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domingo, 17 de novembro de 2024

O naturalismo de Francisco o faz rejeitar a pena de morte em detrimento da justiça divina

No prefácio do livro "Un Cristiano nel Braccio della Morte" (Um Cristão no Corredor da Morte), de Dale S. Recinella, o Papa Francisco aborda a questão da pena de morte sob uma perspectiva que desafia a tradição doutrinária católica. Em sua abordagem, o Papa adota uma visão que pode ser descrita como alinhada a uma teologia naturalista, reinterpretando elementos centrais da doutrina, como o pecado original e suas consequências, incluindo a morte. Essa perspectiva tem gerado debates entre teólogos e estudiosos da moral cristã.

Teologia Naturalista e o Pecado Original
A posição de Francisco reflete uma tendência naturalista ao priorizar a dignidade humana como fundamento para a rejeição à pena de morte. Contudo, essa postura ignora aspectos tradicionais da doutrina católica que reconhecem a morte como consequência do pecado original e a justiça como atributo essencial de Deus. Na tradição, a morte e as punições temporais são entendidas como respostas divinas a um mundo caído, cuja ordem moral necessita de reparação.

A Justiça da Pena de Morte
A legitimidade da pena de morte, defendida tanto pela Bíblia quanto pela tradição católica, está fundamentada na proporcionalidade entre o crime e a punição. Gênesis 9:6 e Romanos 13:4, por exemplo, fornecem respaldo bíblico para a aplicação da pena capital, considerando-a justa em casos de crimes graves. A tradição também sustenta que essa punição é um instrumento legítimo da autoridade civil para a manutenção da ordem social.

Vingança e a Ordem Social
Francisco argumenta que a pena de morte alimenta um espírito de vingança na sociedade, mas essa visão é facilmente contestada. A punição, quando aplicada de maneira justa e proporcional, não deve ser confundida com um desejo pessoal de vingança, mas sim como uma expressão de justiça retributiva. Ademais, o conceito de "vingança justa" já foi amplamente defendido por teólogos, como Santo Tomás de Aquino, como uma virtude que visa restaurar a ordem moral.

Dignidade Humana e o Direito à Vida
Um ponto crucial no debate é a relação entre a pena de morte e a dignidade humana. Enquanto Francisco afirma que a pena capital viola a dignidade inerente à pessoa, a visão tradicional sustenta que, ao cometer um crime capital, o criminoso renuncia ao seu direito à vida. Assim, a aplicação da pena não desrespeita a dignidade humana, mas reafirma o valor da justiça.

Misericórdia Divina e Justiça
Outro aspecto controverso é a interpretação de Francisco sobre a misericórdia divina. Ao enfatizar o perdão em detrimento da punição, ele aparenta desconsiderar o equilíbrio entre misericórdia e justiça na doutrina cristã. Essa ênfase unilateral é vista por críticos como uma distorção teológica, aproximando-se de heresias que negam o papel punitivo de Deus. A tradição católica ensina que Deus é infinitamente misericordioso, mas também justo, punindo o mal para preservar a ordem universal.

A posição do Papa Francisco sobre a pena de morte reflete uma reinterpretação dos ensinamentos tradicionais da Igreja, em favor de uma perspectiva mais humanitária e universalista. No entanto, essa abordagem suscita importantes debates sobre a integridade doutrinária e a relação entre justiça e misericórdia no pensamento católico.

Fonte (1)