João Paulo II foi frequentemente vinculado a uma postura contrária em relação à Teologia da Libertação, o que o trecho acima desmente. Nele o Papa estava dando legitimidade demais a uma corrente teológica controversa, ao afirmar que ela era "não só oportuna mas útil e necessária". Esta aprovação da Teologia da Libertação podia ser vista como um risco de excessiva politização da fé e da missão da Igreja. Além disso, colocar a Teologia da Libertação como "uma nova etapa" da reflexão teológica da Igreja podia abrir espaço para desvios da doutrina tradicional.
A equiparação feita entre a Teologia da Libertação e outras fontes tradicionais da teologia católica, como os Padres da Igreja e o Magistério, era questionável. Dava abertura a um relativismo teológico, enfraquecendo a autoridade da doutrina tradicional, sem contar com possível contradição com documentos anteriores do Vaticano que eram mais críticos à Teologia da Libertação.
A Teologia da Libertação tinha influências marxistas, e essa aprovação papal foi vista como uma abertura perigosa a essas influências. Enfim, essa aprovação tendia a desviar o foco da salvação espiritual para questões sociais e políticas.
Desenvolvimento da Teologia da Libertação:
1962-1965: Concílio Vaticano II - Embora não diretamente relacionado à Teologia da Libertação, este concílio abriu espaço para novas interpretações e abordagens na Igreja Católica.1968: Conferência Episcopal Latino-Americana em Medellín, Colômbia - Esta conferência foi fundamental para a articulação de ideias que mais tarde se tornariam centrais na Teologia da Libertação.
1971: Publicação de "A Teologia da Libertação" por Gustavo Gutiérrez.
1972: Encontro de teólogos em El Escorial, Espanha - Este encontro ajudou a consolidar e difundir as ideias da Teologia da Libertação.
1975: Publicação de "Jesus Cristo Libertador" por Leonardo Boff, outro importante teólogo da libertação.
1979: Conferência de Puebla, México - Reafirmou muitos dos princípios estabelecidos em Medellín.
1984-1986: O Vaticano emite instruções criticando certos aspectos da Teologia da Libertação, mas legitimando o movimento.
2007: Conferência de Aparecida, Brasil - Reafirmou a opção preferencial pelos pobres, um conceito central da Teologia da Libertação.