🗓️ 15 AGO - ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


👑 A solenidade da Assunção celebra a glorificação de Maria, que, ao término de sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória do céu. Este evento, profundamente enraizado na tradição da Igreja desde os primeiros séculos, não é um simples prêmio pessoal, mas o cumprimento da promessa de Cristo sobre a ressurreição e a glorificação que aguarda todos os fiéis. A sua Assunção é a antecipação da ressurreição da carne para toda a Igreja, tornando-a um sinal de esperança e consolo para o povo de Deus peregrino. A proclamação do dogma em 1950 por Pio XII apenas confirmou solenemente esta verdade de fé, celebrando a vitória definitiva de Maria sobre o pecado e a morte, em virtude dos méritos de seu Filho.

🌟 Introito (Ap 12, 1 |Sl 97,1)
Signum magnum appáruit in coelo... Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. Sl. Cantai ao Senhor um cântico novo, porque operou maravilhas. ℣. Glória ao Pai…

⚔️ Epístola (Judite 12, 22-25; 15, 10)
O Senhor te abençoou em sua fortaleza, porque, ele Por ti aniquilou os nossos inimigos. Ó filha, tu és bendita do Senhor Deus Altíssimo sobre todas as mulheres que há na terra. Bendito o Senhor que criou o céu e a terra, que te dirigiu para cortares a cabeça ao chefe dos nossos. inimigos. Porque, hoje engrandeceu o teu nome tanto, que nunca o teu louvor se apartará da boca dos que se lembrarem eternamente do poder do Senhor, por amor dos quais tu não poupaste a tua vida, ao ver as angústias e a tribulação do teu povo, mas, impediste a sua ruína na presença do nosso Deus. Tu és a glória de Jerusalém, tu a alegria de Israel, tu a honra do nosso povo.

🕊️ Evangelho (Lc 1, 41-50)
Naquele tempo, Isabel ficou repleta do Espírito Santo e exclamou em alta voz, dizendo: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. Em que mereci eu que a mãe de meu Senhor viesse ter comigo? Pois, logo que a voz da tua saudação me soou ao ouvido, o menino exultou de prazer nas minhas entranhas. E bem-aventurada és tu, que acreditaste, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas. Disse, então, Maria: Minha alma glorifica ao Senhor; e meu espírito rejubilou em Deus, meu Salvador; porque, pôs os olhos na humildade da sua serva; eis que desde agora me chamarão bem-aventurada todas as gerações! Porque me fez grandes coisas Aquele que é poderoso, e cujo nome é santo; a sua misericórdia vai de geração em geração, sobre os que O temem.

🤔 Reflexões

📜 A alma de Maria magnifica o Senhor, não a si mesma; o seu espírito exulta em Deus, não nela mesma. Ela atribui tudo ao seu Deus, cuja grandeza se deleita em realizar grandes coisas nos pequenos. (Santo Agostinho, Sermão 25 sobre os Santos). Era conveniente que aquela que no parto guardara ilibada a sua virgindade, conservasse o seu corpo, depois da morte, livre de toda a corrupção. Convinha que aquela que trouxera no seio o Criador como menino, habitasse nos tabernáculos divinos. (São João Damasceno, Segunda Homilia sobre a Dormição). Tal como Judite, prefigurando a Igreja, que permaneceu virgem, venceu o inimigo e libertou o povo, assim também Maria, com a sua obediência, esmagou a cabeça da antiga serpente e trouxe a salvação ao mundo. (São Beda, o Venerável, Homilias sobre os Evangelhos, I, 3).

📖 O Evangelho de Lucas é o único que narra detalhadamente o encontro entre Maria e Isabel, bem como o cântico do Magnificat. Enquanto Mateus se concentra na perspectiva de José e na genealogia de Jesus, a narrativa lucana aprofunda a dimensão interior e espiritual de Maria, revelando a sua humildade e a sua profecia sobre as gerações futuras. O Evangelho de João, por sua vez, complementa a dignidade de Maria como "Mãe de meu Senhor" ao apresentá-la ao pé da cruz (Jo 19, 25-27), onde sua maternidade se estende a toda a Igreja na figura do discípulo amado, cumprindo a promessa de que "todas as gerações a chamarão bem-aventurada".

✉️ Os textos de São Paulo, embora não mencionem diretamente a Assunção, fornecem o seu fundamento teológico. Em 1 Coríntios 15, Paulo descreve Cristo como as "primícias dos que morreram" e afirma que, em Cristo, todos serão vivificados. A Assunção de Maria é a mais perfeita realização desta promessa, a primeira colheita da ressurreição corporal prometida aos fiéis. Além disso, a exaltação da humildade de Maria no Magnificat ("pôs os olhos na humildade da sua serva") ecoa perfeitamente o hino de Filipenses 2, 6-11, onde o esvaziamento de Cristo (kénosis) precede a Sua suprema exaltação por Deus Pai.

🏛️ Os documentos da Igreja fundamentam e preparam o dogma da Assunção. A Bula Ineffabilis Deus (1854) do Papa Pio IX, que definiu a Imaculada Conceição de Maria, é o alicerce teológico essencial. Ao declarar que Maria foi preservada de toda mancha do pecado original desde o primeiro instante de sua concepção, este documento implica a sua isenção da corrupção do túmulo, que é uma consequência do pecado. A Constituição Apostólica Munificentissimus Deus (1950) do Papa Pio XII, que finalmente definiu o dogma, articula esta conexão, afirmando que, como a nova Eva, intimamente unida ao novo Adão, Maria partilhou da Sua vitória sobre o pecado e a morte, culminando na glorificação corporal como consequência necessária da sua Imaculada Conceição.