A fé cristã ensina que a liberdade é um dom precioso, mas ordenado à escolha do bem, conforme a verdade revelada por Deus. Ela não é um fim em si mesma, mas um meio para alinhar a vontade humana com a lei divina, que conduz à verdadeira felicidade. Assim, a liberdade autêntica encontra seu limite na obediência à ordem moral estabelecida pelo Criador, cuja sabedoria transcende as inclinações humanas.
Em contrapartida, a Maçonaria propõe uma concepção de liberdade que exalta a autonomia individual como valor supremo, desvinculada de qualquer autoridade transcendente. Essa visão, que rejeita a necessidade de uma verdade objetiva, conduz ao relativismo, onde cada homem se torna a medida de sua própria moral. Tal liberdade, desprovida de um fundamento sólido, transforma-se em licença para desafiar a lei natural e divina, promovendo uma independência ilusória que escraviza o homem aos seus próprios caprichos. Como se observa na crítica ao liberalismo, essa noção de liberdade absoluta erode a ordem social, pois nega a submissão a princípios que garantem a harmonia e o bem comum.
Na perspectiva cristã, todos os homens possuem igual dignidade como criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus. Essa igualdade, porém, não elimina as diferenças de dons, vocações e responsabilidades que refletem a diversidade da criação divina. A família, a Igreja e a sociedade civil, cada uma com suas hierarquias legítimas, são expressões dessa ordem natural, onde a autoridade, quando exercida com justiça, serve ao bem de todos.
A Maçonaria, por outro lado, defende uma igualdade que tende a apagar essas distinções, promovendo um nivelamento que desconsidera a autoridade divina e eclesiástica. Essa visão, ao rejeitar as estruturas ordenadas por Deus, fomenta uma uniformidade artificial que ameaça a estabilidade social. A igualdade maçônica, ao ignorar a origem divina da autoridade, pode degenerar em anarquia ou em um secularismo que marginaliza a fé, substituindo a harmonia natural por uma luta de poderes humanos. Tal concepção desrespeita a providência divina, que estabelece papéis complementares para o florescimento da humanidade.
Da mesma forma, a verdadeira fraternidade, segundo a doutrina cristã, nasce da paternidade de Deus e da redenção em Cristo. Ela transcende laços meramente humanos, unindo os homens em uma comunhão espiritual que se manifesta na caridade, virtude que reflete o amor divino. Essa fraternidade exige a graça sobrenatural, pois apenas em Deus os homens encontram a fonte de uma união duradoura e significativa.
A Maçonaria, contudo, propõe uma fraternidade puramente naturalista, que se limita à solidariedade humana e exclui a dimensão sobrenatural. Nessa perspectiva, Deus é reduzido a um conceito vago, como um "Grande Arquiteto" indiferente, desprovido da relação pessoal que caracteriza a fé cristã. Tal fraternidade, ao rejeitar a centralidade de Cristo, torna-se uma filantropia vazia, incapaz de sustentar uma comunhão profunda. Sem a graça divina, os esforços humanos para a fraternidade carecem de fundamento sólido, resultando em uma união superficial que não resiste às divisões inerentes à condição humana.
A adoção dos princípios maçônicos, com sua ênfase no naturalismo, ameaça os alicerces da civilização cristã. Ao promover uma liberdade sem verdade, uma igualdade sem ordem e uma fraternidade sem Deus, a Maçonaria desafia a cosmovisão que sustenta a moral, a família e a sociedade. Essa filosofia, ao desviar o homem de sua dependência do Criador, o conduz a um vazio espiritual, onde os ideais elevados se tornam meros slogans, desprovidos de significado transcendente.
A Igreja, fiel à sua missão de guardar a verdade revelada, alerta para o perigo de abraçar tais princípios. A verdadeira liberdade se encontra na submissão amorosa a Deus; a verdadeira igualdade, no respeito pela ordem divina; e a verdadeira fraternidade, na comunhão que brota da graça. Qualquer tentativa de construir uma sociedade alheia a esses fundamentos está destinada ao fracasso, pois o homem, criado por Deus, só encontra plenitude em sua vontade.
Referências
Humanum Genus. Encíclica do Papa Leão XIII, 20 de abril de 1884. Disponível em: https://www.vatican.va/content/leo-xiii/en/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_18840420_humanum-genus.html.
Libertas Praestantissimum. Encíclica do Papa Leão XIII, 20 de junho de 1888. Disponível em: https://www.vatican.va/content/leo-xiii/es/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_20061888_libertas.html
Sardà y Salvany, Félix. Maçonismo e Catolicismo. Sabadell: Instituto Gratia, 2019. 120 p.