Enviada ao Papa Paulo VI, a carta foi escrita para expressar preocupações sérias quanto a ruptura significativa com a Missa Tridentina, que havia sido a norma litúrgica por séculos. Eles destacam a importância da continuidade litúrgica como um meio de preservar a fé e a identidade católica.
A carta critica o Novus Ordo por sua ambiguidade em relação à doutrina da transubstanciação, a crença na transformação do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo. Expressam preocupação de que a nova liturgia possa ser interpretada de maneira a minimizar a presença real de Cristo na Eucaristia, aproximando-se de uma visão protestante.
O Novus Ordo é criticado por enfatizar a “ceia do Senhor” como um banquete comunitário, em detrimento do caráter sacrificial da Missa. A Missa deve ser vista principalmente como um sacrifício propiciatório, em linha com a teologia católica tradicional.
A carta expressa preocupação de que as mudanças litúrgicas possam causar confusão entre os fiéis e enfraquecer sua fé. Os cardeais temem que muitos católicos possam não reconhecer mais a Missa como a mesma celebração que conheciam, levando a uma alienação da prática litúrgica.
Os cardeais criticam o processo de implementação do Novus Ordo, argumentando que ele foi feito de maneira apressada e sem a devida consulta aos bispos e teólogos.
Eles solicitam um retorno à Missa Tridentina ou, pelo menos, uma revisão do Novus Ordo para alinhar-se mais estreitamente com a tradição litúrgica da Igreja.
Biografias
Alfredo Ottaviani nasceu em Roma no dia 29 de outubro de 1890 e faleceu em 3 de agosto de 1979. Ele foi um cardeal italiano da Igreja Católica, nomeado pelo Papa Pio XII em 1953. Ottaviani teve uma carreira significativa na Cúria Romana, onde atuou como secretário do Santo Ofício de 1959 a 1966. Após a reorganização desse dicastério, ele se tornou pró-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que ocupou até 1968.
Ottaviani estudou no Pontifício Seminário Romano e no Pontifício Ateneu Romano S. Apolinário, obtendo doutorados em filosofia, teologia e direito canônico. Ele foi ordenado sacerdote em 18 de março de 1916. Durante sua vida eclesiástica, destacou-se como uma figura conservadora proeminente durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), onde se opôs a várias reformas propostas.
Ele era conhecido por suas opiniões firmes sobre a liturgia e a relação entre Igreja e Estado, defendendo uma visão tradicionalista da doutrina católica. Sua influência foi notável nas discussões sobre liberdade religiosa e as fontes da Revelação Divina.
Antonio Bacci nasceu em Giugnola, perto de Florença, no dia 4 de setembro de 1885 e faleceu em 20 de janeiro de 1971. Ele também foi um cardeal italiano da Igreja Católica Romana, servindo como Secretário de Briefs para Príncipes entre 1931 e 1960 antes de ser elevado ao cardinalato pelo Papa João XXIII.
Bacci teve um papel importante na elaboração dos documentos do Vaticano durante os papados de Pio XI, Pio XII e João XXIII. Ele era um especialista em latim e participou do Concílio Vaticano II entre 1962 e 1965. Juntamente com Alfredo Ottaviani, ele ficou conhecido pela “Intervenção Ottaviani”, uma carta enviada ao Papa Paulo VI que criticava a nova Ordem da Missa proposta pela revisão do Missal Romano.
Bacci era um defensor fervoroso da liturgia tradicional e expressou preocupações sobre as mudanças que estavam sendo implementadas na Igreja durante o período pós-conciliar.