🤔 A Tese é Sedevacantismo?
O sedevacantismo é a crença de que a Sé Papal está vacante. Os Totalistas acreditam que a Sé está vacante desde a morte do Papa Pio XII em 1958, enquanto a Tese argumenta que a eleição de Jorge Mario Bergoglio (Papa Francisco) foi válida, mas ele não aceitou propriamente sua eleição. A Tese de Cassiciacum é uma posição teológica dentro do sedevacantismo, desenvolvida pelo teólogo francês Dom Michel Guérard des Lauriers, a quem é dedicada a obra Obra de Mãos Humanas como autor da Intervenção Ottaviani (Cekada, 2010, p. 3). O nome "Cassiciacum" refere-se à cidade de Cassiciacum (atualmente Cassago Brianza, na Itália), onde Santo Agostinho se retirou para estudar e escrever após sua conversão ao cristianismo. A Tese de Cassiciacum propõe que os papas pós-Vaticano II foram eleitos validamente, mas não aceitaram propriamente sua eleição ao papado devido à sua adesão ao modernismo, uma heresia condenada pela Igreja Católica. Essa adesão ao modernismo manifesta-se, sobretudo, na promulgação e defesa da Missa de Paulo VI, um rito que representa uma ruptura doutrinária e uma "destruição da doutrina católica" (Cekada, 2010, p. 478). Portanto, segundo essa tese, esses papas são "papas materialiter" (materialmente papas) mas não "papas formaliter" (formalmente papas), o que significa que eles ocupam a posição papal, mas não exercem a autoridade papal legítima.
⛪ Onde está a Hierarquia hoje?
A Tese defende que a hierarquia apostólica continua com os bispos modernistas de forma material, enquanto os Totalistas acreditam que a verdadeira hierarquia está com os bispos tradicionalistas que possuem ordens válidas e a fé católica. Sob a perspectiva totalista, a hierarquia modernista, ao abraçar e impor um novo rito, demonstrou uma intenção contrária ao bem da Igreja, efetivamente se separando dela. A própria legislação litúrgica pós-conciliar, ao promover uma desregulamentação sistemática, quebrou a unidade da oração oficial da Igreja e permitiu a proliferação de erros doutrinários (Cekada, 2010, p. 483-484).
🌍 Onde está a Igreja Católica?
A Tese vê a igreja de Bergoglio como a verdadeira Igreja Católica em sua estrutura material, enquanto os Totalistas a consideram uma nova igreja herética, separada da verdadeira Igreja de Cristo. A posição totalista se fundamenta no princípio de que a identidade da Igreja Católica se manifesta em sua doutrina, disciplina e, crucialmente, em seu culto. A introdução da Missa de Paulo VI, com sua teologia da assembleia e seu esvaziamento do conceito de sacrifício propiciatório, representa a criação de um rito essencialmente novo e não católico, tornando a entidade que o promove uma nova religião (Cekada, 2010, p. 479).
👨⚖️ Bergoglio é elegível ao Papado?
A Tese argumenta que Bergoglio poderia ser validamente eleito Papa, mas os Totalistas afirmam que, por ser herege, ele é inelegível para o papado. A perspectiva totalista é reforçada pelo fato de que a heresia pública de um candidato não se limita a declarações verbais, mas se manifesta em atos públicos. Ao celebrar e impor a Missa de Paulo VI, um rito que, em si, representa "uma ruptura com a tradição" (Cekada, 2010, p. 471) e promove uma fé diferente, um candidato ao papado demonstra uma pertinácia na heresia que o torna, por lei divina, incapaz de receber a autoridade papal.
✝️ De onde sairá o Papa, então?
Três teorias são sugeridas para a restauração do papado: intervenção divina direta, um Concílio Geral imperfeito, ou a conversão de Bergoglio à verdadeira Fé. Os Totalistas confiam na intervenção divina. Para que a "conversão" de um papa materialiter fosse teologicamente significativa, ela exigiria não apenas uma abjuração pessoal de erros, mas a abolição completa da reforma litúrgica. Seria necessário condenar a Missa de Paulo VI e restaurar a Missa Tridentina, pois o novo rito é o principal veículo pelo qual a apostasia modernista foi imposta à Igreja. A simples aceitação do rito tradicional não seria suficiente; o novo rito teria de ser repudiado como delenda est — "deve ser destruído" (Cekada, 2010, p. 492).
🏁 Conclusão
O autor conclui que a Tese de Cassiciacum, embora tenha sido uma explicação aceitável no passado, é obsoleta nos dias de hoje. Ele defende que a igreja de Bergoglio não tem nada a ver com a verdadeira Igreja de Cristo. Essa conclusão se alinha com a análise de que a Missa de Paulo VI não é meramente uma versão inferior do rito tradicional, mas algo fundamentalmente diferente, construído sobre uma teologia protestante e modernista. A entidade que universalmente promove tal rito, portanto, não pode ser a mesma Igreja Católica que o condenaria.
📚 Referências
Cekada, A. (2010). Obra de Mãos Humanas: Uma crítica teológica à Missa de Paulo VI. Philothea Press.
Lehtoranta, V. Totalism vs. the Cassiciacum Thesis. St. Joseph Seminary.
📚 Sobre o autor
O Rev. Vili Lehtoranta é um sacerdote católico tradicionalista e sedevacantista. Ele nasceu em 1978 em Turku, Finlândia, e foi batizado na religião luterana. Após concluir a faculdade, ele se converteu ao catolicismo e se tornou membro da paróquia católica local. Em 2001, começou seus estudos na faculdade de teologia da Universidade de Helsinque. Em 2006, decidiu deixar sua paróquia local ao descobrir que a hierarquia católica local não era a verdadeira Igreja Católica, conforme ele acreditava.
Lehtoranta foi influenciado pelos escritos do Pe. Anthony Cekada e, após visitar a Igreja Católica Romana de Santa Gertrudes, em West Chester, Ohio, e o Seminário da Santíssima Trindade, em Brooksville, Flórida, fez sua abjuração de erros e recebeu o batismo condicional. Ele se formou como Mestre em Teologia (História da Igreja) pela Universidade de Helsinque em 2007 e, em setembro do mesmo ano, iniciou seus estudos para o sacerdócio no Seminário da Santíssima Trindade. Foi ordenado sacerdote em 16 de novembro de 2011 pelo Bispo Daniel Dolan na Igreja de Santa Gertrudes.
Lehtoranta é autor de vários livros, incluindo "The Nail of Jahel" e "The Cold Heart: Stories and Fairy Tales with Morals for Children and Young People". Ele também é conhecido por sua defesa da Missa Tradicional em Latim e por rejeitar os ensinamentos do Concílio Vaticano II, especialmente os de ecumenismo e liberdade religiosa.