- São Camilo de Lellis, nascido em 1550 na Itália, viveu inicialmente uma vida marcada por impulsos mundanos, incluindo o vício do jogo e a carreira militar.
- Convertido após uma experiência espiritual profunda, dedicou-se ao cuidado dos enfermos, fundando a Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos).
- Sua espiritualidade centrava-se no serviço aos doentes como um reflexo do amor de Cristo, tratando-os como se fossem o próprio Senhor.
- Sua obra enfatiza a caridade prática, a paciência e a entrega total aos necessitados, inspirando uma visão de santidade vivida no serviço humilde.
Maiórem hac dilectiónem nemo habet, ut ánimam suam ponat quis pro amícis suis... Ninguém mostra maior amor do que o que dá sua vida por seus amigos. Sl. Feliz do que tem piedade do necessitado e do pobre; no dia da desgraça o Senhor o libertará. ℣. Glória ao Pai…
Epístola (I Jo 3, 13-18)
Caríssimos: Não vos admireis, se o mundo vos odeia. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os nossos irmãos. Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é homicida. E bem sabeis que nenhum homicida- tem permanente em si a vida eterna. Nisto conhecemos o Amor de Deus: em ter Ele dado a sua vida por nós; e assim também devemos nós dar a vida por nossos irmãos. Se alguém possuí bens neste mundo, e, vendo o seu irmão passar necessidade, lhe fecha o coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos somente em palavras, nem de língua, mas por ações e em verdade.
Gradual (Sl 36, 30 e 31 | Sl 111, 1)
A boca do Justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. ℣. A lei de seu Deus está em seu coração e os seus passos não resvalarão.Aleluia, aleluia. ℣. Bem-aventurado o homem que teme o Senhor e se alegra em cumprir os seus mandamentos. Aleluia.
Evangelho (Jo 15, 12-16)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado. Ninguém pode ter maior amor que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Chamo-vos meus amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai, vo-lo tenho feito conhecer. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi a vós e fiz com que, indo-vos, désseis fruto, e o vosso fruto permanecesse, a fim de que tudo o que em meu Nome pedirdes a meu Pai, Ele vo-lo conceda.
Reflexões
- O amor ordenado a Deus exige que se sacrifique até o próprio interesse pela salvação do próximo, pois a verdadeira caridade não busca o próprio proveito, mas a glória divina manifestada nos irmãos (Santo Agostinho, Sermões sobre a Primeira Carta de João, 10).
- A eleição divina para o serviço, como a dos apóstolos, não é mérito próprio, mas graça que exige resposta fiel, para que o fruto do chamado permaneça na eternidade (Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de João, 15).
- A caridade que se entrega aos outros, especialmente aos sofredores, é a medida da verdadeira amizade com Cristo, pois nela se cumpre o mandamento de amar como Ele amou (Santo Gregório Magno, Homilias sobre o Evangelho, 27).
- O Evangelho de Mateus (25, 31-46) complementa João 15, 12-16 ao explicitar que o amor ao próximo, especialmente aos necessitados, é um serviço direto a Cristo, identificado nos enfermos e marginalizados, um tema central na vida de São Camilo.
- Em Lucas (10, 25-37), a parábola do Bom Samaritano reforça a ideia de que o amor cristão ultrapassa barreiras sociais, exigindo ação concreta e compassiva, como Camilo demonstrou ao cuidar dos doentes sem distinção.
- Marcos (10, 42-45) destaca que a liderança no Reino de Deus é servidora, um princípio que ecoa na escolha de Camilo de se humilhar no serviço aos enfermos, refletindo a amizade com Cristo descrita em João.
- Em 1 Coríntios 13, 4-7, Paulo descreve a caridade como paciente e desinteressada, complementando a ideia de amor sacrificial em 1 João 3, 13-18, e reforçando a prática de Camilo, que via nos enfermos uma oportunidade de viver a caridade sem esperar recompensa.
- Em Gálatas 6, 2, a exortação para carregar os fardos uns dos outros amplia a visão de 1 João, destacando a comunhão fraterna como expressão prática do amor, um pilar da espiritualidade camiliana.
- Filipenses 2, 5-8 enfatiza a humildade de Cristo, que se fez servo, oferecendo um modelo para a entrega total de Camilo, que via no serviço aos doentes uma imitação direta do abaixamento de Jesus.
- O Concílio de Trento (Sessão VI, Decreto sobre a Justificação, cap. 7) ensina que a caridade é a forma de todas as virtudes, unindo o homem a Deus, um princípio que ilumina o chamado de Camilo a viver a caridade como caminho de santificação no serviço aos enfermos.
- A encíclica Rerum Novarum (1891) de Leão XIII, ao abordar a dignidade do trabalho humano, complementa a visão de João 15, 12-16, destacando que o serviço aos mais pobres, como o de Camilo, restaura a dignidade dos marginalizados.
- O Catecismo Romano (1566, Parte III, cap. 5) sublinha que o mandamento do amor é cumprido na prática da misericórdia corporal, como o cuidado aos doentes, ecoando a missão de Camilo como expressão concreta do Evangelho.