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domingo, 27 de outubro de 2024
Intervenção na Ordem de Malta - Abuso de poder de Francisco
A intervenção do Papa Francisco na Ordem Soberana e Militar de Malta em 2017 representa um dos episódios mais extraordinários na história recente da Igreja Católica. Esta ordem cavaleiresca, fundada no século XI durante as Cruzadas, sempre manteve um status único, sendo simultaneamente uma ordem religiosa católica e um sujeito soberano de direito internacional, com relações diplomáticas com mais de 100 países e status de observador permanente na ONU.
A crise começou quando Fra' Matthew Festing, então Grão-Mestre da Ordem, demitiu o Grão-Chanceler Albrecht von Boeselager, alegadamente por questões relacionadas à distribuição de preservativos em projetos humanitários da ordem em países em desenvolvimento. Boeselager negou conhecimento do programa e contestou sua demissão, argumentando que não seguiu os procedimentos adequados previstos na constituição da Ordem.
O Papa Francisco decidiu então estabelecer uma comissão para investigar o caso, uma decisão que gerou controvérsia imediata. Fra' Festing e o Cardeal Raymond Burke, então patrono da Ordem, argumentaram que tal comissão violava a soberania da Ordem de Malta. Eles sustentavam que, sendo a Ordem um sujeito soberano de direito internacional, o Papa não teria autoridade para interferir em suas questões internas.
No entanto, o Papa Francisco, exercendo sua autoridade como líder supremo da Igreja Católica, solicitou a renúncia de Fra' Festing em janeiro de 2017. Esta foi uma medida sem precedentes na história moderna da Ordem, pois tradicionalmente o cargo de Grão-Mestre era vitalício. Fra' Festing acatou o pedido do Papa, renunciando em 24 de janeiro de 2017.
Em seguida, o Papa nomeou o Arcebispo Giovanni Angelo Becciu como seu Delegado Especial junto à Ordem, efetivamente marginalizando o papel do Cardeal Burke como Patrono. Boeselager foi reinstalado como Grão-Chanceler, e o Papa ordenou uma reforma da constituição da Ordem.
Para os tradicionalistas, esta intervenção representou uma quebra significativa na autonomia histórica da Ordem de Malta. Argumentavam que, ao intervir diretamente em uma instituição soberana, o Papa havia ultrapassado as fronteiras tradicionais entre autoridade espiritual e governança temporal. A situação foi vista como particularmente preocupante considerando o status único da Ordem como entidade soberana internacional.
A intervenção também gerou debates sobre a natureza da relação entre o papado e as ordens religiosas em geral. Tradicionalistas argumentavam que a ação estabelecia um precedente problemático de interferência papal direta na governança interna de ordens religiosas autônomas.