Paul Démann foi um sacerdote judeu de origem húngara que, como Vermes e Hruby, se converteu ao cristianismo e ingressou no sacerdócio. Ele se tornou um teólogo destacado no campo do diálogo inter-religioso e foi fundamental em debates sobre a relação entre cristianismo e judaísmo.
Geza Vermes, conhecido principalmente por seu trabalho acadêmico sobre o Jesus histórico e os Manuscritos do Mar Morto, teve uma trajetória singular: depois de se converter ao catolicismo e se tornar padre, ele retornou ao judaísmo. Embora seu envolvimento com o Nostra Aetate não tenha sido direto, Vermes ajudou a difundir uma visão de Jesus que o situava mais no contexto do judaísmo do que em uma linha de ruptura com ele. Seu trabalho contribuiu para a base de uma perspectiva mais integrada entre as duas tradições.
Kurt Hruby, também convertido ao cristianismo e ordenado padre, teve uma influência notável nos estudos judaicos e no desenvolvimento do pensamento católico sobre o judaísmo. Com raízes austríacas e húngaras, Hruby fez parte do crescente movimento que promovia uma reavaliação teológica da relação entre as duas fés.
O Nostra Aetate representa uma mudança crucial, pois declara que os judeus não podem ser responsabilizados coletivamente pela morte de Jesus e reconhece as raízes judaicas do cristianismo. Este tipo de reconhecimento teológico e histórico foi, sem dúvida, influenciado pelo trabalho de Démann, Vermes e Hruby.
A Nostra Aetate é uma declaração do Concílio Vaticano II (1962-1965), publicada em 28 de outubro de 1965, e seu título completo é "Declaração sobre a Relação da Igreja com as Religiões Não-Cristãs". Através desse documento, a Igreja Católica fez uma abordagem inédita sobre o relacionamento com outras religiões, incluindo o judaísmo, o islamismo, o hinduísmo e o budismo, marcando um ponto de virada na visão oficial católica sobre outras tradições religiosas.
A Nostra Aetate tem uma importância histórica e teológica porque pediu aos católicos que reconheçam e respeitem os valores e crenças presentes em outras religiões, como o islamismo e o hinduísmo, iniciando um movimento de diálogo inter-religioso e estabelecendo as bases para o movimento ecumenista.
A Declaração Nostra Aetate foi promovida principalmente pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso instituído por Paulo VI em 1964 (originalmente criado como Secretaria para os Não-Cristãos, depois transformado em Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso).
Também criado por Paulo VI em 1965 o Pontifício Conselho para o Diálogo com os Não-Crentes foi voltado a dialogar com aqueles que não professam nenhuma religião formal ou são agnósticos, explorando as questões existenciais e éticas que podem unir crentes e não crentes.
Note-se que já funcionava o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, criado pelo Papa João XXIII em 1960, sua missão é buscar e promover a unidade entre os cristãos, colaborando especialmente com igrejas ortodoxas e protestantes para curar as divisões históricas e atuais entre as denominações.