A recente declaração do atual ocupante da Sé Apostólica, que se apresenta como Papa Leão XIV, exaltando Isaac de Nínive como "grande Padre Oriental" em um discurso proferido em 14 de maio de 2025, constitui um ato de escandalosa afronta à fé católica. Esse pronunciamento, somado à inclusão de Isaac no Martirológio Romano por Jorge Bergoglio em 9 de novembro de 2024, revela a continuidade de uma apostasia doutrinal que corrói a Igreja visível. A fé católica, imutável e indefectível, não tolera ambiguidades ou conivência com o erro. Estamos diante de mais uma manifestação pública de traição à verdade revelada, perpetrada por falsos pastores que usurparam a Cátedra de Pedro.
Isaac de Nínive, monge do século VII da Igreja do Oriente, é frequentemente celebrado por espiritualistas modernos, mas sua herança está manchada por graves erros. Em seus escritos, particularmente nas Homilias Ascéticas, Isaac defende a heresia da apocatástase, que nega a eternidade das penas do inferno, sugerindo uma restauração universal de todas as criaturas. Tal doutrina foi formalmente condenada pela Igreja, notadamente no Concílio de Constantinopla II (553) contra Orígenes e reafirmada pelo Concílio de Latrão IV (1215), que ensinou infalivelmente: "os réprobos [...] receberão com o diabo um castigo eterno". Elogiar Isaac, ou negligenciar sua heresia, é atacar um dogma definido, confundindo os fiéis e minando a fé.
Além disso, a Igreja do Oriente, à qual Isaac pertencia, era abertamente cismática. Essa seita rejeitou os Concílios de Éfeso (431) e Calcedônia (451), que definiram a ortodoxia cristológica contra as heresias nestoriana e monofisita. Em Éfeso, a Igreja afirmou Maria como Theotokos, Mãe de Deus, contra Nestório, cuja cristologia ambígua foi abraçada, em maior ou menor grau, pela Igreja do Oriente. Em Calcedônia, a Igreja proclamou as duas naturezas de Cristo, divina e humana, unidas em uma só pessoa, doutrina que a Igreja do Oriente recusou, preferindo uma formulação que, sob o pretexto de distinguir as naturezas, foi acusada de flertar com o erro nestoriano. Operando fora da jurisdição do Romano Pontífice, com seu próprio patriarca, a Igreja do Oriente negava a primazia de Pedro, configurando um cisma formal. Isaac, como bispo dessa Igreja, estava imerso nesse contexto de ruptura doutrinal e jurisdicional, tornando sua exaltação por supostos papas um escândalo ainda mais grave.
Em 9 de novembro de 2024, Jorge Bergoglio, então ocupante da Sé Apostólica, anunciou a inclusão de Isaac de Nínive no Martirológio Romano, durante um encontro com Mar Awa III, Patriarca da Igreja Assíria do Oriente. Sob o pretexto de "ecumenismo", Bergoglio apresentou essa decisão como um gesto de unidade, reconhecendo Isaac como santo venerável. Tal ato, longe de ser inócuo, constitui um endosso implícito de uma figura associada a uma Igreja cismática e a uma doutrina herética. Ao inscrever Isaac no Martirológio, Bergoglio não apenas omitiu a necessária censura à apocatástase, mas sugeriu que o erro e o cisma podem ser reconciliados com a santidade eclesial. Esse ato é um escândalo público, pois legitima uma seita separada de Roma e confunde os fiéis sobre a natureza dos dogmas definidos, como a eternidade do inferno. Como ensina o Papa Pio XI na encíclica Mortalium Animos (1928), o verdadeiro ecumenismo não pode sacrificar a verdade católica, e qualquer tentativa de unir cristãos sem a submissão à Cátedra de Pedro é uma traição à fé.
Em 14 de maio de 2025, durante o Jubileu das Igrejas Orientais, o atual ocupante da Sé, que se apresenta como Leão XIV, agravou o erro de seu predecessor. Em um discurso para católicos orientais, ele exaltou Isaac de Nínive como "grande Padre Oriental", citando uma frase de seus Sermones ascetici (I, 5): "o maior pecado é não acreditar no poder da Ressurreição". Essa citação, proferida em italiano perante uma audiência eclesial, foi apresentada como um exemplo de espiritualidade oriental a ser emulado. Leão XIV, ao louvar Isaac, não fez menção às heresias de sua Igreja, à apocatástase presente em seus escritos, nem ao cisma histórico da Igreja do Oriente. Pelo contrário, sua exaltação reforça a inclusão de Isaac no Martirológio, consolidando a ideia de que um membro de uma seita cismática pode ser modelo para os fiéis.
