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sábado, 2 de novembro de 2024

Cancelamento dos valores ocidentais cristãos - Wokismo cultural e relativismo moral

A cultura woke caracteriza-se por uma ideologia que busca a desconstrução e a purificação da sociedade ao apagar memórias históricas e redefinir valores culturais e linguísticos, especialmente os associados às tradições ocidentais e cristãs. Centralizada na ideia de “cancelamento” do passado, essa cultura propõe uma revisão da história e uma expiação dos crimes percebidos do Ocidente, enquanto considera o passado como uma tabula rasa que deve ser recriada para alcançar uma utopia social. Expressa nas tensões internas do progressismo, essa abordagem se manifesta em debates sobre justiça racial e social, redefinindo instituições, linguagem, e até a identidade humana, que seria moldada como “matéria-prima” para atender a novos ideais. A ideologia woke, portanto, rejeita o legado cultural ocidental e busca transformá-lo radicalmente, sendo, nesse contexto, descrita como uma antítese da tradição ocidental (1)

Uma nova sociedade:
Questiona organizações tradicionais visando criar uma nova ordem social
Busca desconstruir estruturas sociais existentes propondo mudanças radicais
Foca em debates sobre justiça racial, através do progressismo
Tem como objetivo "purificar" a sociedade, para alcançar uma utopia social
As organizações e valores religiosos são questionados ou desconsiderados

Uma nova cultura:
Centraliza-se na ideia de "cancelar" o passado
Busca uma expiação dos "crimes" do Ocidente
Rejeita o legado cultural ocidental
Posiciona-se como antítese da tradição ocidental
Eliminar memórias históricas propondo uma revisão completa da história
Trata o passado como uma "tabula rasa"
Busca redefinir valores culturais tradicionais
Busca redefinir padrões de linguagem, questionando terminologias tradicionais
Questiona especialmente valores ocidentais e cristãos

Um novo indivíduo:
Trata a identidade humana como "matéria-prima"
Propõe nova moldagem das identidades
Busca adequar identidades a novos ideais
Busca construir um ser humano fluído e ambíguo
Abraça um transumanismo tecnológico, a-religioso e materialista

Fazendo uma conexão da cultura woke com o relativismo discutido por Roberto de Mattei em "A Ditadura do Relativismo", as duas ideias se cruzam em um ponto central: ambas questionam a base moral e os valores tradicionais do Ocidente, ainda que de formas distintas. O relativismo de Mattei aponta para uma sociedade em que os valores fixos e universais são substituídos por uma visão mutável e subjetiva da moralidade, onde não há padrões absolutos e cada pessoa ou grupo define a sua própria versão do que é correto. Esse processo, segundo Mattei, gera uma "ditadura" em que as tradições e as normas perdem o sentido, e a vida é orientada pelo prazer individual e por uma moralidade fluida​.

A cultura woke, por sua vez, emerge como uma extensão prática dessa visão relativista, ao propor uma releitura histórica que, em muitos casos, visa desconstruir os valores e as referências culturais do Ocidente, em nome de uma correção social e racial. Com uma postura que procura eliminar ou reescrever símbolos, tradições e linguagens que são percebidos como heranças opressivas, o "wokismo" exemplifica o que Mattei vê como o apogeu da negação de um passado que contenha valores universais ou absolutos. Assim, o "cancelamento" de elementos culturais e históricos se alinha à crítica de Mattei, que vê no relativismo um movimento de "apagar a memória" e diluir a identidade ocidental, especialmente cristã, deixando o campo livre para ideologias que, segundo ele, são destrutivas e autossabotadoras para o próprio tecido social do Ocidente. Em suma, o wokismo e o relativismo convergem na visão de um Ocidente que abandona seus fundamentos tradicionais, sendo o primeiro uma manifestação moderna e intensificada do relativismo cultural que Mattei identifica como raiz da crise moral contemporânea (2)