o maçonismo como uma ideologia que transcende as lojas maçônicas, infiltrando-se na sociedade por meio de princípios iluministas. Argumenta que a Maçonaria promove uma cosmovisão naturalista, que exclui a revelação divina e eleva a razão humana como única autoridade. Essa introdução estabelece a Maçonaria como uma ameaça espiritual, que opera tanto abertamente quanto de forma oculta.

Liberdade: O livro contrasta a concepção cristã de liberdade, entendida como a capacidade de escolher o bem conforme a lei divina revelada, com a liberdade maçônica, descrita como autonomia absoluta do indivíduo. Esta última rejeita qualquer submissão a Deus ou à Igreja, promovendo um relativismo que nega a existência de uma verdade objetiva. A obra argumenta que tal liberdade conduz à desordem moral, pois, sem um fundamento divino, o homem torna-se escravo de suas paixões. Exemplos práticos, como a influência de ideias liberais na legislação secular, são usados para ilustrar os efeitos corrosivos dessa visão.

Igualdade: A seção sobre igualdade opõe a perspectiva cristã, que reconhece a dignidade universal dos homens como criaturas de Deus, mas aceita diferenças de dons e papéis na ordem natural, à igualdade maçônica, caracterizada como um nivelamento que elimina hierarquias legítimas. A Maçonaria é acusada de desafiar a autoridade divina, eclesiástica e civil, promovendo uma uniformidade que desestabiliza instituições como a família e o governo. O texto destaca que essa igualdade artificial, ao ignorar a providência divina, fomenta o secularismo e a anarquia.

Fraternidade: A fraternidade cristã, enraizada na paternidade de Deus e na graça de Cristo, é contrastada com a fraternidade maçônica, descrita como uma solidariedade puramente humanista. A Maçonaria reduz Deus a um “Grande Arquiteto do Universo”, um conceito vago que nega a relação pessoal com o Criador. A obra argumenta que essa fraternidade, desprovida de dimensão sobrenatural, limita-se a uma filantropia superficial, incapaz de sustentar uma comunhão verdadeira. A caridade cristã é apresentada como a única base para a união autêntica entre os homens.

Consequências do Maçonismo: O livro dedica uma seção às implicações práticas das ideias maçônicas, afirmando que elas enfraquecem a moral cristã, dissolvem os laços familiares e corroem a autoridade da Igreja. A propagação do maçonismo é vista como responsável pelo avanço do secularismo, pelo declínio da fé pública e pela substituição dos valores cristãos por ideais humanistas. A obra cita exemplos históricos, como a influência maçônica em revoluções e legislações anticlericais, para sustentar essa tese.

A conclusão convoca os cristãos a rejeitarem os princípios maçônicos e a defenderem a fé católica com firmeza. Reforça que a verdadeira liberdade, igualdade e fraternidade só se realizam em Cristo, sob a orientação da Igreja, e que qualquer tentativa de construir uma sociedade alheia a Deus está destinada ao fracasso. A linguagem é enfática, com apelos à vigilância contra a infiltração de ideias maçônicas na cultura e na educação.

Referência

Sardà y Salvany, Félix. Maçonismo e Catolicismo. Sabadell: Instituto Gratia, 2019. 120 p.