Ademais, informa-se sobre a participação de Dom Garcia, em dezembro de 2024, numa mensagem pastoral de bispos californianos em solidariedade com os migrantes; sua posição no conselho da Catholic Relief Services, entidade com um histórico de controvérsias morais; e o seu uso frequente de termos caros ao atual pontificado, como "acompanhamento". O bispo declarou seu compromisso em "escutar" os que estão nas margens, incluindo a "comunidade LGBT" e os adúlteros. O ponto culminante, no entanto, foi o relato do processo sinodal diocesano conduzido por seu assistente, o Diácono David Ford. Numa das sessões, um fiel católico que se levantou para criticar a ideologia homossexual foi publicamente repreendido e silenciado pelo diácono ("I had to shut him down"), sendo efetivamente forçado a abandonar a reunião.
É manifesto que a nomeação episcopal em questão, bem como as declarações e os atos que a circundam, não constituem um fato isolado, mas sim um sintoma paradigmático da crise que aflige a Igreja. Trata-se da manifestação prática de uma inversão de princípios, onde a caridade é desvinculada da verdade, a pastoralidade suplanta a doutrina e a autoridade se torna um instrumento para a dissolução da própria fé que deveria custodiar.
Primeiramente, o discurso de Dom Garcia revela uma adesão inequívoca ao que tem sido chamado de "cristianismo secundário". Como se demonstra exaustivamente na obra Iota Unum, esta é a tendência que reduz a missão da Igreja a um fim puramente terreno. A preocupação com os "pobres, fracos e marginalizados", quando separada da finalidade primária da salvação das almas, transforma a Igreja numa agência humanitária, uma entre tantas outras a promover uma genérica justiça social. A religião deixa de ser o fim da civilização para se tornar um meio para ela, e os seus valores sobrenaturais são assimilados aos valores da civitas hominis (AMERIO, 2011, p. 399-401). A Igreja, em vez de elevar o homem a Deus, se ocupa em promover o "desenvolvimento integral" do homem no mundo, obscurecendo assim sua própria razão de ser.
Em segundo lugar, a adoção de um vocabulário de "escuta" e "acompanhamento" em relação a grupos cujas práticas são objetivamente contrárias à lei divina e natural não é um sinal de nova sensibilidade pastoral, mas de um profundo indiferentismo doutrinal. A moral católica, até o Concílio, consistia em chamar o pecador à conversão (metanoia), o que implica o reconhecimento do pecado e a necessidade de abandoná-lo. O novo método, ao contrário, propõe "acompanhar" o pecador em sua condição, sem lhe apresentar a verdade objetiva da lei moral. Esta "moral de situação", já condenada por Pio XII, transfere o critério da moralidade da lei objetiva para a "consciência pessoal" e a "sinceridade" da intenção subjetiva (AMERIO, 2011, p. 363-364). O resultado não é a elevação da consciência, mas a sua dissolução, pois esta é privada da norma externa e absoluta que lhe serve de guia.
O ápice desta inversão, contudo, revela-se no episódio do sínodo diocesano. O processo sinodal, vendido como um exercício de "escuta" universal, especialmente das "margens", demonstra na prática seu verdadeiro fim: o de silenciar a ortodoxia. O fiel católico que, exercendo seu direito e dever, levanta a voz para defender a doutrina tradicional da Igreja sobre a moralidade sexual, é publicamente humilhado e expulso. Aquele que, na nova eclesiologia, deveria ser o mais "escutado" por estar, de fato, na margem do pensamento dominante, é precisamente aquele que é calado.
Este fato singular ilustra com clareza a inversão da linguagem e dos próprios conceitos. A "inclusão" torna-se a exclusão do fiel ortodoxo. A "escuta" significa o silenciamento da verdade. O "diálogo" revela-se um monólogo da nova ideologia, intolerante a qualquer contradição. A "margem" a ser acolhida não é a periferia do pecado que se quer trazer ao centro da graça, mas a periferia do erro doutrinal que se quer instalar no centro da Igreja. É a consumação da perda da unidade, não apenas de culto ou de regime, mas, mais fundamentalmente, a perda da unidade doutrinal, sem a qual a Igreja se desfaz como corpo (AMERIO, 2011, p. 562).
Portanto, a nomeação de um prelado com tais disposições não é um ato administrativo rotineiro. É um ato que confirma e acelera o processo de dissolução, onde a autoridade, que deveria ser o princípio de unidade na verdade, se converte no agente da sua fragmentação. A crise atual, como se vê, não é uma mera questão de abusos ou desvios acidentais, mas uma alteração substancial nos próprios fundamentos da fé e da moral, que procede de uma crise de pensamento que atinge a própria hierarquia.
Referências
AMERIO, Romano. Iota Unum: Estudio sobre las transformaciones en la Iglesia en el siglo XX. (Versión corregida. Septiembre 2011). Disponível em: [referência ao documento indexado].
AMERIO, Romano. Iota Unum: Estudio sobre las transformaciones en la Iglesia en el siglo XX. (Versión corregida. Septiembre 2011). Disponível em: [referência ao documento indexado].