Essa declaração é um ato de irresponsabilidade doutrinal. Ao chamar Isaac de "grande Padre", Leão XIV não apenas negligencia a obrigação de condenar o erro, mas promove tacitamente uma figura cuja Igreja rejeitou concílios ecumênicos e a autoridade papal. Tal gesto, sob a fachada de diálogo com o Oriente cristão, perpetua a confusão doutrinal, sugere que dogmas como a primazia de Pedro ou a ortodoxia cristológica são negociáveis e insinua que a santidade pode coexistir com a adesão a uma Igreja cismática. Como adverte Santo Tomás de Aquino, "o erro, quando público, deve ser publicamente corrigido" (Summa Theologiae, II-II, q. 33, a. 4). A omissão de Leão XIV é, portanto, um pecado contra a caridade e a verdade.
A Igreja de Cristo, sendo a Esposa Imaculada, não pode oferecer veneno espiritual aos seus filhos. O Sumo Pontífice, como Vigário de Cristo, é divinamente protegido de ensinar ou favorecer o erro contra a fé, conforme ensina o Concílio Vaticano I (Pastor Aeternus, cap. 4). Se alguém, ocupando visivelmente a Sé, promove heresia ou cisma, demonstra, por esse fato, não possuir a autoridade prometida à Cátedra de Pedro. A adesão pública e obstinada a erros — seja pela inclusão de um herege no Martirológio, seja pela exaltação de uma figura cismática — exclui o sujeito da comunhão com a Igreja. Como afirma Santo Roberto Belarmino (De Romano Pontifice, liv. II, cap. 30), "um herege manifesto não pode ser papa", pois a fé católica é condição essencial para a posse legítima do papado.
Tanto Bergoglio quanto Leão XIV, por seus atos, demonstram não professar a fé católica. A inclusão de Isaac no Martirológio por Bergoglio e sua subsequente exaltação por Leão XIV são evidências de uma apostasia contínua. Conforme o Papa Leão XIII ensina na Satis Cognitum (1896), "ninguém pode estar na Igreja de Cristo se não está unido ao Romano Pontífice". A Sé Apostólica, portanto, está objetivamente vacante, ocupada por falsos pastores que destroem a fé com suas palavras e gestos.
O que se apresenta hoje como Igreja, mas exalta hereges, enaltece seitas cismáticas, silencia dogmas e dilui o Evangelho em sentimentalismo ecumênico, não é a Igreja de Cristo. É uma contrafação, uma falsa igreja que usurpa os sinais externos da verdadeira Esposa de Cristo enquanto propaga o erro. A inclusão de Isaac de Nínive no Martirológio e sua exaltação como "grande Padre" são sintomas dessa apostasia, que troca a verdade pela unidade ilusória. Como ensina São Pio X na Pascendi Dominici Gregis (1907), o modernismo, com seu desprezo pela doutrina definida, é a "síntese de todas as heresias".
Referências
BELARMINO, Roberto. De Romano Pontifice. Livro II, cap. 30. In: BELARMINO, Roberto. Opera Omnia. Napoli: Apud Josephum Giuliano, 1856.
CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II. Atas do Concílio. 553. In: DENZINGER, Heinrich; HÜNERMANN, Peter. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Loyola, 2007.
CONCÍLIO DE LATRÃO IV. Cânones. 1215. In: DENZINGER, Heinrich; HÜNERMANN, Peter. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Loyola, 2007.
CONCÍLIO VATICANO I. Constituição Dogmática Pastor Aeternus. 1870. In: DENZINGER, Heinrich; HÜNERMANN, Peter. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Loyola, 2007.
LEÃO XIII. Encíclica Satis Cognitum. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 1896. Disponível em: http://www.vatican.va.
PAPA FRANCISCO. Discurso durante o encontro com Mar Awa III, Patriarca da Igreja Assíria do Oriente. Roma: Sala de Imprensa da Santa Sé, 9 nov. 2024. Disponível em: https://www.vaticannews.va.
PAPA LEÃO XIV. Discurso no Jubileu das Igrejas Orientais. Roma: Arquidiocese de Pittsburgh, 14 maio 2025. Disponível em: https://archpitt.org/full-text-pope-leo-xivs-address-to-eastern-catholics/.
PIO XI. Encíclica Mortalium Animos. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 1928. Disponível em: http://www.vatican.va.
PIO X. Encíclica Pascendi Dominici Gregis. Roma: Libreria Editrice Vaticana, 1907. Disponível em: http://www.vatican.va.
TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. II-II, q. 33, a. 4. Tradução de Alexandre Corrêa. São Paulo: Loyola, 2003.
ZENIT. Ecumenism: Pope Francis includes Isaac of Nineveh in Roman Martyrology – Context? Visit of Assyrian East Patriarch. 10 nov. 2024. Disponível em: https://zenit.org/2024/11/10/ecumenism-pope-francis-includes-isaac-of-nineveh-in-roman-martyrology-context-visit-of-assyrian-east-patriarch/.