25 ABRIL - 6A-FEIRA DE PÁSCOA


Introito (Sl 77, 53 | ib., 1)
Edúxit eos Dóminus in spe, allelúia... O Senhor os conduziu cheios de confiança, aleluia, e sepultou no mar os seus inimigos, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Escuta, povo meu, a minha lei; inclina os teus ouvidos às palavras de minha boca.

Epístola (I Pe 3, 18-22)
Leitura da Epístola de São Pedro Apóstolo.Caríssimos: O Cristo morreu, uma vez por todas, por nossos pecados, Ele, o Justo, pelos injustos, para nos conduzir a Deus. Sendo de fato morto na carne, recebeu a vida eterna segundo o Espírito. Por esse Espirito também Ele veio pregar às almas que estavam na prisão. Estas eram outrora incrédulas, quando confiavam na paciência de Deus. Isto foi no tempo de Noé, enquanto se construía a arca na qual poucas pessoas, oito apenas, foram salvas pela água. De modo semelhante vos salva agora o Batismo, não purificando das manchas da carne, porém implorando boa consciência diante de Deus, em virtude da Ressurreição de Jesus Cristo Nosso Senhor, que está sentado à direita de Deus.

Evangelho (Mt 28, 16-20)
Naquele tempo, os onze discípulos dirigiram-se à Galileia, ao monte que Jesus lhes indicara. E quando O viram, eles O adoraram; no entanto alguns tinham dúvidas ainda. E aproximando-se, Jesus lhes falou, dizendo: Todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todos os povos; batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinai-lhes a observar tudo que vos ordenei. E eis que estou convosco, todos os dias até o fim do mundo.

Homilias e Explicações Teológicas
A missão universal confiada por Cristo aos apóstolos em Mt 28,16-20 manifesta a autoridade divina que transcende toda criação, sendo um reflexo da vitória pascal que São Pedro descreve em 1Pe 3,18-22, onde o sofrimento de Cristo conduz à redenção e ao domínio sobre os poderes espirituais. Santo Agostinho ensina que o mandato de batizar todas as nações não é apenas um chamado à pregação, mas um ato de incorporar todos os povos na unidade do Corpo de Cristo, que é a Igreja, revelando a extensão do sacrifício redentor que submete até os espíritos rebeldes à obediência divina (Santo Agostinho, Sermão sobre o Evangelho de Mateus, 28). São Tomás de Aquino aprofunda que a fórmula trinitária do batismo, ordenada por Cristo, é um sinal sacramental que imprime o caráter divino na alma, unindo o fiel à vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, como Pedro indica ao falar do batismo que salva pela ressurreição (São Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q. 66, a. 6). São João Crisóstomo destaca que a pregação de Cristo aos espíritos em prisão, mencionada por Pedro, revela a universalidade da salvação, que não se limita aos vivos, mas alcança até os que estavam nas trevas, prefigurando a missão apostólica de levar a luz do Evangelho a todos os confins da terra (São João Crisóstomo, Homilia sobre a Primeira Epístola de Pedro, 3). São Gregório Magno complementa que a ascensão de Cristo ao céu, implícita no mandato missionário, é o fundamento da esperança cristã, pois a sua glorificação assegura que os fiéis, purificados pelo batismo, também serão elevados, como Pedro sugere ao ligar a ressurreição à exaltação de Cristo à destra de Deus (São Gregório Magno, Homilia sobre a Ascensão, 29).

Síntese Comparativa com os Demais Evangelhos
O mandato missionário de Mt 28,16-20, com sua ênfase na autoridade de Cristo e na fórmula trinitária do batismo, apresenta aspectos únicos quando comparado aos outros Evangelhos. Em Marcos, a missão apostólica (Mc 16,15-18) foca na pregação do Evangelho a toda criatura, acompanhada de sinais milagrosos como expulsão de demônios e curas, que não são mencionados em Mateus, destacando a manifestação visível do poder divino. Lucas, em Lc 24,46-49, enfatiza que a pregação deve começar em Jerusalém, após os discípulos serem revestidos do poder do Espírito Santo, um detalhe cronológico e pneumatológico ausente em Mateus, que não especifica o local de início nem a necessidade de espera pelo Espírito. João, em Jo 20,21-23, complementa Mateus ao ligar a missão ao envio pelo Pai e ao poder de perdoar pecados, conferindo aos apóstolos uma autoridade sacramental que vai além do batismo e da pregação, aspectos centrais em Mateus. Esses textos, portanto, enriquecem o mandato mateano ao adicionarem sinais, contexto geográfico, dependência do Espírito e autoridade sobre o pecado.

Síntese Comparativa com Textos de São Paulo
O evangelho de Mt 28,16-20 encontra complementos significativos nos escritos paulinos, que aprofundam a missão universal e a autoridade de Cristo. Em Rm 10,13-15, Paulo destaca a necessidade de pregadores serem enviados para que todos invoquem o nome do Senhor, enfatizando a vocação missionária como um processo ordenado, algo não detalhado em Mateus. Em 1Cor 12,12-13, ele desenvolve a ideia do batismo como incorporação ao único Corpo de Cristo, unindo judeus e gentios pelo Espírito, o que amplia a compreensão da fórmula trinitária mateana como um ato de unidade eclesial. Em Ef 4,5-6, Paulo reforça a unicidade do batismo e da fé em um só Deus, conectando a missão de Mateus a uma visão teológica de unidade espiritual que transcende divisões culturais. Finalmente, em Cl 1,15-20, Paulo exalta a primazia de Cristo sobre toda a criação, ecoando a autoridade universal de Mateus, mas a situa em um contexto cósmico, onde Cristo reconcilia todas as coisas, um escopo redentivo mais amplo que o mandato missionário. Esses textos paulinos complementam Mateus ao detalhar a estrutura da missão, a unidade eclesial e a dimensão cósmica da autoridade de Cristo.