Insuficiência do novo procedimento: Gleize argumenta que o processo atual é menos rigoroso do que o anterior. Anteriormente, eram necessários dois milagres em cada etapa e um longo período de espera antes da canonização. Hoje, apenas um milagre é necessário e o tempo de espera foi reduzido. Anteriormente, eram necessários dois processos formais antes da beatificação, mas agora apenas um permanece. Antes, eram exigidos dois milagres para cada etapa (beatificação e canonização). Agora, basta um milagre comprovado para cada fase. Antes, o Papa devia consultar os Cardeais três vezes antes de uma canonização, mas essa prática foi abandonada. Antigamente, a Igreja esperava 50 anos após a morte do Servo de Deus para iniciar o julgamento sobre sua heroicidade ou martírio. Agora, o período foi reduzido para 5 anos. No entanto, essa regra foi ignorada para Madre Teresa e João Paulo II, cujos processos começaram antes desse prazo.
Retorno ao colegialismo: Segundo Gleize, o Papa agora compartilha a responsabilidade das canonizações com os bispos, o que ele vê como uma inovação do Concílio Vaticano II. Isso, segundo ele, pode comprometer a infalibilidade pessoal do Papa nas canonizações.
Pressão midiática e popular: Gleize também menciona que a Igreja parece responder mais rapidamente às pressões midiáticas e à emoção popular, o que pode afetar a rigorosidade do processo.
Esses pontos levantam dúvidas sobre se as novas canonizações mantêm a mesma assistência do Espírito Santo que as anteriores. Há uma mudança importante na percepção da santidade dentro da Igreja Católica, especialmente após o Concílio Vaticano II. Antes, a santidade era frequentemente vista como algo extraordinário, reservado a poucos indivíduos com um estilo de vida notoriamente virtuoso e um compromisso espiritual além do comum. No entanto, o Concílio Vaticano II trouxe uma nova compreensão: a santidade foi proclamada como uma vocação universal.
“Se as beatificações e as canonizações são doravante mais numerosas, é porque a santidade de que elas dão testemunho possui um significado diferente: a santidade não é mais algo de raro; mas algo universal. Isso se explica, porque a santidade é considerada, desde Vaticano II, como um dom comum”.
Fonte: Jean-Michel Gleize. "Super Hanc Petram" (sobre esta pedra). Le Courrier de Rome, fevereiro de 2011.
Fonte: Jean-Michel Gleize. "Super Hanc Petram" (sobre esta pedra). Le Courrier de Rome, fevereiro de 2011.