04 JUNHO - S. FRANCISCO CARACCIOLO, Confessor


Nasceu em Santa Maria de Villa (Itália) em 1563, de uma ilustre família e faleceu em 1608. É fundador dos “Clérigos regulares menores” que unem a vida ativa à contemplativa. Homem de espírito de oração e de penitência, dedicou-se à cura de almas entre os presos.

Introito (Sl 21, 15; 68, 10 | Sl 72, 1)
Factum est cor meum tamquam cera liquéscens in médio ventris mei... Meu coração ficou como cera derretida, dentro de mim; porque o zelo por vossa casa me devorou. Ps. Como Deus é bom para Israel e para todos os que têm o coração reto!

Epístola (Sab 4, 7-14)
O Justo, mesmo que tenha morte repentina, obterá o repouso. Porque o que torna a velhice venerável, não é a extensão da vida, nem esta é avaliada pelo número de anos; mas a prudência do homem substituí os cabelos brancos, e a longanimidade é uma vida sem mácula. O Justo agradou a Deus, foi por Ele amado e tirado do meio dos pecadores, entre Os quais vivia. Foi levado pelo receio de que a malícia transformasse o seu espírito e as aparências enganadoras não seduzissem a sua alma. Porque a fascinação das frivolidades obscurece o bem e a concupiscência inconstante desvia mesmo o espírito sem maldade. Embora tivesse vívido pouco, viveu longa jornada, porque a sua alma era agradável a Deus. Por isso, Ele se apressou em tirá-lo do meio das maldades.

Evangelho (Lc 12, 35-40)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Estejam cingidos os vossos rins, e em vossas mãos lâmpadas acesas. E sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo a possam abrir. Bem-aventurados aqueles servos, que o Senhor, ao voltar, achar vigilantes. Em verdade vos digo: ele se cingirá e os fará sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, ou se vier na terceira e assim os encontrar, bem-aventurados esses servos! Atendei, porém a isto: se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, com certeza haveria de vigiar e, sem dúvida, não deixaria invadir a sua casa. Assim, estai também vós preparados, porque à hora em que não cuidais, virá o Filho do homem.

Homilias e Explicações Teológicas

A justiça do justo não se mede pela duração de sua vida terrena, mas pela perfeição de sua alma, que, livre do pecado, é chamada por Deus ao repouso eterno, como um sacrifício agradável, pois a brevidade de seus dias não diminui a glória de sua santidade, mas a exalta como um reflexo da divina providência que escolhe os seus para a eternidade (Santo Agostinho, Sermões sobre a Escritura, Sermão 128). A vigilância exigida no Evangelho é um chamado à pureza do coração, que deve estar sempre preparado para o encontro com o Senhor, não por temor servil, mas por amor ardente que busca a união com o Esposo divino, vivendo cada momento como se fosse o último em oferta a Deus (Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de Lucas, Livro 7). A prontidão espiritual, simbolizada pelas lâmpadas acesas, é um convite à caridade operante, que ilumina o mundo com obras de misericórdia, como as praticadas por São Francisco Caracciolo, cuja vida de ascese e dedicação aos pobres reflete a chama da fé que não se apaga diante das trevas do mundo (São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, Homilia 12). A morte prematura dos justos, como descrita em Sabedoria, não é castigo, mas um mistério de eleição divina, onde Deus, em sua sabedoria insondável, preserva a alma pura da corrupção do século, conduzindo-a ao repouso eterno para que sua luz brilhe na glória celestial (São Jerônimo, Comentário ao Livro da Sabedoria, Capítulo 4).

Comparação com os Demais Evangelhos
O chamado à vigilância em Lucas 12, 35-40, com sua imagem do servo atento à chegada do senhor, encontra eco em Mateus 24, 42-44, onde a ênfase recai sobre a imprevisibilidade do momento do retorno do Filho do Homem, comparado a um ladrão, destacando a necessidade de uma preparação constante sem procrastinação. Marcos 13, 33-37 reforça essa urgência, mas adiciona a responsabilidade de todos os servos da casa, sugerindo uma vigilância coletiva, não apenas individual, que abrange toda a comunidade eclesial. João 16, 16-20, embora não trate diretamente da vigilância, complementa Lucas ao descrever a alegria da volta de Cristo após a aparente ausência, apontando para a esperança que sustenta a espera ativa dos fiéis. Esses evangelhos ampliam a perspectiva de Lucas, que foca na prontidão pessoal, ao incluir a dimensão comunitária e a alegria escatológica da presença divina.

Comparação com Textos de São Paulo
A vigilância e a justiça descritas em Sabedoria 4, 7-14 e Lucas 12, 35-40 encontram ressonância em 1 Tessalonicenses 5, 4-8, onde São Paulo exorta os fiéis a serem “filhos da luz”, vivendo sobriamente e alertas, contrastando com os que dormem na escuridão do pecado, reforçando a ideia de uma espera ativa e consciente pelo Dia do Senhor. Em Filipenses 1, 21-23, Paulo complementa Sabedoria ao expressar o desejo de partir para estar com Cristo, ecoando a visão da morte do justo como um chamado divino à plenitude, não como perda, mas como ganho eterno. Além disso, em 2 Coríntios 5, 6-10, Paulo enfatiza a necessidade de agradar a Deus em todos os momentos, seja na vida terrena ou na morte, alinhando-se com a prontidão exigida em Lucas e a santidade do justo em Sabedoria, mas destacando a confiança na recompensa celestial como motivação para a vigilância.

Comparação com Documentos da Igreja
O tema da vigilância em Lucas 12, 35-40 e a santidade do justo em Sabedoria 4, 7-14 são enriquecidos pela Constituição Dogmática Pastor Aeternus (1870), que, ao tratar da infalibilidade do Papa, sublinha a autoridade da Igreja como guia para manter os fiéis vigilantes na verdade, complementando a necessidade de obediência espiritual à espera do Senhor. O Decreto Lamentabili Sane (1907) condena erros modernistas que negam a realidade escatológica, reforçando a urgência da vigilância de Lucas como uma verdade inegociável da fé, centrada na espera do julgamento divino. A encíclica Rerum Ecclesiae (1926) exorta à missionariedade, conectando-se à vida de São Francisco Caracciolo, cuja dedicação aos pobres exemplifica a caridade ativa que ilumina a vigilância, transformando a espera em serviço concreto.