Lutero, em sua presunção, ousava declarar que “há mil anos, Deus não concedeu dons tão grandes a nenhum bispo como a mim” (García Villoslada, Martinho Lutero, tomo I, p. 25). Que ousadia! Ele, um monge rebelde, colocava-se acima de Santo Agostinho, cuja sabedoria guiou a cristandade, e de tantos outros doutores que serviram humildemente à Igreja. Como escrevi em meu *Enchiridion*, tal vanglória é a marca do herético, que rejeita a unidade da Igreja e se proclama juiz da verdade (Eck, Enchiridion locorum communium adversus Lutherum, 1525). A Escritura nos adverte: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tiago 4:6).
Em sua vaidade, Lutero acreditava-se superior a Santo Tomás de Aquino, São Boaventura e Santo Alberto Magno, cujas obras permanecem pilares da fé. Heiko Oberman observa que Lutero via a si mesmo como um profeta singular, convencido de que sua missão era corrigir séculos de erro eclesial (Oberman, Lutero: homem entre Deus e o diabo, p. 204). Tal pretensão não é zelo pela verdade, mas orgulho desmedido, que o levou a semear discórdia onde a Igreja buscava unidade. Como afirmei, “o que Lutero chama de reforma é, na verdade, uma revolta contra a autoridade estabelecida por Deus” (Eck, Enchiridion, 1525).
Não vos deixeis enganar, irmãos! Lutero não era movido por piedade, mas por uma ambição de glória pessoal. Seus seguidores, seduzidos por suas palavras, ecoavam suas vanglórias, mas a Igreja, “coluna e fundamento da verdade” (1 Timóteo 3:15), permanece inabalável. O Concílio de Trento, em sua sabedoria, reafirmou a doutrina que Lutero ousou desafiar, declarando a autoridade da tradição e das Escrituras sob a guia do Magistério (Denzinger, Compêndio dos símbolos, p. 1501). Como Davi contra Golias, a Igreja, armada com a verdade, derrota as heresias de Lutero.
Que este texto seja um apelo: a humildade conduz à salvação, enquanto a soberba leva à ruína. Permaneçamos fiéis ao Sucessor de Pedro, rejeitando as ilusões de homens que se creem maiores que a Igreja de Cristo. Pois, como diz o Apóstolo, “o fim deles é a perdição” (Filipenses 3:19).
Referências
Denzinger, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Tradução de José Marino Luz. São Paulo: Paulus, 2013.
Eck, Johann. Enchiridion locorum communium adversus Lutherum et alios hostes ecclesiae. Ingolstadt: Apud Georgium Krapff, 1525.
García Villoslada, Ricardo. Martinho Lutero: o monge que desafiou Roma. Tomo I. Tradução de Luiz Paulo Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 1983.
Oberman, Heiko A. Lutero: homem entre Deus e o diabo. Tradução de Luís Marcos Sander. Rio de Janeiro: Record, 1987.