A citação de Paulo VI revela uma tentativa de conciliar o cristianismo tradicional com o humanismo moderno, o que gerou críticas significativas:
Confronto entre visões de mundo: Paulo VI reconhece explicitamente o confronto entre a religião tradicional e o "humanismo laico e profano". Ele apresenta este confronto como um desafio ao Concílio, sugerindo uma tensão fundamental entre estas visões de mundo.
Abordagem conciliatória: Em vez de optar por "combate, luta, anátema", o Papa escolhe uma abordagem conciliatória, usando a parábola do bom samaritano como modelo. Esta escolha foi vista por alguns críticos como uma capitulação ou enfraquecimento da posição tradicional da Igreja.
Foco nas "necessidades humanas": O Papa enfatiza que o Concílio se concentrou intensamente nas necessidades humanas. Críticos argumentaram que isso desviou o foco da transcendência e das verdades espirituais para preocupações mais mundanas e seculares.
Apropriação do humanismo: Paulo VI chega a declarar "nós mais do que ninguém somos cultores do homem", numa tentativa de reivindicar o humanismo para a Igreja. Esta afirmação foi vista por alguns como uma diluição perigosa da identidade cristã tradicional.
Ambiguidade teológica: A linguagem usada pelo Papa, embora poética, pode ser vista como ambígua em termos teológicos. Ele não delineia claramente como a Igreja pode ser "cultora do homem" sem comprometer sua missão espiritual primária.
Minimização do conflito: Ao evitar o confronto direto com o humanismo secular, alguns críticos argumentaram que Paulo VI subestimou a incompatibilidade fundamental entre certas formas de humanismo e o cristianismo tradicional.
Risco de sincretismo: A abordagem conciliatória de Paulo VI foi interpretada por alguns como correndo o risco de um sincretismo inaceitável, misturando elementos do cristianismo com filosofias seculares potencialmente incompatíveis.
Mudança de ênfase: A citação sugere uma mudança de ênfase da adoração de Deus para o serviço ao homem, o que alguns viram como um desvio perigoso da missão primária da Igreja.
Linguagem poética vs. precisão doutrinária: O uso de linguagem poética e alusiva por Paulo VI, embora eloquente, foi criticado por não fornecer diretrizes doutrinárias claras em um momento de significativa mudança na Igreja.
Tensão não resolvida: Embora Paulo VI reconheça a tensão entre o cristianismo tradicional e o humanismo moderno, alguns críticos argumentaram que ele não resolve adequadamente esta tensão, deixando questões importantes sem resposta.
Discurso completo:
https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio.html
Discurso completo:
https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651207_epilogo-concilio.html