🗓️04 AGO - S. DOMINGOS, Confessor


🛡️ São Domingos de Gusmão, nascido na Espanha por volta de 1170, dedicou sua vida à pregação da Verdade para combater a heresia albigense que se espalhava pelo sul da França. Diante da ineficácia dos métodos existentes, ele concebeu uma nova forma de vida religiosa: a Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Esta ordem combinava a vida monástica de oração e estudo com um apostolado itinerante, focado em uma pregação doutrinalmente sólida e fundamentada na pobreza evangélica, para reconduzir as almas à fé católica através da palavra e do exemplo.

Introito (Lc 4, 18| Sl 77, 1)
Os justi meditábitur sapiéntiam, et lingua ejus loquétur judícium... A boca do justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. A lei de seu Deus está em seu coração. Sl. Não tenhas ciúmes dos maus, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. ℣. Glória ao Pai…

Coleta
Ó Deus, que Vos dignastes iluminar a vossa Igreja com os méritos e a doutrina de vosso santo Confessor Domingos, concedei, por sua intercessão, que não lhe faltem os auxílios temporais e faça sempre novos progressos espirituais. Por N.S.

Epístola (II Tim 4, 1-8)
Caríssimo: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos por sua vinda e por seu Reino: prega a palavra, insiste, quer agrade, quer desagrade, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pela curiosidade de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas. Tu, porém, vigia, trabalha em todas as coisas, faze obra de um Evangelista, desempenha o teu ministério. Sê sóbrio. Quanto a mim, já estou para ser crucificado, e o tempo de minha morte se avizinha. Combati o bom combate; terminei a minha carreira: guardei a fé. Resta-me esperar a coroa da justiça que me está reservada, que o Senhor, justo Juiz, me dará nesse dia. E não só a mim, como também àqueles que desejam a sua vinda.

Gradual (Sl 91, 13 e 14; ib. 3 | Os 14, 6)
O Justo floresce como a palmeira na plenitude da força, como o cedro do Líbano na casa do Senhor. ℣. Para anunciar pela manhã a vossa misericórdia e a vossa fidelidade durante a noite. Aleluia, aleluia. ℣. O Justo germina como o lírio e floresce para sempre diante do Senhor. Aleluia.

Evangelho (Lc 12, 34-40)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Estejam cingidos os vossos rins, e em vossas mãos lâmpadas acesas. E sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo a possam abrir. Bem-aventurados aqueles servos, que o Senhor, ao voltar, achar vigilantes. Em verdade vos digo: ele se cingirá e os fará sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, ou se vier na terceira e assim os encontrar, bem-aventurados esses servos! Atendei porém a isto: se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, com certeza haveria de vigiar e, sem dúvida, não deixaria invadir a sua casa. Assim, estai também vós preparados, porque à hora em que não cuidais, virá o Filho do homem.

Reflexão

✍️ Cingir os rins significa refrear as concupiscências da carne, e ter as lâmpadas acesas nas mãos é brilhar com o exemplo das boas obras (São Gregório Magno, Homilia 13 sobre os Evangelhos). Aquele que, por sua vida, destrói o que prega com a boca, melhor faria se se calasse, pois a autoridade do pregador reside na conformidade entre sua doutrina e sua conduta (Santo Agostinho, Comentário sobre a Primeira Epístola de João, Prólogo). Portanto, não basta apenas vigiar, mas estar preparado, pois muitos vigiam com lâmpadas apagadas, isto é, vivem uma vida sem as obras da luz que deveriam acompanhar a fé professada (São Beda, o Venerável, Homilias sobre o Evangelho de Lucas, IV, 49).

📜 O Evangelho de Lucas se distingue pela promessa única de que o Senhor, ao retornar, "se cingirá e os fará sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá", uma imagem de recompensa íntima e serviço divino não encontrada nos outros evangelhos. Mateus (24, 43-51), em sua versão da parábola, contrasta o servo fiel com o servo mau que maltrata seus companheiros e é punido severamente, detalhando as consequências da falta de vigilância de uma forma mais explícita. Marcos (13, 33-37) apresenta uma versão mais curta, enfatizando a ordem dada a todos – "Vigiai!" – e usando a figura do porteiro, a quem se confia a responsabilidade de guardar a casa até o retorno do dono.

✉️ A exortação à vigilância no Evangelho ecoa fortemente em outros textos paulinos. Em I Tessalonicenses 5, 2-6, São Paulo utiliza a mesma imagem do "ladrão de noite" e exorta os "filhos da luz" a não dormirem como os outros, mas a serem sóbrios e vigilantes, complementando a imagem das "lâmpadas acesas" de Lucas. A metáfora do combate, presente na Epístola do dia, é expandida em Efésios 6, 14, onde o Apóstolo manda "cingir os lombos com a verdade", parte da "armadura de Deus" necessária para a batalha espiritual, dando um sentido marcial à prontidão. Ademais, em Romanos 13, 11-12, a urgência da vigilância é justificada pelo tempo: "é hora de despertardes do sono", exortando a "revestir-se das armas da luz" e do próprio Cristo, unindo a espera vigilante à santificação pessoal.

🏛️ Os documentos da Igreja reforçam a urgência da vigilância doutrinal e pastoral. O Concílio de Trento, em seu decreto sobre a reforma do clero (Sessão XXIII), insiste na necessidade de pastores que, como os servos vigilantes do Evangelho, estejam preparados para alimentar o rebanho com a sã doutrina e o exemplo, combatendo os "lobos" que buscam invadir o redil. A encíclica Pascendi Dominici Gregis (1907) do Papa São Pio X ecoa a advertência do Evangelho sobre o "ladrão", aplicando-a aos inimigos da fé que se infiltram na própria Igreja, e conclama os bispos à máxima vigilância e a "pregar a palavra" com a mesma insistência de São Paulo, para guardar o depósito da fé.