18 JULHO - S. CAMILO DE LELLIS, Confessor


  1. São Camilo de Lellis, nascido em 1550 na Itália, viveu inicialmente uma vida marcada por impulsos mundanos, incluindo o vício do jogo e a carreira militar. 
  2. Convertido após uma experiência espiritual profunda, dedicou-se ao cuidado dos enfermos, fundando a Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos). 
  3. Sua espiritualidade centrava-se no serviço aos doentes como um reflexo do amor de Cristo, tratando-os como se fossem o próprio Senhor. 
  4. Sua obra enfatiza a caridade prática, a paciência e a entrega total aos necessitados, inspirando uma visão de santidade vivida no serviço humilde.
Introito (Jo 15, 13 | Sl 40, 2)
Maiórem hac dilectiónem nemo habet, ut ánimam suam ponat quis pro amícis suis... Ninguém mostra maior amor do que o que dá sua vida por seus amigos. Sl. Feliz do que tem piedade do necessitado e do pobre; no dia da desgraça o Senhor o libertará. ℣. Glória ao Pai…

Epístola (I Jo 3, 13-18)
Caríssimos: Não vos admireis, se o mundo vos odeia. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os nossos irmãos. Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é homicida. E bem sabeis que nenhum homicida- tem permanente em si a vida eterna. Nisto conhecemos o Amor de Deus: em ter Ele dado a sua vida por nós; e assim também devemos nós dar a vida por nossos irmãos. Se alguém possuí bens neste mundo, e, vendo o seu irmão passar necessidade, lhe fecha o coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos somente em palavras, nem de língua, mas por ações e em verdade.

Gradual (Sl 36, 30 e 31 | Sl 111, 1)
A boca do Justo fala a sabedoria e a sua língua profere a equidade. ℣. A lei de seu Deus está em seu coração e os seus passos não resvalarão.Aleluia, aleluia. ℣. Bem-aventurado o homem que teme o Senhor e se alegra em cumprir os seus mandamentos. Aleluia.

Evangelho (Jo 15, 12-16)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado. Ninguém pode ter maior amor que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Chamo-vos meus amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai, vo-lo tenho feito conhecer. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi a vós e fiz com que, indo-vos, désseis fruto, e o vosso fruto permanecesse, a fim de que tudo o que em meu Nome pedirdes a meu Pai, Ele vo-lo conceda.

Reflexões
  1. O amor ordenado a Deus exige que se sacrifique até o próprio interesse pela salvação do próximo, pois a verdadeira caridade não busca o próprio proveito, mas a glória divina manifestada nos irmãos (Santo Agostinho, Sermões sobre a Primeira Carta de João, 10).
  2. A eleição divina para o serviço, como a dos apóstolos, não é mérito próprio, mas graça que exige resposta fiel, para que o fruto do chamado permaneça na eternidade (Santo Ambrósio, Comentário ao Evangelho de João, 15).
  3. A caridade que se entrega aos outros, especialmente aos sofredores, é a medida da verdadeira amizade com Cristo, pois nela se cumpre o mandamento de amar como Ele amou (Santo Gregório Magno, Homilias sobre o Evangelho, 27).
  4. O Evangelho de Mateus (25, 31-46) complementa João 15, 12-16 ao explicitar que o amor ao próximo, especialmente aos necessitados, é um serviço direto a Cristo, identificado nos enfermos e marginalizados, um tema central na vida de São Camilo.
  5. Em Lucas (10, 25-37), a parábola do Bom Samaritano reforça a ideia de que o amor cristão ultrapassa barreiras sociais, exigindo ação concreta e compassiva, como Camilo demonstrou ao cuidar dos doentes sem distinção.
  6. Marcos (10, 42-45) destaca que a liderança no Reino de Deus é servidora, um princípio que ecoa na escolha de Camilo de se humilhar no serviço aos enfermos, refletindo a amizade com Cristo descrita em João.
  7. Em 1 Coríntios 13, 4-7, Paulo descreve a caridade como paciente e desinteressada, complementando a ideia de amor sacrificial em 1 João 3, 13-18, e reforçando a prática de Camilo, que via nos enfermos uma oportunidade de viver a caridade sem esperar recompensa.
  8. Em Gálatas 6, 2, a exortação para carregar os fardos uns dos outros amplia a visão de 1 João, destacando a comunhão fraterna como expressão prática do amor, um pilar da espiritualidade camiliana.
  9. Filipenses 2, 5-8 enfatiza a humildade de Cristo, que se fez servo, oferecendo um modelo para a entrega total de Camilo, que via no serviço aos doentes uma imitação direta do abaixamento de Jesus.
  10. O Concílio de Trento (Sessão VI, Decreto sobre a Justificação, cap. 7) ensina que a caridade é a forma de todas as virtudes, unindo o homem a Deus, um princípio que ilumina o chamado de Camilo a viver a caridade como caminho de santificação no serviço aos enfermos.
  11. A encíclica Rerum Novarum (1891) de Leão XIII, ao abordar a dignidade do trabalho humano, complementa a visão de João 15, 12-16, destacando que o serviço aos mais pobres, como o de Camilo, restaura a dignidade dos marginalizados.
  12. O Catecismo Romano (1566, Parte III, cap. 5) sublinha que o mandamento do amor é cumprido na prática da misericórdia corporal, como o cuidado aos doentes, ecoando a missão de Camilo como expressão concreta do Evangelho.