Aliança Tradicionalista: A Colaboração entre o Abbé Michel Marchiset e o Padre Paul Schoonbroodt na Resistência ao Modernismo Católico


No contexto do catolicismo tradicionalista contemporâneo, marcado por profundas divisões doutrinais decorrentes do Concílio Vaticano II, figuras como o Abbé Michel Marchiset (nascido em 1949, sacerdote francês ordenado em 1984 por Monsenhor Marcel Lefebvre) e o Padre Paul Schoonbroodt (1933–2012, sacerdote belga excomungado em 1988 por sua recusa ao Novus Ordo) emergem como baluartes de uma resistência intransigente 🛡️. Sua relação não era de amizade pessoal documentada, mas de uma parceria intelectual e ativista profunda, unida pelo sedevacantismo – a convicção de que a Sé de Pedro está vaga desde Paulo VI devido à heresia modernista. Essa aliança se manifestou em publicações compartilhadas, iniciativas conjuntas e uma visão comum de preservação da fé católica imutável contra as "infiltrações maçônicas" 👁️ e reformas conciliares. Este artigo explora os detalhes dessa colaboração, destacando seu impacto no movimento tradicionalista.

👥Biografias Breves e Contexto Compartilhado

O Padre Paul Schoonbroodt, nascido em Eupen, Bélgica, em uma família de agricultores, foi ordenado em Liège em 1958. Como pároco de Steffeshausen e Auel desde 1970, ele se recusou a adotar a Missa Novus Ordo, conectando-se à Sociedade de São Pio X (FSSPX) e a Lefebvre. Sua excomunhão em 1988 pelo bispo Albert Houssiau não o deteve; ao contrário, ele se tornou um defensor fervoroso da Missa Tridentina, associado a supostos milagres eucarísticos 🙏 em 1971 e fundador do site Virgo-Maria (virgo-maria.org), uma plataforma sedevacantista ativa até sua morte em 2012 após um acidente de trânsito.

O Abbé Michel Marchiset, por sua vez, foi ordenado por Lefebvre na Fraternidade de la Transfiguration, em Mérigny, França. Sua trajetória o levou a uma crítica acerba às reformas de Paulo VI, especialmente o Ritual Pontificalis Romani de 1968, que ele considera inválido para sacramentos como a consagração episcopal. Marchiset é autor de obras como La Passion Mystique de l'Église (coescrito com Bernard Fragu, publicado em edições recentes), que analisam a "paixão" da Igreja sob o modernismo, citando textos como o Commonitorium de São Vicente de Lérins e a bula Cum ex Apostolatus de Paulo IV. Sua formação arquitetônica inicial e posterior dedicação ao sacerdócio o posicionaram como um pensador meticuloso, focado na infalibilidade papal e na "invasão maçônica" no clero.

Ambos compartilhavam uma visão profética: Lefebvre como mentor inicial, mas com desconfiança crescente da FSSPX por supostas concessões a Roma. Schoonbroodt viajava pela Europa ministrando sacramentos tradicionais, enquanto Marchiset pregava em conferências e publicava análises doutrinais, frequentemente invocando o "combate bom" ⚔️ de São Paulo (2 Timóteo 4:7-8).

💻 Pontos de Colaboração: Publicações e Iniciativas Conjuntas

A relação entre Marchiset e Schoonbroodt se cristalizou em dois eixos principais: o site Virgo-Maria e o Comitê Internacional Rore Sanctifica.

