03 dez
S. Francisco Xavier, confessor


🕯️São Francisco Xavier (vídeo), nascido no castelo de Xavier, em Navarra, no ano de 1506, foi um dos primeiros e mais ilustres companheiros de Santo Inácio de Loyola na fundação da Companhia de Jesus, tornando-se o maior missionário dos tempos modernos e merecendo o título de "Apóstolo das Índias". Movido por um zelo inestinguível e uma única paixão de salvar as almas para a glória de Deus, ele renunciou à nobreza e à carreira acadêmica para levar o Evangelho aos confins do mundo conhecido, evangelizando incansavelmente a Índia, o Ceilão, as Ilhas Molucas e o Japão, onde batizou centenas de milhares de pessoas e operou milagres estupendos que confirmavam sua pregação. Consumido pelas fadigas apostólicas e privações, entregou sua alma a Deus em 1552 na ilha de Sanchoão, às portas da China, ansiando por converter aquele vasto império; foi declarado Padroeiro das Missões pelo Papa Pio X, e enquanto seu corpo repousa incorrupto em Goa, seu braço direito é venerado na Igreja de Gesù, em Roma.

📜Epístola (Rm 10, 10-18)
Irmãos: Com o coração se crê para alcançar a justiça; mas com a boca se faz a confissão para obter a salvação. Diz, pois, a Escritura: Todo o que Nele crê não será confundido. Porque não há distinção entre Judeu e Grego, pois um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que O invocam. Porque todo o que invocar o Nome do Senhor será salvo. Mas como invocarão Aquele em quem não creram? E como hão de crer n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir, se não houver pregadores? E como haverá pregadores, se não forem enviados? Assim está escrito: Que formosos são os pés dos que evangelizam a paz, dos que anunciam a Boa Nova! Mas nem todos obedecem ao Evangelho. Pois Isaías pergunta: Senhor, quem crê no que de nós ouviu? Logo, a fé vem pela pregação e a pregação por ordem do Cristo. E pergunto: Acaso, não a ouviram? Sim, certamente, pois por toda a terra se difundiu sua pregação e até as extremidades da terra chegaram as suas palavras.

✠Evangelho (Mc 16, 15-18)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ide por toda a terra e ensinai o Evangelho a todos os povos. Quem crer e for batizado será salvo; porém o que não crer será condenado. Estes são os milagres que acompanharão aos que creem: Em meu Nome expulsarão os demônios; línguas novas falarão; dominarão as serpentes e se tomarem alguma coisa mortífera, nada lhes sucederá de mal. Impondo eles as mãos sobre os doentes, estes serão curados.

💭Reflexões

🌍A liturgia de hoje nos apresenta a essência da vocação missionária através da figura gigantesca de São Francisco Xavier, ilustrando perfeitamente a doutrina exposta por São Paulo na Epístola aos Romanos. O Apóstolo indaga: "Como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?". Aqui reside o fundamento teológico da missão "ad gentes": a fé católica não é uma invenção subjetiva, mas uma revelação divina que deve ser transmitida externamente pelos ouvidos para chegar ao coração. São Tomás de Aquino ensina que, embora Deus possa iluminar interiormente a mente, a ordem ordinária da Providência estabeleceu que a fé venha pelo ouvido, através da pregação da Igreja, pois as verdades sobrenaturais transcendem a razão natural (Suma Teológica, II-II, q. 6, a. 1). Francisco Xavier compreendeu a urgência dramática desta verdade; ele via milhões de almas na Ásia que, sem a pregação, estavam privadas dos meios ordinários de salvação, o que acendia nele uma caridade impetuosa capaz de enfrentar os mares mais tempestuosos para ser a voz de Cristo onde Ele ainda era desconhecido.

🔥O Evangelho de São Marcos enumera os sinais que acompanhariam os que creem: expulsão de demônios, novas línguas e curas. Na vida de São Francisco Xavier, vemos a realização literal destas promessas, não como mero espetáculo, mas como a credencial divina de sua embaixada. São Gregório Magno explica que estes milagres foram necessários no início da Igreja para nutrir a fé ainda tenra, tal como regamos uma planta recém-plantada até que crie raízes; uma vez enraizada, a planta se nutre da terra e já não precisa da água constante da superfície (Homilia sobre os Evangelhos, 29). Xavier, operando em terras onde o Evangelho era uma semente nova, renovou os prodígios da Igreja primitiva: ele possuía o dom das línguas para se fazer entender por povos diversos e o dom da cura para demonstrar a bondade do Deus que anunciava. Estes sinais externos serviam para dobrar o intelecto dos pagãos à obediência da fé, mostrando que a mensagem trazida por aquele homem pobre e desgastado não era humana, mas divina.

⛵A vida deste santo confessor nos desafia a examinar a autenticidade de nossa própria fé e zelo. O Magistério da Igreja recorda que a Igreja é, por sua natureza, missionária, e que o mandato de "Ide e ensinai" não é facultativo, mas o cerne da identidade católica (Concílio Vaticano II, Ad Gentes, 2). Xavier chorava ao pensar nas universidades da Europa, cheias de homens sábios que perdiam tempo com vaidades enquanto tantas almas se perdiam por falta de doutrina. Santa Teresa de Ávila, embora enclausurada, ardia com o mesmo desejo de Xavier e ensinava que a oração e o sacrifício são as forças motrizes que sustentam os missionários no campo de batalha (Caminho de Perfeição, Cap. 1). Assim, quer partindo para terras longínquas, quer no silêncio da oração doméstica, todo católico deve ter um coração dilatado pela caridade apostólica, pois, como nos ensina o exemplo de Francisco, o amor a Deus não pode permanecer ocioso quando há irmãos que necessitam conhecer a Verdade que salva.