O Caminho Sinodal é uma série de reuniões envolvendo bispos, padres e leigos (pessoas comuns, não clérigos) para discutir como a Igreja pode se adaptar a uma sociedade cada vez mais secular. Na Alemanha, apenas 34% das pessoas acreditam na ressurreição de Jesus, um pilar do catolicismo. O processo foca em quatro temas: como o poder é dividido na Igreja, moral sexual, o papel das mulheres e a regra do celibato para padres. A ideia era encontrar formas de tornar a Igreja mais relevante, mas as propostas acabaram criando um problema maior.
Por exemplo, o Caminho Sinodal aprovou ideias como permitir bênçãos para casais do mesmo sexo, ordenar mulheres como sacerdotes e deixar leigos pregarem homilias (os sermões durante a Missa). Essas sugestões podem parecer inofensivas à primeira vista, mas, para a Igreja Católica, elas vão contra regras estabelecidas há séculos, baseadas na Bíblia, na Tradição e no que é chamado de Magistério — as decisões oficiais do Vaticano.
A Igreja Católica não é como um clube que pode mudar suas regras por votação. Ela acredita que suas doutrinas, como a de que apenas homens podem ser padres ou que a homilia é um papel exclusivo do clero, vêm de Deus e não podem ser alteradas. O Caminho Sinodal, porém, parece ignorar isso. Em 2023, o Cardeal Arthur Roche, responsável pelas regras da liturgia no Vaticano, disse que leigos pregando homilias ou conduzindo batismos viola o direito canônico, que é como a constituição da Igreja. Mesmo assim, os alemães aprovaram essas práticas, insistindo que elas aumentam a participação dos fiéis.
Pense nisso como um time de futebol decidindo que qualquer um pode ser goleiro, mesmo sem treinamento, ignorando as regras do esporte. O resultado é confusão. Na Igreja, essa confusão ameaça a unidade, porque o catolicismo depende de todos seguirem as mesmas crenças e práticas, guiadas pelo Vaticano.
Muitos teólogos e bispos alertam que o Caminho Sinodal está indo longe demais. Um artigo de 2023 descreveu o processo como um “abuso da fé católica”, argumentando que ele abandona a ideia de que os bispos têm autoridade especial, passada de geração em geração desde os apóstolos de Jesus. Outro texto sugeriu que essas mudanças podem levar a um cisma — uma divisão formal na Igreja, como quando os protestantes se separaram no século XVI. Até bispos alemães, como Ansgar Puff, de Colônia, expressaram preocupação com práticas como homilias leigas, enquanto outros defendem as reformas.
Um exemplo extremo aconteceu em 2024, quando um bispo e uma pessoa não binária fizeram uma homilia juntos. Para a Igreja, a homilia é um momento sagrado, reservado para ensinar a fé, não para promover ideias modernas que contradizem sua visão sobre a humanidade. Esses episódios mostram que o Caminho Sinodal está mais alinhado com valores seculares, como igualdade e diversidade, do que com a missão de preservar a fé católica.
Por que o Caminho Sinodal está tomando esse rumo? A Alemanha é um país onde a religião está perdendo força. A Igreja quer atrair as pessoas de volta, e alguns acreditam que adotar valores populares, como maior participação dos leigos ou aceitação de casais do mesmo sexo, é o caminho. Mas há um problema: a Igreja Católica não funciona como uma democracia. O Concílio Vaticano II, um grande encontro dos anos 1960, incentivou a participação dos fiéis, mas nunca disse que eles poderiam substituir a autoridade dos bispos ou do Papa.
É como tentar modernizar um museu trocando quadros antigos por pôsteres modernos. Você pode atrair um público novo, mas perde o que fazia o museu especial. Ao tentar “democratizar” a Igreja, o Caminho Sinodal arrisca diluir sua identidade, tornando-a mais parecida com igrejas protestantes, onde as regras são mais flexíveis.
As ações do Caminho Sinodal têm três consequências sérias. Primeiro, elas criam divisões dentro da Igreja alemã, com bispos e fiéis em lados opostos. Segundo, afastam católicos que querem uma Igreja fiel às suas raízes, o que pode explicar por que tantos estão saindo. Terceiro, ameaçam a unidade global da Igreja. A lição é simples: tentar agradar o mundo às custas da própria identidade raramente funciona. Para a Igreja, a escolha é clara — manter a fidelidade à sua missão ou arriscar a ruptura. O futuro do catolicismo na Alemanha, e talvez no mundo, depende dessa decisão.
É como tentar modernizar um museu trocando quadros antigos por pôsteres modernos. Você pode atrair um público novo, mas perde o que fazia o museu especial. Ao tentar “democratizar” a Igreja, o Caminho Sinodal arrisca diluir sua identidade, tornando-a mais parecida com igrejas protestantes, onde as regras são mais flexíveis.
As ações do Caminho Sinodal têm três consequências sérias. Primeiro, elas criam divisões dentro da Igreja alemã, com bispos e fiéis em lados opostos. Segundo, afastam católicos que querem uma Igreja fiel às suas raízes, o que pode explicar por que tantos estão saindo. Terceiro, ameaçam a unidade global da Igreja. A lição é simples: tentar agradar o mundo às custas da própria identidade raramente funciona. Para a Igreja, a escolha é clara — manter a fidelidade à sua missão ou arriscar a ruptura. O futuro do catolicismo na Alemanha, e talvez no mundo, depende dessa decisão.
Referências
Synodal Way. In: Wikipedia, the Free Encyclopedia. Última atualização em 25 de abril de 2025. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Synodal_Way. Acessado em 10 de maio de 2025.
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CNA Staff. German Synodal Way Approves Same-Sex Blessings, Lay Preaching, and Reexamination of Priestly Celibacy. Catholic News Agency, 10 de março de 2023. Disponível em: https://www.catholicnewsagency.com/news/253842/german-synodal-way-approves-same-sex-blessings-lay-preaching-and-reexamination-of-priestly-celibacy. Acessado em 10 de maio de 2025.
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