Virgo-Maria como Plataforma Compartilhada
Fundado e mantido por Schoonbroodt, o Virgo-Maria serviu como veículo para as contribuições de Marchiset. Em março de 2006, Marchiset publicou o artigo "Les Loges maçonniques dans les abbayes bénédictines", reproduzindo e comentando um texto de 1939 de Fernand Corti sobre infiltrações maçônicas no clero beneditino. Esse ensaio, hospedado em virgo-maria.org/articles_HTML/2006/003_2006/VM-2006-03-22/VM-Loges-maconn, ecoa as denúncias de Schoonbroodt sobre a "crise na Igreja" e o modernismo como obra do "anticristo". O site, descrito como "a voz dos combatentes pela sobrevivência dos sacramentos válidos", publicou dezenas de textos de Marchiset até 2012, incluindo análises sobre a invalidade dos ritos paulinos e apelos à resistência sedevacantista. Schoonbroodt, como editor, promovia esses escritos, criando um diálogo implícito: enquanto Schoonbroodt focava em relatos pessoais de resistência (como sua excomunhão), Marchiset fornecia o arcabouço teológico, citando teólogos como Dom Paul Nau e São Roberto Belarmino.

O Comitê Rore Sanctifica: Uma Cruzada Conjunta
Lançado em 26 de abril de 2006, o Comitê Internacional de Pesquisas Científicas sobre as Origens e a Validade do Pontificalis Romani (roresanctifica.org) representa o ápice de sua parceria. Schoonbroodt atuou como "padrinho oficial" da iniciativa, endossando sua declaração fundacional que questiona a validade da consagração episcopal de Paulo VI, argumentando que ela compromete todos os sacramentos (exceto Batismo e Matrimônio). Marchiset, membro fundador e pesquisador principal, liderou as análises científicas e doutrinais, publicando estudos que Marchiset descreve como uma "cruzada para conscientizar clérigos e fiéis sobre as consequências da invalidade ritual". O comitê, oposto às "novidades" do Vaticano II, uniu-os em uma batalha estratégica: Schoonbroodt fornecia o aval espiritual e logístico (via Virgo-Maria), enquanto Marchiset elaborava os argumentos, como em seu comentário sobre a "infestação maçônica" na Igreja. Essa colaboração resultou em publicações como relatórios sobre a "ruptura total com a Tradição", distribuídos em círculos sedevacantistas.

Além disso, ambos participavam de uma rede mais ampla de sacerdotes tradicionalistas, incluindo os Abbés Vérité e Maury, com quem Schoonbroodt colaborava em exercícios espirituais ignacianos. Marchiset, em entrevistas como a de 2021 na Odysee (entretien-avec-labbe-michel-marchiset), menciona indiretamente esses laços ao discutir sua formação com Lefebvre e a necessidade de "guardar a Fé" contra heresias como o batismo de desejo (tese feeneyista, que ele adotou temporariamente em 2014, gerando controvérsias).

✨ Tensões e Legado: Uma Aliança Não Isenta de Conflitos

Apesar da sinergia, indícios de tensões surgem em críticas posteriores. Em 2014, blogs sedevacantistas como CatholicaPedia acusaram Marchiset de "feeneyismo" (rigorismo batismal estrito), contrastando-o com Schoonbroodt, descrito como um "amigo infatigável" que "corria pela Europa ministrando". No entanto, Marchiset retratou-se publicamente, mantendo o legado de resistência. Após a morte de Schoonbroodt em 2012, Marchiset continuou o trabalho via livros e conferências, como em La Passion Mystique de l'Église, que cita fontes comuns aos dois, como a encíclica Mortalium Animos de Pio XI.

O legado dessa relação é um corpus de escritos que fortaleceu o sedevacantismo: mais de 50 artigos no Virgo-Maria e relatórios do Rore Sanctifica, influenciando fiéis em França, Bélgica e além. Eles exemplificam como o tradicionalismo pode unir gerações em uma "paixão mística" pela Igreja eterna.

🏁 Conclusão

A colaboração entre Marchiset e Schoonbroodt não foi mera coincidência ideológica, mas uma aliança estratégica contra o que viam como a "apostasia conciliar". Schoonbroodt, o pioneiro belga, forneceu a plataforma e o testemunho vivencial; Marchiset, o teólogo francês, o rigor analítico. Juntos, eles deixaram um testamento de fidelidade à Tradição, inspirando resistentes atuais em um mundo eclesial fragmentado. Como Marchiset ecoa São Paulo, eles "combateram o bom combate" ⚔️, guardando a Fé para a posteridade.