📜Jacob Frank, o Messias Apóstata, e a Ingenuidade do Vaticano II


Um resumo sobre Jacob Frank, figura messiânica do século XVIII, o descreve como um líder dissidente do sabatismo que pregava a "redenção através do pecado", rejeitando a Torá em favor de rituais antinomianos, incluindo práticas sexuais transgressoras. Excomungado pelo judaísmo rabínico, ele e seus seguidores se converteram em massa ao catolicismo, numa manobra que as autoridades eclesiásticas da época, e os historiadores de hoje, veem com suspeita. Preso pela Inquisição, seu movimento eventualmente declinou, deixando um legado de disrupção e subversão. Embora historicamente preciso, tal resumo falha em identificar o espírito que animou Frank e seus seguidores, um espírito que não é uma mera aberração, mas uma manifestação consistente do que pode ser chamado de Espírito Revolucionário Judeu. Este espírito, nascido da rejeição do Logos, ressurge ao longo da história em formas cada vez mais degeneradas, do messianismo político de Bar Kokhba ao messianismo sexual de Frank e, finalmente, ao messianismo secular de Marx e Freud. A incapacidade de compreender essa continuidade histórica e teológica levou a Igreja, durante o Concílio Vaticano II, a um diálogo ingênuo com as forças que historicamente sempre buscaram sua subversão.

📜A Heresia como Essência, Não como Desvio

O movimento frankista não pode ser entendido simplesmente como uma heresia dentro do judaísmo. Ele é, na verdade, a manifestação lógica e grotesca do judaísmo pós-cristão, que se definiu fundamentalmente pela rejeição de Cristo, o Logos encarnado. Quando os líderes judeus no pé da cruz optaram por Barrabás, o revolucionário político, em detrimento do Servo Sofredor, eles selaram o destino de seu povo a um ciclo perpétuo de falsos messias que prometem um paraíso terrestre. Sabbatai Zevi e Jacob Frank são os sucessores inevitáveis de Bar Kokhba. Eles representam a busca incessante por um messias que não redime o homem do pecado, mas que o liberta das restrições da lei moral para fins políticos e de poder. A rejeição de um messias sofredor leva inexoravelmente a um messias guerreiro, e quando a vitória militar se torna impossível, a guerra se volta para dentro, contra a própria lei moral. Frank, ao declarar que a Torá não era mais válida, estava apenas levando a premissa talmúdica – que distorce e suplanta a Torá – à sua conclusão niilista. O Espírito Revolucionário Judeu não é uma dissidência do judaísmo; é sua essência desde que o judaísmo se tornou, em sua forma moderna, uma ideologia anti-Logos.

⚤A Redenção Através do Pecado: Libertação Sexual como Arma Política

A doutrina central de Frank, a "redenção através do pecado", é a teologização da libertação sexual como uma forma de controle político e desestabilização social. Essa ideia não é um mero antinomianismo, mas um ataque direto à ordem moral (Logos) que sustenta a civilização cristã. Ao promover rituais orgiásticos e a transgressão deliberada dos mandamentos, Frank estava armando a paixão sexual desordenada como um instrumento para destruir a Igreja e a sociedade que ela moldou. Esse padrão se repete ao longo da história das revoluções. Os anabatistas em Münster, sob a liderança de João de Leyden, instituíram a poligamia como um decreto divino para consolidar seu poder. Da mesma forma, no século XX, o bolchevismo cultural, impulsionado por figuras como Wilhelm Reich, usou a "libertação sexual" para minar a moralidade burguesa e preparar o terreno para a tirania política. A tática é sempre a mesma: prometer a libertação do superego moral para escravizar o homem através de seu id descontrolado. Frank foi um pioneiro nessa forma de guerra cultural, entendendo que a destruição da ordem sexual cristã era um pré-requisito para a destruição de sua ordem política e religiosa.

🎭A Falsa Conversão como Tática Revolucionária

A conversão em massa de Jacob Frank e seus seguidores ao catolicismo em 1759 não foi um ato de fé, mas uma manobra de subversão. Este evento ecoa o problema dos conversos na Espanha, onde a conversão forçada ou insincera criou uma quinta coluna dentro da Igreja, minando sua integridade e semeando desconfiança por séculos. A aceitação da duplicidade, a ideia de que se pode professar uma fé externamente enquanto se adere a outra secretamente, é um princípio profundamente talmúdico, concebido para sobreviver e subverter culturas anfitriãs. Ao se "converter", Frank não buscava a salvação, mas sim proteção das autoridades cristãs para continuar sua guerra contra o judaísmo rabínico e, em última instância, contra a própria Igreja que o acolheu. Ele explorou a caridade cristã como uma arma, transformando um ato de misericórdia em uma oportunidade para a infiltração.

🇻🇦O Vaticano II e o Desconhecimento do Inimigo

Esta lição histórica sobre a natureza da subversão frankista foi completamente ignorada pelos Padres do Concílio Vaticano II. Ao redigir documentos como a Nostra Aetate, a hierarquia da Igreja agiu com uma profunda ingenuidade, acreditando que estava dialogando com o "povo do Antigo Testamento". Na realidade, seus interlocutores, como Jules Isaac, eram os herdeiros intelectuais do mesmo espírito revolucionário que animou Frank, embora de forma mais sofisticada e secularizada. A campanha para que a Igreja repudiasse o "ensino do desprezo" e a acusação de "deicídio" não foi um pedido de reconciliação, mas uma demanda para que a Igreja negasse a veracidade dos Evangelhos e, portanto, sua própria fundação. Ao ceder a essa pressão, a Igreja abriu suas portas para uma forma de subversão mais sutil, mas não menos perigosa, do que a de Jacob Frank. O diálogo pós-conciliar tornou-se um cavalo de Troia, através do qual a ideologia anti-Logos, que define o Espírito Revolucionário Judeu, pôde entrar na cidadela da fé. A Igreja, ao falhar em reconhecer seu inimigo histórico, desarmou-se diante de uma guerra cultural que continua até hoje, uma guerra na qual a clareza teológica foi trocada pela ambiguidade sentimental, com consequências desastrosas para a fé e a moral católicas.

📖Referências

Jones, E. Michael. The Jewish Revolutionary Spirit and Its Impact on World History. South Bend: Fidelity Press, 2008.