- Santo Aleixo foi uma figura de grande devoção na Idade Média, celebrado por sua extrema abnegação.
- Segundo a tradição, Aleixo, filho de uma nobre família romana, renunciou às riquezas e ao conforto na noite de seu casamento, escolhendo viver como mendigo em busca de uma vida dedicada exclusivamente a Deus.
- Após anos de peregrinação e pobreza voluntária, retornou irreconhecível à casa paterna, onde viveu humildemente no desvão de uma escada, sem revelar sua identidade.
- Sua santidade só foi reconhecida após sua morte, quando sua verdadeira história veio à luz.
- A liturgia destaca sua entrega total às coisas de Deus, conforme expresso na Epístola de I Timóteo, e sua memória é honrada na igreja de Santo Aleixo e São Bonifácio, no Aventino, em Roma.
Introito (Sl 36,30-31,1)
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do justo destilará sabedoria, e a sua língua será a expressão da justiça: o seu coração está cheio da lei do seu Deus. Sl. Não tenhas inveja dos ímpios nem ciúmes dos que praticam a iniquidade.
Epístola (I Tm 6, 6-12)
Irmãos: Grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto. Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições. Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.
Gradual (Sl 91, 13,14,3)
O justo florescerá como a palmeira, elevar-se-á na casa do Senhor como o cedro do Líbano. Para publicar de manhã a vossa misericórdia e durante a noite a vossa fidelidade. Aleluia (Tg 1,12) Aleluia, aleluia. Bem aventurado o que suporta a provação, porque depois dela receberá a coroa da vida. Aleluia.
Evangelho (Mt 19, 27-29)
Naquele tempo disse Pedro a Jesus: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós? Respondeu Jesus: Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.
Reflexão
- A justiça do justo não é apenas uma virtude externa, mas um reflexo da lei divina gravada no coração, que orienta a alma a desprezar as riquezas terrenas e buscar a verdadeira riqueza em Deus, como exemplificado na vida de abnegação de Santo Aleixo (Santo Agostinho, Sermões sobre os Salmos, 36).
- A renúncia aos bens materiais, conforme ensina a Epístola, é um combate espiritual que liberta o homem das paixões mundanas, permitindo-lhe alcançar a piedade que é o verdadeiro tesouro, como Aleixo demonstrou ao abandonar sua herança (Santo Ambrósio, Sobre a Epístola a Timóteo, 6).
- O justo, como uma árvore plantada junto às águas, floresce não por sua própria força, mas pela graça divina que o sustenta, refletindo a humildade de Aleixo, cuja vida oculta foi um testemunho de confiança em Deus (Santo Basílio Magno, Homilias sobre os Salmos, 91).
- A promessa de Cristo no Evangelho, de recompensar aqueles que deixam tudo por Ele, aponta para a alegria eterna que transcende os sacrifícios temporais, uma verdade vivida por Aleixo, que encontrou sua herança no Reino (Santo Gregório Magno, Homilias sobre o Evangelho, 19).
- Diferentemente do chamado à renúncia em Mateus 19,27-29, o Evangelho de Lucas (18,29-30) enfatiza que a recompensa pelo abandono de bens inclui não apenas a vida eterna, mas também bênçãos espirituais na presente era, sugerindo uma continuidade entre a vida terrena e celestial.
- Em João (12,24-25), o Evangelho complementa Mateus ao comparar a renúncia a um grão que morre para produzir fruto, destacando que o sacrifício pessoal, como o de Aleixo, é um ato gerador de vida espiritual para si e para outros.
- Comparado a Mateus, Marcos (10,29-30) adiciona a promessa de “perseguições” junto às bênçãos, sublinhando que a renúncia, como a de Aleixo, envolve suportar sofrimentos temporais como parte do discipulado.
- Em relação aos textos paulinos, Filipenses (3,7-8) complementa a Epístola (1 Tm 6,6-12) ao afirmar que Paulo considerava tudo como perda diante do ganho de conhecer Cristo, ecoando a escolha de Aleixo por abandonar riquezas em favor de uma união mais profunda com Deus.
- Em 2 Coríntios (4,16-18), Paulo enriquece a mensagem da Epístola ao destacar que as aflições momentâneas preparam uma glória eterna, reforçando a visão de Aleixo, que via nas privações terrenas um caminho para as riquezas invisíveis.
- Nos documentos da Igreja, o Decreto de Graciano (c. 1140) complementa a liturgia ao ensinar que a verdadeira pobreza voluntária, como a de Aleixo, é um ato de caridade que imita a pobreza de Cristo, unindo o fiel ao mistério da Cruz (C. 12, q. 1, c. 2).
- A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino (II-II, q. 185, a. 6), destaca que a renúncia aos bens, como praticada por Aleixo, é um meio de perfeição espiritual, pois libera a alma para contemplar as coisas divinas, em harmonia com a promessa do Evangelho.