O Falso Ecumenismo de João Paulo II: Atos de um Pontificado Liberal


Os atos de falso ecumenismo que se seguiram ao Concílio Vaticano II não são eventos isolados, mas a aplicação lógica e trágica dos princípios liberais que infiltraram a Igreja. Tais atos representam a vitória da "Roma liberal" sobre a Roma de sempre, conduzindo a uma apostasia que ganha povos inteiros e chega à mais alta hierarquia (Lefebvre, 1991, p. 7). O liberalismo, em sua essência, é o ódio a toda ordem não estabelecida pelo homem e a proclamação dos direitos do homem em detrimento dos direitos de Deus (Lefebvre, 1991, p. 25). Cada um dos encontros a seguir demonstra a concretização desta "união adúltera entre a Igreja e os princípios da Revolução" (Lefebvre, 1991, p. 8).

✝️ 17 de novembro de 1980: Durante uma visita à Alemanha, João Paulo II foi a uma igreja luterana e declarou: “Venho até vocês sobre a herança espiritual de Martinho Lutero.” Ele expressou admiração pelo “profundo espírito religioso” de Lutero. Este gesto é a manifestação de um subjetivismo que ignora a realidade objetiva do erro. Lutero, ao introduzir o "livre exame" e afastar o magistério, emancipou o sujeito em relação ao objeto da fé (Lefebvre, 1991, p. 17). Elogiar seu "espírito religioso" é validar a rebelião protestante, que foi a causa e a primeira propagadora do naturalismo que viria a destruir a cristandade (Lefebvre, 1991, p. 10). É uma tentativa de reconciliar a verdade com o erro, o que é impossível.

🤝 25 de maio de 1982: Na Inglaterra, João Paulo II participou de um serviço religioso na Catedral de Canterbury, lado a lado com o arcebispo anglicano. Este ato coloca a sucessão apostólica e o sacerdócio válido no mesmo nível de uma heresia que os nega. Trata-se de uma aplicação prática do indiferentismo, que sustenta ser indiferente a prática de uma ou outra religião, erro condenado repetidamente pelos Papas (Lefebvre, 1991, p. 23).

⚖️ 25 de janeiro de 1983: João Paulo II promulgou o Novo Código de Direito Canônico, no qual é visivelmente omitida a sanção de excomunhão contra maçons e no qual é dada permissão, em certos casos, para permitir que “a Sagrada Comunhão” seja administrada a cismáticos e hereges sem seu retorno à Igreja Católica. A maçonaria, como denunciada por todos os papas desde Clemente XII, é a principal propagadora dos erros liberais e inimiga jurada da Igreja, conspirando para destruir as bases cristãs da sociedade (Lefebvre, 1991, p. 14). Omitir a excomunhão é um ato de capitulação, fruto da mentalidade católico-liberal que busca uma reconciliação com os inimigos de Cristo. A permissão da comunhão a não-católicos, por sua vez, destrói o significado do dogma "Fora da Igreja não há salvação" e reflete a falsa noção de que os homens podem encontrar o caminho da salvação em qualquer religião (Lefebvre, 1991, p. 23).

🙏 11 de dezembro de 1983: João Paulo II, acompanhado por vários cardeais, pregou no púlpito de uma igreja luterana em Roma, participou de um culto herético e recitou uma oração composta por Lutero. Anteriormente, ele havia declarado sua opinião de que o caso de Lutero deveria ser reaberto para que pudesse ser “considerado de uma forma mais objetiva”. Aqui, o catolicismo liberal se manifesta plenamente. Em vez de pregar a conversão ao único rebanho de Cristo, participa-se ativamente do erro, dando-lhe legitimidade. Este é o resultado direto do racionalismo que submete os dogmas da fé à "peneira da razão" e do diálogo, buscando uma verdade que evolui em vez de se submeter à Verdade revelada uma vez por todas (Lefebvre, 1991, p. 20).

✡️ 17 de abril de 1984: João Paulo II recebeu uma delegação da B'nai B'rith e convocou o público para uma “reunião de irmãos”. Esta aproximação ignora a realidade de que a Maçonaria, em todas as suas formas, trabalha para a secularização da sociedade e o destronamento de Nosso Senhor Jesus Cristo (Lefebvre, 1991, p. 14-15).

🌏 10 de maio de 1984: Na Tailândia, João Paulo II visitou o supremo patriarca budista Vasna Tara, que o recebeu sentado em seu trono, e diante de quem João Paulo II se curvou profundamente. Este ato de reverência a um representante de uma religião panteísta e ateia é um escândalo para a fé. Demonstra a perda do espírito missionário, que é uma consequência inevitável do liberalismo religioso (Lefebvre, 1991, p. 111). Em vez de proclamar Cristo como único Rei e Salvador, presta-se homenagem a um ídolo, efetivamente colocando Nosso Senhor no mesmo nível que as falsas divindades.

