O Jubileu, também chamado de Ano Santo, é um evento tradicional da Igreja Católica, realizado a cada 25 anos, que inclui celebrações, peregrinações, indulgências e reflexões espirituais. Para 2025, sob o tema "Peregrinos da Esperança", o Papa Francisco busca dar ao evento a sua costumeira abordagem inclusiva.
Como parte das celebrações do Jubileu, foi aprovado um evento especial voltado para a comunidade LGBTQ+, que incluirá uma peregrinação simbólica passando pela Porta Santa da Basílica de São Pedro, um gesto altamente controverso.
Essa aprovação contou com o apoio do Cardeal Matteo Zuppi, uma figura influente no pontificado de Francisco, frequentemente mencionado como um possível sucessor do Papa. Zuppi é conhecido por sua postura pastoral de diálogo.
Ao contrário, os setores conservadores da igreja têm reagido com preocupação, considerando a medida como um afastamento dos ensinamentos tradicionais sobre moralidade sexual. Essa inclusão pode gerar confusão sobre a posição da Igreja em questões éticas fundamentais.
O Cardeal Matteo Maria Zuppi
O Cardeal Matteo Maria Zuppi
É uma figura central na Igreja Católica contemporânea e é frequentemente citado como um dos possíveis sucessores de Francisco devido ao seu papel ativo na Igreja. Ele desempenhou um papel significativo nas negociações de paz em Moçambique, que resultaram no Acordo de Paz de 1992, encerrando uma guerra civil que durou 15 anos.
Em 2012, foi nomeado bispo auxiliar de Roma. Sua atuação pastoral, especialmente entre os pobres e marginalizados. Em 2015, o Papa Francisco o nomeou Arcebispo de Bolonha, uma das dioceses mais importantes da Itália. Zuppi foi criado cardeal em outubro de 2019 por Francisco, consolidando seu papel como um dos principais líderes da Igreja Católica. Zuppi foi designado por Francisco como mediador para a guerra na Ucrânia.
A proximidade de Zuppi com o Papa Francisco e seu alinhamento com os valores centrais deste pontificado – como sinodalidade, acolhimento e diálogo inter-religioso – o posicionam como um forte candidato para a sucessão no papado.
Suas posições, frequentemente alinhadas com as diretrizes progressistas do Papa Francisco, atraem tanto apoio quanto oposição, especialmente de alas mais conservadoras da Igreja.
Zuppi é criticado por suas iniciativas de diálogo e acolhimento com a comunidade LGBTQ+. Embora ele não tenha defendido mudanças formais na doutrina da Igreja sobre questões de sexualidade, suas ações, como apoiar eventos LGBTQ+ no contexto do Jubileu de 2025, são vistas por alguns como um enfraquecimento da posição moral tradicional da Igreja.
Como um dos cardeais mais próximos de Francisco, Zuppi é frequentemente identificado como representante da ala progressista da Igreja. Essa associação o coloca no centro do debate entre conservadores e progressistas, sendo acusado de apoiar uma agenda que desvia-se dos ensinamentos tradicionais. Zuppi é visto como parte de um movimento que prioriza a adaptação cultural às custas da integridade doutrinal.
Alguns críticos consideram a postura de Zuppi ambígua em relação a questões doutrinárias fundamentais. Eles argumentam que ele muitas vezes evita posicionamentos claros sobre temas polêmicos, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o papel das mulheres na Igreja, para evitar confrontos diretos. Essa ambiguidade pode ser interpretada como uma tentativa de agradar a ambos os lados, mas também pode gerar desconfiança entre os fiéis que buscam clareza e orientação.
Cargos e Funções de Matteo Zuppi no Vaticano
Desde maio de 2022, Zuppi é o presidente da CEI, nomeado pelo Papa Francisco. Esse cargo é de grande relevância, pois coloca Zuppi como uma das vozes mais influentes da Igreja na Itália e um articulador direto entre o episcopado italiano e o Vaticano. Como presidente da CEI, Zuppi trabalha diretamente com o Vaticano em projetos relacionados à sinodalidade, migrantes, juventude e inclusão social.
O Papa Francisco designou Zuppi como enviado especial para mediar esforços de paz na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Zuppi tem sido frequentemente envolvido em eventos importantes, como o Sínodo sobre a Sinodalidade, onde contribui para discussões sobre o futuro da Igreja Católica. Embora ele não ocupe cargos formais no Dicastério para a Doutrina da Fé ou outros organismos vaticanos, sua influência e proximidade com Francisco dão a ele um papel quase informal de conselheiro em questões pastorais e de governança.