🕌 11 de dezembro de 1984: João Paulo II enviou um representante para lançar a pedra fundamental da maior mesquita da Europa, em Roma. Este ato valida publicamente uma religião que nega a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a expressão máxima do laicismo de Estado transferido para a prática da Igreja: um indiferentismo que concede igual proteção à verdade e ao erro, atraindo sobre si o mesmo juízo que o Cardeal Pie advertiu a Napoleão III (Lefebvre, 1991, p. 24).

🌳 8 de agosto de 1985: No Togo, na África, João Paulo II foi à “floresta sagrada”, onde participou de ritos animistas. Ele também participou de ritos pagãos em Kara e Togoville. A participação em ritos pagãos é uma violação direta do primeiro mandamento. É a consequência última da liberdade religiosa promovida pelo Vaticano II, que, em nome da dignidade humana, destrói os direitos de Deus e abre as portas para a adoração de falsos deuses, sob o pretexto de diálogo e inculturação.

🗣️ 9 de agosto de 1985: Em Casablanca, Marrocos, ao lado do Rei Hassan II “Comandante dos Crentes” e diante de uma multidão de 80.000 jovens muçulmanos, João Paulo II pregou “o diálogo com o islamismo” e afirmou “que todos nós temos o mesmo Deus”. Esta afirmação é um erro grave. O deus do Islã não é o Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. O liberalismo leva a este tipo de simplificação que esvazia a fé de seu conteúdo sobrenatural, reduzindo-a a um sentimento subjetivo que respeita todos os erros (Lefebvre, 1991, p. 5).

🕉️ 2 de fevereiro de 1986: Durante sua visita à Índia, como se podia ver na mídia e na televisão, João Paulo II recebeu das mãos de uma sacerdotisa hindu o sinal do Tilak. Menos divulgado foi outro ato positivamente mais grave; em 5 de fevereiro, em Madras, João Paulo II recebeu a imposição das “cinhas sagradas” das mãos de uma mulher. Aceitar estes sinais, que são marcas de adoração a divindades pagãs, é um ato de apostasia pública. É a aplicação do pluralismo de Jacques Maritain, que sonha com uma sociedade onde todas as crenças possam coexistir pacificamente, esquecendo que a verdade não pode coexistir com o erro sem ser corrompida (Lefebvre, 1991, p. 79).

🕎 13 de abril de 1986: João Paulo II foi a uma sinagoga judaica em Roma, onde foi recebido pelo rabino Elio Toaff para participar de um culto de oração ecumênico. Lá ele chamou os judeus “nossos irmãos mais velhos, nossos irmãos mais queridos”. Embora os judeus sejam nossos predecessores na Antiga Aliança, esta aliança foi superada e aperfeiçoada pela Nova e Eterna Aliança em Cristo. Este gesto sugere que a Antiga Aliança ainda é um caminho válido para a salvação, o que contradiz o ensinamento da Igreja e a própria missão de Nosso Senhor.

🕊️ 27 de outubro de 1986: João Paulo II convocou a reunião ecumênica “de oração” em Assis, na qual 150 religiões do mundo foram convidadas por ele a orar aos seus falsos deuses pela paz mundial. Este evento foi "a mais abominável manifestação do catolicismo liberal", a prova visível de que o Papa e aqueles que o aprovam têm uma "falsa noção da fé, noção modernista que vai balançar todo o edifício da Igreja" (Lefebvre, 1991, p. 5). Ao colocar todas as religiões lado a lado, como se todas pudessem invocar o verdadeiro Deus, destrona-se publicamente Nosso Senhor Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens.

Esses atos de falso ecumenismo, que são a aplicação prática da liberdade religiosa do Vaticano II, nos lembram as palavras do Papa Pio XI: “…favorecer esta opinião e encorajar tais empreendimentos equivale a abandonar a religião revelada por Deus” (Pio XI, 1928). É, em suma, a tragédia de um Concílio que, ao tentar reconciliar a Igreja com o liberalismo, abriu as portas para a apostasia (Lefebvre, 1991, p. 7).

📚Referências

LEFEBVRE, Marcel. Do liberalismo à apostasia: a tragédia conciliar. Rio de Janeiro: Permanência, 1991.
PIO XI. Carta Encíclica Mortalium Animos: sobre a promoção da verdadeira unidade de religião. Roma, 1928.